Setembro Verde: Doação de órgãos aumenta em MS e bate recorde de transplantes no Brasil

Foto: Divulgação
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“Doar é dar vida a outras pessoas, isso é o importante”, destacam pacientes que venceram a fila de espera

Neste mês, quando é realizada a campanha ‘Setembro Verde’, cujo objetivo é conscientizar a doação de órgãos, dados do Ministério da Saúde revelam aumento e avanços significativos de transplantes no Brasil e em Mato Grosso do Sul. No Estado, nos primeiros 6 meses, foram realizados 152 transplantes, o número ultrapassa 2023, que registrou 113. Ainda, Campo Grande foi destaque por realizar o primeiro transplante de fígado de MS. Já a estatística nacional bate recorde, com 14.352 mil transplantes realizados no primeiro semestre de 2024, apresentando um aumento significativo em relação ao ano passado, quando foram registrados 13,9 mil durante o mesmo período. Ao Jornal O Estado, transplantados compartilham suas histórias e celebram a vida após cirurgia.

Córneas e rins foram os destaques de doações em Mato Grosso do Sul. Os transplantes de rim subiram de 14 para 20, enquanto os de córnea aumentaram de 97 para 128. Dados revelam um aumento de 3,2% em relação a 2023. Outro destaque regional é o primeiro transplante de fígado realizado em Mato Grosso do Sul. A cirurgia aconteceu na Capital, em julho deste ano, no HAP (Hospital Adventista do Pênfigo). O paciente foi um senhor de 60 anos, João Marcos, natural de Ponta Porã, que fazia acompanhamento no Hospital Adventista do Pênfigo há mais de um ano por diagnóstico de cirrose, decorrente de outra doença sofrida ainda na adolescência. Após 2 meses de um pós-operatório tranquilo, para João Marcos é uma vitória para MS e Capital realizar o transplante de fígado no Estado. “Me sinto feliz por Campo Grande conseguir essa vitória, porque imagine o transtorno que dá para ir para outros lugares. Eu sou de Ponta Porã, era para ser atendido em Sorocaba, e fui feliz de ser atendido por uma equipe de anjos que caíram na minha vida em Campo Grande”, disse.

Antes, para realizar o transplante, os pacientes aguardavam ser chamados em uma lista de São Paulo para serem transplantados na cidade de Sorocaba, município a 800 quilômetros da Capital. Na época, com uma fila de 30 pacientes aguardando, após João Marcos, outros transplantes de fígado foram realizados em Campo Grande. Esse é o caso do microempreendedor Donizete José dos Santos, que aguardou na fila de espera por três meses; em agosto, a cirurgia foi realizada com sucesso. Donizete, contente com a recuperação, agradece por realizar a cirurgia na Capital. “Realizar o transplante perto de casa é muito melhor, é perto da família e mais seguro. Também é mais econômico, apesar do governo ajudar quando o transplante é realizado em outro lugar, ainda sim gera gastos”, relata o microempreendedor.

Lista de espera e busca por doadores

Segundo dados da CET/MS (Central Estadual de Transplantes), na Capital, em dias atuais, 415 pessoas estão na fila por um transplante de córnea, 207 pessoas na fila de transplante de rim e 14 para fígado. Em 2024, foram realizados 166 transplantes de córnea, 23 de rim, 3 de fígado, 6 de ossos e 4 de medula óssea autogênico. Para a coordenadora da Central, Claire Miozzo, apesar de celebrar os avanços de doações, reitera que a busca por doadores ainda é o objetivo e um dos maiores desafios da Central. “Para vários pacientes, é uma grande conquista nós conseguirmos fazer os transplantes aqui no nosso Estado. Mas, um dos maiores desafios é nós conseguirmos aumentar o número de atuadores, porque nós temos hospitais, temos equipes capacitadas, hospitais equipados para realizar transplante, mas nós precisamos aumentar o número de doadores. Esse é um dos motivos de toda essa campanha do Setembro Verde que está sendo realizada no país inteiro e nós aqui no Estado também estamos realizando a nossa campanha”, afirma.

O autônomo João Martins Diniz, 63, ficou na fila de espera durante 8 meses, logo após ser diagnosticado com cirrose grave, proveniente de uma alimentação subnutrida. João, contente, está em pós-operatório há 10 dias e ressalta a importância da doação. “As pessoas acham que doar é retirar uma parte daquele ente querido, mas, na verdade, ela está salvando vidas. O familiar deveria ficar muito feliz em doar o órgão, doar é dar vida a outras pessoas, isso que é o importante”, destaca.

No Estado, Campo Grande realiza transplante de rim, de tecido músculo-esquelético (que inclui medula óssea) e fígado, enquanto as córneas são transplantadas tanto na Capital quanto em Dourados. A CET/MS (Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso do Sul) realiza neste domingo (15), a 1ª caminhada “Passos pela Vida – Juntos pela Doação de Órgãos e Córneas”, evento que marca as comemorações da campanha ‘Setembro Verde’, mês dedicado à conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos.

Dados nacionais e avanços

Em todo o país, rins, fígado, coração, pâncreas e pulmão são os órgãos mais doados. Em 2023, foram realizados 6.208 transplantes de rim; 2146 de fígado; 430 de coração; 26 de pâncreas; 81 de pulmão. Em comparação com 2022, o único órgão que apresentou uma queda foi a doação de pulmão.

Para facilitar a doação de órgãos, a SNT (Sistema Nacional de Transplantes) se tornou parceira da CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do Cartório Notarial do Brasil. A iniciativa permite autorização para doação por meio de uma plataforma eletrônica, a www.aedo.org.br, que registra a manifestação nos cartórios nacionais.

Por Ana Cavalcante

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