Parceria com a UFMS pretende garantir um estudo técnico contra erosão na área
Nos últimos dias, a cidade de Campo Grande tem enfrentado sérios impactos devido às chuvas intensas. A prefeita Adriane Lopes, em entrevista ao jornal O Estado, explicou que a cidade foi pega de surpresa por um volume de chuva superior a 70 milímetros em poucas horas. Segundo ela, o Lago do Amor, que já havia sido revitalizado há cerca de dois anos, voltou a sofrer danos. “Em duas horas, choveu mais do que nos últimos 15 dias. Foram mais de 70 milímetros. O lago, que já passou por uma revitalização, sofreu um novo impacto devido à força das águas, que ultrapassaram o limite da pista, causando destruição na estrutura da passarela”, afirmou.

“O lago tinha 119 hectares no passado e hoje tem apenas 70. A diminuição da área disponível para a água agrava a situação”, Adriane Lopes, prefeita de Campo Grande – Foto: Nilson Figueiredo
A prefeita detalhou ainda os desafios ambientais do lago, que perdeu grande parte de sua superfície original devido ao assoreamento. “O lago tinha 119 hectares no passado e hoje tem apenas 70. A diminuição da área disponível para a água agrava a situação, pois a água não tem mais espaço para se expandir como antes. Estamos enfrentando uma questão ambiental muito séria, e até 2033, o lago pode desaparecer”, alertou Adriane Lopes. Ela destacou que o governo está em diálogo com a Universidade Federal e o Ministério Público para buscar soluções para o assoreamento e a preservação do lago.
Enxurrada invadiu casas no Centenário e famílias perderam até os móveis dos quartos – Fotos: Nilson Figueiredo
Em relação aos outros pontos críticos da cidade, a prefeita mencionou que a intensificação das chuvas tem gerado desafios em vários bairros. “Nós temos 36 córregos que permeiam a cidade, o que dificulta o escoamento da água, especialmente com a intensificação das chuvas. A equipe da Defesa Civil e da Secretaria de Obras está monitorando a situação, mas sabemos que não podemos controlar o tempo. As mudanças climáticas estão afetando a cidade de maneira preocupante.”

“Precisamos buscar alternativas para evitar que se repita e também temos que respeitar as questões ambientais”, Marcelo Miglioli, titular da Sisep – Foto: Nilson Figueiredo
Marcelo Miglioli, Secretário Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, comentou sobre os danos específicos no Lago do Amor. “Vamos atuar na reconstrução do aterro e na análise de uma solução a longo prazo. Precisamos buscar alternativas para evitar que isso se repita, mas também temos que respeitar as questões ambientais que envolvem a região”, explicou o secretário. Ele também falou sobre a situação em outros bairros onde o sistema de drenagem existente não comporta mais o volume de água devido ao aumento da impermeabilização do solo.
Chuva é pesadelo constante
Moradores de várias áreas afetadas também relataram os prejuízos causados pelas chuvas. Elza Miranda, servidora pública aposentada, comentou sobre os danos próximos ao Lago do Amor. “Aqui sempre ando para caminhar, mas a água tomou tudo. A obra que foi feita parecia boa, mas a força da chuva foi tão grande que levou a terra e destruiu a passarela”, lamentou.
No Bairro Centenário, onde muitos moradores enfrentam problemas recorrentes com alagamentos, o senhor Natalício Riquelme, de 65 anos, afirmou: “Toda chuva é a mesma coisa. A rua fica impossível de andar, e a pavimentação nunca sai. Já estou há 20 anos esperando por melhorias.”
Outro morador, Cezar Augusto, que mora ao lado do Rancho do Tio Léo, relatou os danos em sua residência e o medo de ter danos mais que materiais na próxima vez que chover. “A água entrou em casa, e com a força da chuva, o esgoto ficou entupido. A árvore ao lado da minha casa também está inclinada, e estou preocupado com a possibilidade dela cair”, contou, mostrando sua preocupação com a segurança da sua família.
Shirley Soares, moradora do bairro no Aero Rancho, falou sobre a situação em sua casa. “A água subiu até dois palmos do muro. Nunca vi uma chuva tão forte aqui. E a rua, ficou igual a um rio. A prefeitura precisa urgentemente fazer algo para evitar esses alagamentos constantes”, disse.
Além disso, Gislaine, moradora do bairro Centenário, relatou com tristeza os danos causados em sua casa: “A água entrou na minha casa, e todos os meus móveis foram danificados. Eu perdi todas as coisas novinhas do quarto dos meus filhos, e agora não sei como vou recomeçar. O bairro inteiro foi afetado, e a situação está realmente difícil. A chuva foi tão forte que nem conseguimos salvar o que tinha dentro de casa”, lamentou.
Previsão do tempo
Com relação às chuvas, a previsão do tempo é de que o clima se estabilize nos próximos dias. O volume de chuva registrado em Campo Grande superou as expectativas. “Nos primeiros 15 dias de março, a cidade registrou 73,4 milímetros de chuva, praticamente a mesma quantidade que caiu ontem, dia 19, com 71,4 mm. Para março, a previsão era de 149 milímetros, e já estamos muito próximos desse volume, com chuvas ainda fortes para o final do mês”, informou o Cemtec/MS.
Agora, com a previsão de tempo firme, a cidade de Campo Grande inicia o período de reconstrução e limpeza, enquanto a população aguarda soluções definitivas para os problemas causados pela chuva e pela falta de infraestrutura em várias regiões da Capital.
Por Suelen Morales
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