Artigo: Uso excessivo do celular na infância

Patrícia Mendes Vieira
Foto: Arquivo Pessoal

Assim como a Geração Z (nascidos entre meados dos anos 1990 a 2010), a atual geração, chamada de Alpha, já nasceu imersa na tecnologia. Isso significa que as crianças e adolescentes de hoje são marcados pela Era da Internet, e que suas atividades se estabelecem muito facilmente no ambiente digital. Por isso é tão comum acreditar que uma criança no celular durante a maior parte do tempo seja algo natural e desconsiderar os perigos que isso pode trazer.

Afinal, todo o domínio que elas têm sobre a tecnologia faz com que se preocupem menos com as relações interpessoais. Da mesma forma, seus meios de diversão também passam a ser digitais, como jogos online, vídeos nas redes sociais e tudo que envolva tecnologia.

Diante desse cenário, que é tão diferente da realidade infantil vivida nas décadas anteriores, pais e mães, ao passo que encaram esse novo tempo com certa naturalidade, também se questionam sobre as consequências de ter uma criança no celular, tablet, computador… Ou seja, as telas predominam no dia a dia das crianças.

Problemas associados à saúde mental 

Um ponto bem importante – e preocupante – é o quanto a saúde mental da criança que passa muito tempo no celular é afetada. Afinal, todo o mecanismo do sistema de recompensa cerebral é acionado quando os pequenos se expõem excessivamente a conteúdos que trazem gratificações (pontos em jogos, likes em redes sociais etc).

Como consequência, as funções cognitivas, que ainda estão em formação, são expostas e podem ser danificadas, fazendo com que a criança perca o controle dos impulsos e a inibição, por exemplo.

Portanto, cuidar para que a criança no celular não exponha demais a essa dinâmica é fundamental para preservar sua saúde mental e seu desenvolvimento cognitivo.

Perigos do uso excessivo do celular

É certo que a tecnologia traz muitos benefícios para a vida de todos, inclusive das crianças. Seja com novas ferramentas de aprendizado ou mesmo para o entretenimento. Contudo, o uso excessivo de dispositivos móveis também traz prejuízos.

Como exemplo, podemos citar a mudança na dinâmica familiar. Se décadas atrás todos se sentavam juntos à mesa para o jantar no fim do dia, hoje cada um fica com seu celular, comendo em frente à TV ou no quarto mexendo no computador.

Dessa forma vai se criando um distanciamento entre pais e filhos, e o diálogo, tão importante para cultivar os valores e sentimentos, dá lugar a um tipo de individualismo e, consequentemente, solidão.

Além de questões familiares, o uso excessivo do celular afeta os pequenos em outras áreas e questões, como as seguintes:

Qualidade do sono 

Um estudo publicado em 2018 pela revista “The Lancet Child & Adolescent Health” mostrou que o excesso de tempo de exposição às telas está associado a uma piora na duração e na qualidade do sono de adolescentes e crianças.

Isso ocorre porque a luz das telas acaba estimulando o cérebro, e por isso há uma recomendação, que vale também para os adultos, de que haja um limite de até duas horas antes de dormir para utilizar aparelhos como celular, tablet, televisores e laptops.

Depressão

Criança no celular pode desenvolver depressão. Estudos feitos por especialistas apontam que a exposição às telas por mais de duas horas diárias pode causar mudanças de humor repentinas e trazer sintomas de depressão e ansiedade.

Os padrões estabelecidos nas redes sociais, que mostram uma felicidade permanente, que é irreal, corpos e modelos perfeitos, além do chamado cyberbullying, acabam gerando sentimentos de frustração, tristeza e solidão.

Obesidade

O desenvolvimento da obesidade está associado à diminuição da atividade física que comentamos anteriormente. O tema já foi estudado pela Associação Americana do Coração (AHA) em 2018. A pesquisa aponta que o uso exagerado de aparelhos eletrônicos leva as crianças ao sedentarismo.

Enfim, existem muitas possibilidades que podem tirar a atenção da criança no celular para outros modos de aprender e se divertir, seja em família ou com amigos. Os passeios ao livre, jogar bola, andar de bicicleta… Ter tempo de qualidade para além das telas e da internet irá contribuir muito com o crescimento do seu filho ou filha.

Por Patrícia Mendes Vieira, Professora de artes visuais, pós-graduada em educação especial, pós graduada em gestão e coordenação.

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