Com 12 anos de carreira, o humorista uberabense Victor Ahmar acumula passagens pelo programa de comédia brasileiro ‘A Culpa é do Cabral’, como roteirista, o projeto ‘Jokes’, ao lado de nomes como Thiago Ventura, Santiago Mello, Léo Ferreira e Lucas Mendes, e trilha o caminho da comédia ‘non-sense’ no Brasil. Nos dias 25, 26 e 27 de outubro, o humorista pisa em terras pantaneiras para o espetáculo ‘(Fazendo o que eu sempre quis) Pra ver se cês gosta’.
Pela primeira vez em sua carreira, o comediante e roteirista em cartaz com um espetáculo de comédia fora do padrão do usual do stand-up comedy e parte para uma apresentação solo com várias camadas de diferentes tipos de comédia.
“No contexto dessa peça, Victor está cansado depois de 12 anos de carreira e, segundo sua avó, ainda atrasa os boletos todo mês. Victor decide comprar uma inteligência artificial chamada Cômica, a primeira IA especialista em comédia, para conduzir e apresentar o show junto com ele, ditando tudo que o rapaz deve apresentar e performar, com o objetivo de que até o final da apresentação, o público passe a valorizá-lo e ele finalmente se torne um humorista de sucesso, mas será que ele estará pronto para esse desafio?”, diz a sinopse do espetáculo.
O show ‘(Fazendo o que eu sempre quis) Pra ver se cês gosta’ é descrito como interativo, ousado e crítico ao próprio meio da comédia e ao público. “É um show para quem gosta e quem diz que não gosta de shows de comédia, é um convite ao público tirar uma hora para rir e experimentar algo novo, uma experiência única.
Em conversa com o jornal O Estado, Victor Ahmar compartilha que a criação do show surgiu de da vontade de se mostrar além do Stand-up comedy.
“Queria mostrar a minha versatilidade, mostrar o que sei e posso fazer, sem me rotular a um só jeito de fazer comédia. E eu queria muito mostrar isso para o público, e foi aí que surgiu esse show. Além disso, eu também sinto que uma quantidade muito grande de pessoas fazendo comédia hoje, nas redes sociais e por aí vai, em algum lugar cai em algo repetitivo, e queria oferecer algo que não fosse essa repetição que a gente já está acostumado a ver por aí”.
IA e críticas
Um dos personagens do espetáculo é a ‘Cômica’, a inteligência artificial que é ‘contratada’ para dirigir o show. A inclusão da personagem é um dos elementos de destaque, e, segundo Victor, é baseada na própria atualidade, aonde a IA está cada vez mais presente na nossa vida.
“Parece que o futuro chegou e a gente tá nele. E eu acho que, assim, a cômica também serve como uma metáfora. Porque a ideia dela no show é que ela é uma voz como a voz do algoritmo das redes sociais. Então é uma busca infinita do artista de se adaptar a uma máquina, aprovar o que ele faz para que o público, através dessa máquina, goste do trabalho dele. A ideia da cômica vem disso”, explica.
Outro ponto de destaque é a crítica que o humorista faz, tanto a comédia em si quanto ao próprio público. Para Victor, o desafio é manter o tom de crítica e humor ao mesmo tempo, sem afastar o público, mostrando para seus espectadores que é possível sair da zona de conforto, não se contentar em apenas fazer, e sim estar em busca de aperfeiçoamento.
“Eu acho que a gente, primeiramente, nunca deve ser confortável. Na minha visão, quem trabalha artisticamente nunca deve estar numa zona de conforto, de achar que já sabe o que faz, já tá bom o que faz. Acho que tem muita coisa na comédia stand-up que pode melhorar. Em termos de qualidade técnica, em termos de material, em termos de discurso, do que está sendo dito para o público. É claro que, em momento nenhum, a ideia é que seja algo chato. Tudo isso é revestido com humor, dentro do que falo e faço no show. Tem que ter graça, é um show de comédia, as mensagens ficam subliminares. Não quero que seja uma bronca”, argumenta.
‘Non-sense’
O humor nonsense é um estilo de humor que se baseia em coisas absurdas, sem sentido ou lógica. A palavra “nonsense” é inglesa e significa “sem sentido”, “contrassenso” ou “absurdo”. O humor nonsense pode aparecer em diversas artes, como no cinema, e pode refletir as angústias do mundo contemporâneo.
Victor é um dos representantes desse tipo de humor no país. Segundo ele, é preciso ter cuidado ao fazer um espetáculo voltado a comédia sem sentido, pois é algo que o público precisa entender.
“Você brincar com algo que não é tão mastigado para o público. Mas eu me preocupo com o público dar risada sempre, então eu não vou tão longe do meu non-sense. O meu non-sense, ele vai muito para um lugar de quebra de expectativa. Tem que ser engraçado, o público tem que rir, o público tem que se divertir e nunca sair dali constrangido. Uma dose de constrangimento pode ser muito engraçada, mas para mim tem que ser um tempero… tipo aquele tempero forte que você não pode errar a mão. Para mim é isso, é uma pitadinha disso no show que tudo dá certo”.
Redes sociais x palco
Com as redes sociais como Instagram e, principalmente, o tik tok, sendo palco para o surgimento de diversas vertentes de comédia e de humoristas, Victor destaca que elas são uma boa oportunidade de lançamento de novos talentos, mas é preciso saber diferenciar o humor feito nas redes e no palco.
“Acho que as redes sociais, elas são muito legais porque elas dão oportunidade para muitas pessoas se lançarem e descobrirem públicos que queiram ouvir o que elas têm para dizer. Então eu acho que a rede social é muito importante por tornar acessível à comunicação”.
Entretanto, o humorista critica o tempo limitado das redes, e o padrão de humor que às vezes precisa ser seguido.
“Por outro lado, eu sinto que como as redes sociais funcionam hoje, elas meio que estão matando a sua possibilidade de identidade como artista. A partir do momento que eu sou obrigado a fazer conteúdo de 30 segundos, de 40 segundos, a partir do momento que eu tenho que ficar num padrão de formato, eu viro refém de uma máquina, de uma coisa invisível que vai escolher se o que eu estou falando merece ser dito ou não”.
Ele ainda propõe, para quem for ao seu show, que é uma oportunidade de fazer algo diferente, de largar do celular e dividir uma hora do seu dia e dividir com alguém. “É uma hora que eu prometo que você não vai ficar parado o tempo inteiro, que você não vai em momento nenhum se sentir entediado, é um show frenético, super dinâmico e que você nem pisca, é um show muito rápido, de números muito rápidos e é a melhor coisa que eu já fiz na minha opinião, então quero dividir a oportunidade do público para poder dividir essa experiência comigo”, finaliza.
Serviço
O show ‘(Fazendo o que eu sempre quis) Pra ver se cês gosta’ será apresentado em três municípios de Mato Grosso do Sul, confira:
DOURADOS
25 de outubro – 20h, com abertura às 19h
Endereço: Rua Mato Grosso, 1595 – Centro.
Ingressos no link: https://www.sympla.com.br/evento/victor-ahmar-fazendo-o-que-eu-sempre-quis-pra-ver-se-ces-gosta/2625471?referrer=linktr.ee
AQUIDAUANA
26 de Outubro – 20 h (Abertura dos portões: 19 h)
Anfiteatro Dóris Mendes Trindade – UFMS Campus I
Endereço: Praça Ns Conceição, 163 – Centro
Ingresso no link: https://www.sympla.com.br/evento/victor-ahmar-fazendo-o-que-eu-sempre-quis-pra-ver-se-ces-gosta/2625424?referrer=linktr.ee
CAMPO GRANDE
27 de Outubro – 20 h (Abertura dos portões: 19 h)
Vera’s Bar
Endereço: Av. Bom Pastor, 154 – Vilas Boas
Ingressos no link: https://www.sympla.com.br/evento/victor-ahmar-fazendo-o-que-eu-sempre-quis-pra-ver-se-ces-gosta/2625394?referrer=linktr.ee
Por Carolina Rampi
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