‘Silvio’: Cinebiografia misturada com ficção traz as telas episódio criminoso contra família Abravanel

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Um sequestro pode ser um dos momentos mais aterrorizantes na vida de uma pessoa. Agora imagine isso acontecer duas vezes em um único dia. O fato aconteceu com a família Abravanel, de um dos comunicadores mais importantes do Brasil, Silvio Santos, e será retratado na obra cinematográfica ‘Silvio’, que estreia nesta quinta-feira (12) nos cinemas do país.

Baseado em fatos reais, o longa revive o episódio de terror vivido por Silvio e sua família em 2001, horas após ter sua filha Patrícia, resgatada, enfrentando o mesmo sequestrador, dessa vez dentro da própria casa. Enquanto o filme aborda o sequestro da família Abravanel, ele costura fatos da vida do próprio apresentador, desde sua infância como camelô, até se tornar o maior ícone da televisão brasileira.

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Com direção de Marcelo Antunez, (‘Policia Federal: a lei é para todos’), roteiro de Newton Cannito e Anderson Almeida, o longa traz Rodrigo Faro como o protagonista, após 15 anos longe da atuação. Também integram no elenco Paulo Gorgulho, como Coronel Haroldo, Poliana Aleixo interpretando Patrícia Abravanel, Marjorie Gerardi como Cidinha, a primeira esposa de Silvio e Johnnas Oliva como Fernando, um dos sequestradores.

Para a revista ‘Quem’, o produtor Roberto D’Ávila explica que a escolha de retratar os episódios de sequestro foi feita por acreditarem que representa melhor quem foi Silvio Santos.
“O que isso diz para gente do Silvio Santos? Mostra como, numa situação limite, ele conseguiu conquistar a confiança dessa pessoa [Fernando] para que deixasse que a vítima negociasse em seu nome. A gente acha que esse é o episódio revelador da personalidade de quem é essa pessoa [Silvio Santos]”, explicou.

Os crimes

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O filme traz uma carga emocional ainda maior, devido à morte do apresentador, em 17 de agosto de 2024, quase um mês antes da estreia do longa. Além disso, o recorte temporal sobre o sequestro de Patrícia e da família Abravanel também chama a atenção do público. Patricia, com 23 anos na época, ficou durante uma semana em posse de uma quadrilha. Após Silvio pagar R$ 500 mil pelo resgate, dois sequestradores foram presos em menos de 24 horas. Porém, Fernando Dutra, de 22 anos, e a então namorada, conseguiram fugir com o dinheiro após uma troca de tiros com a polícia. Patrícia e Silvio protagonizaram uma entrevista na sacada da casa do apresentador, em Morumbi, onde Patrícia foi até acusada de sofrer de Síndrome de Estocolmo por perdoar os sequestradores.

Entretanto, em uma reviravolta surpreendente, digna de filme mesmo, a família Abravanel passou por mais um terror: Fernando invade a casa de Silvio, e faz ele, a então esposa Íris Abravanel e as filhas como reféns. A partir dai o apresentador passa por oito horas de tensão na presença do sequestrador.

Escondida

Ao reviver as memórias do apresentador, um ponto discutido da vida de Senor Abravanel é seu primeiro casamento, com Maria Aparecida, a Cidinha, que morreu de câncer em 1977. No início da carreira, ele escondeu o casamento da mídia, para passar uma imagem de ‘galã’ para o público feminino. A atitude fez que Cíntia Abravanel, filha do casal, tivesse uma relação conturbada com o pai e com as meias irmãs. O longa ainda mostrará a morte de Cidinha, que estava internada no hospital, e como Cíntia, implora para o pai voltar para a casa, já que estava fora a negócios. Quando ele chega, já é tarde demais.

Ele comentou sobre o assunto pela primeira vez em um programa no SBT, dizendo como esse era um dos maiores arrependimentos dele.

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“Quando eu me lembro da minha primeira mulher, que morreu, e quando eu dizia que era solteiro. Eu escondia as minhas filhas para poder ser o galã, o herói. Quando falo com a minha consciência, acho que é uma das coisas imperdoáveis que fiz diante da minha imaturidade. Cidinha morreu, e minhas filhas foram discutidas. Questionavam se eu era casado, se elas eram realmente minhas filhas. Hoje, vejo as besteiras que fiz. Quando vejo alguém fazendo o mesmo que eu fazia, olho e penso: ‘como esse homem é infeliz’”, declarou.

Em 1969, para o jornalista e amigo Décio Piccinini, Abravanel havia comentado o porquê de esconder o relacionamento. “As moças acham detestável aplaudir, gritar, chorar, pular, festejar alguém que pertence a outra. Isso toca no amor-próprio da mulher. Acham ridículo e até humilhante bater palmas para um homem que vai chegar em casa e vai beijar e abraçar outra”. Um ano após a morte de Cidinha, ele se casa de novo com Íris.

Recepção

Mesmo que o filme traga a história do sequestro de Patrícia e Silvio, a obra não está indo tão bem nas críticas. César Soto, para o G1, opina que a escalação de Faro para viver o apresentador não dá o fôlego necessário para a história, além de uma maquiagem muito duvidosa e menciona o furo de roteiro ao não retirarem o nascimento da emissora SBT, criada por Silvio.

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“Rodrigo Faro nunca convence como o protagonista – e a maquiagem usada para deixá-lo mais velho, com limites claros entre as próteses e o rosto original, serve apenas para distrair o público das atuações engessadas. No fim, quem acha que pelo menos vai sair do filme sabendo mais sobre a vida de Silvio há de se decepcionar. Todos os grandes acontecimentos da maior figura da televisão brasileira são citados quase de passagem, sem qualquer peso ou consequência”, pontou.

Para o jornalista e autor do livro ‘Topa tudo por dinheiro’, Mauricio Stycer, o filme retira um pouco a visão de herói e mito que perpetua em torno de Silvio, principalmente ao mostrar a situação com a primeira esposa.

“O primeiro casamento […] é evocado inúmeras vezes no filme, a sinalizar que o herói é humano, falível, capaz de provocar dor aos seus mais próximos”, destacou. Entretanto, a obra peca na falha temporal. “Outra característica que chama atenção em ‘Silvio’ é a despreocupação com o rigor histórico. São muitas pontas soltas, saltos cronológicos e omissões significativas do ponto de vista biográfico”, ressaltou.

O filme estreia nesta quinta-feira (12), em todos os cinemas.

 

Por Carolina Rampi

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