O meu, o seu e o nosso Moinho Cultural

Foto: divulgação
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Documentário nacional traz episódio sobre Márcia Rolon fundadora da instituição

 

A arte une tudo”; é assim que a ex-bailarina sul-mato-grossense Márcia Rolon descreve seu ímpeto para começar a criação do Instituto Moinho Cultural, uma das instituições socioeducativas mais importantes do Estado, durante sua participação na série documental “Meu, seu, nosso”, que mostra o olhar e o relato de pessoas que transformaram vidas ao criarem projetos sociais de grande impacto nas suas comunidades.

O documentário lança luz na história de sete personagens de vários locais do Brasil, e convida especialistas de diferentes áreas para refletir sobre o que move as pessoas a doarem seu tempo e sua vida a quem precisa. Rolon representa o Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul e suas fronteiras ao mostrar um pouco do gigante Moinho Cultural, durante seu episódio especial.

A série foi idealizada pela família Abílio Diniz, criada por Marcos Prado, que também assina a direção-geral e divide a direção dos episódios com João Jardim, com produção da Zazen Produções e de Ana Maria Diniz. O episódio onde Márcia Rolon é protagonista será lançado nesta semana, na plataforma de streaming Aquarius.

O jornal O Estado teve acesso exclusivo ao episódio, que mostra um pouco sobre a família da fundadora, seu interesse desde o berço na arte e como, ao morar na fronteira, viu ali uma lacuna entre Brasil e Bolívia, que poderia ser preenchida por meio da arte.

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“Não adianta você dar cesta básica, é preciso dar brilho no olho daquela pessoa”, diz Marcia, logo no início. Ao relembrar seu começo na dança, a vida familiar ao lado dos pais, e o primeiro casamento cercado de reviravoltas, não há como não se emocionar com Márcia.

Após uma temporada fora do Estado e até do país, para se especializar em sua dança, Márcia volta a Corumbá e reencontra Angelo Rabelo. Ali, começa a parceria quedaria origem ao Moinho Cultural. De 2000 a 2007, os dois criaram em Corumbá a Mostra de Dança, evento que trouxe artistas de todo o mundo para apresentações gratuitas na Praça Generoso Ponce. Mas, apenas apresentações não bastaram para uma população carente de cultura, que demandou para Márcia a criação de uma academia de dança, onde as crianças da região pudessem aprender e estar no palco.

“Eu percebi que nenhum projeto daqui do Brasil falava de duas coisas que o nosso projeto tinha em sua gênese: música e dança juntos, o sonho de ter uma orquestra e uma companhia de dança. E ninguém falava de fronteira”, relembrou Márcia durante o documentário.

O Moinho

O projeto iniciou suas atividades atendendo inicialmente 180 crianças em risco social, no Moinho-Corumbaense, antiga fábrica da área portuária de Corumbá, que estava sendo revitalizada na época.

A instituição funciona com um ensino durante oito anos: nos três primeiros, o participante passa por diversas linguagens artísticas, como dança e música, e até tecnologia. Após isso, ele escolhe onde irá se especializar para continuar aprendendo durante os cinco anos restantes.

De forma emocionante, o documentário ainda traz depoimentos das bailarinas Maria Eduarda Toledo, Aline Espirito Santo e Núbia dos Santos. E, de forma emocionante, Marcia relata seus ganhos, dores e frustrações, até mesmo em relação às políticas públicas que cercam a história do Moinho.

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Em julho deste ano, a instituição foi declarada como Pontão Cultural de Mato Grosso do Sul, pelo Ministério da Cultura. A iniciativa faz parte do Plano Nacional de Cultura Viva e a instituição já era um dos pontos de cultura espalhados pelo país desde 2004. Agora, o Moinho Cultural, sob a vertente “Unindo Pontos”, atuará em parceria com o Grupo Vozes Especiais, Sociedade Comunitária Gibiteca, Fundação Nelito Câmara, Circo do Mato e Grupo TEZ.

“O Moinho Cultural alcançou um marco significativo ao se tornar o primeiro Pontão de Cultura de Mato Grosso do Sul. Temos desempenhado um papel fundamental na difusão de expressões artísticas e no incentivo à formação cultural e, agora, como Pontão de Cultura, vamos poder incentivar outras instituições a fazerem o mesmo”, afirmou a fundadora. Há 20 anos, o Instituto Moinho Cultural Sul Americano transforma vidas. Nesse período, mais de 23 mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco social foram beneficiadas diretamente com atividades oferecidas diariamente em período contraturno da Escola Regular e 60 mil indiretamente. Durante todos esses anos, foram realizados mais de 58 mil atendimentos assistenciais. São ofertadas aulas de balé e música clássica, dança contemporânea, informática, apoio escolar, Grupo de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, entre outras. O Moinho também beneficia crianças e jovensd o município de Ladário e das cidades bolivianas Puerto Suarez e Puerto Quijarro, possibilitando um importante intercâmbio cultural.

A série

Marcia Rolon, ex-bailarina de Mato Grosso do Sul; Neide Suruí, indigenista de Rondônia; Bismarck Araújo, fotógrafo do interior da Bahia; Lemaestro, rapper e skatista da Zona Leste paulista; Ana Paula Mucunã, líder em um assentamento no Rio Grande do Norte, Vera Cordeiro, médica no Rio de Janeiro, e o chef David Hertz, também do Rio, são os protagonistas de cada episódio.

Convidado por Ana Maria Diniz para dar vida ao projeto, o premiado fotógrafo, diretor e produtor Marcos Prado –que, entre outros filmes, assinou a direção de Estamira (2004), Paraísos Artificiais (2012) e Macabro (2020) e a produção de Os Carvoeiros (1999), Ônibus 174 (2002), Tropa de Elite (2007) e Tropa de Elite 2 (2010)– optou pelo formato de série e convidou o diretor João Jardim para dividir a direção dos episódios.

“Ao mesmo tempo em que fomos atrás desses personagens, a gente achou importante levantar essa discussão sobre o que faz o ser humano ter empatia, se preocupar com o outro, se isso é inato ou não. E, por outro lado, tentar entender por que ainda não existe uma cultura de filantropia consolidada no país, que é apenas o 89º no ranking mundial”, finaliza Marcos.

 

Por Carolina Rampi

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