O Corvo estreia hoje nos cinemas do Brasil

O Corvo Remake 2024 - Foto: divulgação
O Corvo Remake 2024 - Foto: divulgação

À sombra do clássico de 1994, o remake tem gerado divisões de opinião entre críticos e fãs quanto à preservação ao impacto do legado original

 

O remake de ‘O Corvo (The Crow)’ está prestes a estrear nas telonas brasileiras, oferecendo uma nova perspectiva sobre a icônica história de vingança e redenção que encantou o público em 1994 com Brandon Lee. A nova adaptação, baseada na clássica HQ de James O’Barr, chega aos cinemas hoje. O filme promete uma mistura intensa de ação, fantasia e suspense, com um elenco de peso e uma trilha sonora impactante.

O protagonista Eric Draven, interpretado por Bill Skarsgård, e Shelly Webster, vivida por FKA Twigs, são apresentados como almas gêmeas ligadas por um passado sombrio. Após o brutal assassinato do casal, Eric recebe a oportunidade de reverter a tragédia e salvar o amor de sua vida. Sua jornada é marcada por uma busca implacável por vingança, onde ele atravessa os limites entre o mundo dos vivos e dos mortos, lutando para corrigir erros e fazer justiça com suas próprias mãos. O filme é classificado como 18 anos e contém conteúdo sexual, drogas e violência extrema.

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O roteiro é assinado por Zach Bayli e Rupert Sanders é o diretor do remake e comentou sobre o encanto do protagonista: “Acho que o encanto do protagonista é que ele tem uma beleza perturbadora e, à medida que se transforma através de sua perda, se torna algo que nem ele consegue controlar”, disse Sanders em uma nota enviada ao Viagem em Pauta.

A trilha sonora do filme possui contribuições de Post Malone, Ozzy Osbourne e Travis Scott, que prometem intensificar a atmosfera sombria do remake. O elenco também conta com Danny Huston, conhecido por seu trabalho em O Convent, Jordan Bolger de A Mulher Rei, Laura Birn de Caçada Mortal, e David Bowles, que atuou em As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian.

Legado

Lançado em maio de 1994 e estrelado por Brandon Lee, o filme é um marco cult, amado por muitos. A adaptação de James O’Barr, que nasceu de uma tragédia pessoal do autor, mergulha na estética gótica dos anos 80 e 90, influenciada pela subcultura da época. O’Barr criou a obra inspirado pelo luto pela perda de sua noiva, que foi vítima de um motorista bêbado. Essa dor e frustração transbordaram em uma história de vingança que capturou a imaginação do público e gerou um filme que, apesar de não ter sido um grande sucesso na época, se tornou em clássico.

A interpretação de Brandon Lee no papel de Eric Draven foi amplamente elogiada pela crítica, sendo considerada uma das mais icônicas da sua carreira.

Pórem, o filme ficou profundamente marcada pela morte de Brandon durante as filmagens. Filho do icônico Bruce Lee, Brandon estava em ascensão como uma nova estrela do cinema de ação quando faleceu devido a um acidente no set. Durante as filmagens, uma arma carregada com munição real, em vez de ser equipada com munição falsa, disparou contra o ator, resultando em sua morte.

Devido à tragédia, a cena crucial precisou ser reescrita. No novo roteiro, o flashback envolvendo Eric Draven foi alterado: em vez de receber um tiro, o personagem é esfaqueado, a fim de evitar qualquer referência ao acidente que resultou na morte de Brandon Lee. Nos créditos finais do filme, os produtores prestaram uma homenagem a Brandon Lee e sua noiva exibindo a frase “Para Brandon e Eliza”.

Recepção negativa

O trailer do aguardado remake foi lançado em março deste ano, e as reações não foram exatamente calorosas. Com uma enxurrada de críticas, o trailer já acumula cerca de 60 mil dislikes, superando em muito a quantidade de likes. Esse panorama desfavorável levanta questões sobre o sucesso do filme, com fãs do clássico original questionando se a nova versão corresponderá às suas expectativas.

Em entrevista ao Comic Book, Ernie Hudson, que interpretou o Sargento Albrecht e foi um aliado crucial de Eric Draven no filme de 1994, revelou que optou por não assistir ao trailer do remake. Hudson expressou sua relutância em se envolver com o novo projeto, argumentando que Eric Draven é indissociável do legado de Brandon Lee.

“Eu respeito o ator que está assumindo o papel principal, mas para mim, O Corvo é Brandon Lee. O Corvo é uma história com muitas versões, e espero que eles sigam um caminho diferente, criando algo novo ao invés de tentar refazer o que já foi feito. Eu não assisti ao trailer nem aos outros filmes, devido ao que aconteceu com Brandon”, afirmou Hudson.

Alex Proyas, diretor da primeira adaptação, expressou suas opiniões sobre a nova versão do filme em uma postagem no Facebook. Proyas incentivou os fãs a assistir ao novo filme se estiverem empolgados, destacando que ninguém deve ter sua alegria prejudicada. Ele ressaltou que, especialmente em tempos difíceis, todos precisam aproveitar ao máximo as oportunidades de diversão.

“Me dói dizer mais alguma coisa sobre este assunto, mas acho que a resposta dos fãs fala muito. O Corvo não é apenas um filme.Brandon Lee morreu fazendo isso, sendo finalizado como uma prova de seu brilho perdido e sua perda trágica. É o seu legado. É assim que deveria permanecer” comentou o diretor em seu Facebook.

Fãs

Enquanto aguardamos a estreia, a discussão sobre o filme continua. Os fãs estão divididos e as opiniões sobre o trailer são amplamente variáveis. Muitos fãs aguardam saber se o remake conseguirá capturar a essência do original e superar as expectativas que vêm com a herança do clássico de 1994.

Vitória Santos, estudante e entusiasta do filme de 1994, expressa grande entusiasmo pelo remake e está ansiosa para ver Bill Skarsgård em ação.

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“Estou contando os dias para ver o Bill no papel de Eric. Minhas expectativas estão altíssimas, pois admiro muito o trabalho dele; é um ator excepcional. Eu realmente gostei do trailer. Pode não ser igual ao filme antigo, mas é uma nova perspectiva sobre a mesma história, como muitos outros filmes fazem. Agora, é só esperar para ver como tudo vai se desenrolar”, destacou.

Daniel Rockenbach, jornalista, conheceu O Corvo primeiro pelo filme e só depois leu a HQ e assistiu à exibição no Cine Campo Grande, em 1994. Antes da internet se popularizar, ele se informava sobre adaptações de quadrinhos através da revista Herói.

Embora soubesse que o filme era baseado em uma HQ, Daniel não teve acesso ao material original na época. O que o surpreendeu foi como o filme capturou uma estética gótica que estava em sintonia com o movimento cultural predominante, especialmente na música. Anos depois, ao ler finalmente a HQ, Daniel descobriu que o quadrinho evocava influências de Edgar Allan Poe, aprofundando ainda mais sua apreciação pela obra.

“Ao meu ver, tudo que vi até aqui não provocou nenhum efeito estético, nada que me deixasse empolgado. Fiquei com a impressão que demorou demais para produzirem o remake. Talvez fizesse algum sentido quando a moda emo estava em alta, mas agora não sei, fiquei com uma impressão de algo datado, confuso e mais com cara de que mira em um público fã de filmes de ação como John Wick ou Trem-Bala”, afirmou Daniel.

A expectativa de Daniel era que o remake adotasse um tom mais lírico e poético, semelhante ao da HQ original, que evoca o estilo de Edgar Allan Poe com suas frases e sentenças típicas.

“Outra possibilidade seria transferir o protagonista para outro estilo artístico ou musical mesmo, tornar ele um rockeiro grunge talvez, pintor ou poeta, tentar dar outra abordagem pra trama. Teve um momento que tive essa impressão quando o estúdio retomou a produção, mas logo que vi o primeiro trailer reparei que nessa versão, sequer importa o que o Erick Draven faz da vida, só importa que ele morre junto da amada de um jeito trágico, ao menos mantiveram isso”, detalhou.

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“Se a nova versão de ‘O Corvo’ acabar sendo apenas mais um filme de ação no estilo de John Wick, com cenas de ação exageradas e o protagonista se recuperando milagrosamente de ferimentos, isso pode ser um problema. Espero que o trailer esteja escondendo um filme mais fiel aos temas originais da HQ, com as cenas de ação servindo apenas como um atrativo superficial. O filme de 94 tinha boas sequências de ação, mas não explorava o talento de Brandon Lee para artes marciais da mesma forma que parece estar acontecendo agora”, finalizou Daniel.

 

Por Amanda Ferreira

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