Mato Grosso dos Sonhos: Há 30 anos artista provoca reflexões com peixes sul-matogrossenses

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A quinta edição do Projeto Arte no Paço está sendo realizada com a exposição “Mato Grosso dos Sonhos”, de autoria do artista visual Pedro Guilherme. A mostra é constituída por 11 telas, com a técnica acrílica sobre tela e algumas colagens, expressando a temática que o artista vem desenvolvendo há 30 anos, sobre os peixes sul-mato-grossenses.

“A temática dos peixes é algo que nos faz refletir sobre o bem finito que é a água, uma percepção que tive há 30 anos, mas as pessoas só estão percebendo agora”, conta o artista ao explicar o motivo de utilizar os peixes como um simbolismo: a necessidade de cuidar do meio ambiente, e que conforme o passar dos anos ganhou também um cunho social.

“Há quatro anos eu apresentava uma outra série chamada ‘Mato Grosso do Sangue’. Esse foi um trabalho que refletia a respeito da história do nosso Estado que é conhecido como o que mais mata jovens indígenas”, pontua.

Contudo, diante da pandemia e de todos os abalos que ela provocou na sociedade, Pedro acredita que agora é um novo momento e que é necessário voltar ao otimismo. “Como artista eu busco promover a reflexão por meio do belo, seja em uma obra que chame a atenção para um problema social ou ambiental.”

O Beijo, no Lago do Amor, será restaurado

Um dos símbolos turísticos de Campo Grande, O Beijo será restaurado a partir de hoje. O monumento, localizado na rotatória do Lago do Amor, é uma obra do artista Pedro Guilherme, inaugurada em 2008, e retrata dois peixes se beijando.

“Fico muito feliz pela restauração, a obra já tem mais de 13 anos e agora será restaurada junto a outros monumentos históricos que o prefeito vem buscando
resgatar”, afirma o artista, autor da obra.

“Todo trabalho tem um conceito, e melhor do que uma placa é um monumento. A obra é subjetiva, mas, ainda assim, conta a história, representa o ambiente que está inserido, e ainda se torna um ponto turístico”, pontua. O processo de restauração deve durar cerca de uma semana, sendo finalizado entre os dias 15 e 17 de setembro.

Pedro também é autor da escultura Peixe Cará na Lagoa Itatiaia, Arcanjo São Miguel na saída para Corguinho, além de outras esculturas em Rio Brilhante, Dourados, Coxim, Sonora e Alcinópolis.

Pandemia

A COVID-19 influenciou em todos os setores, e a arte foi uma das principais. Muitos se refugiaram na música, na série e nas telas, fugindo da realidade que tirou a vida de centenas de milhares de brasileiros.

Em Mato Grosso do Sul, a pandemia também ceifou muitas vidas e toda a crise sanitária provocou o artista a expressar a necessidade dos novos sonhos. De acordo com ele, a pandemia mudou a forma de se fazer e de consumir arte, e as pessoas passaram a ter de se moldar a um mundo diferente. “A pandemia mudou muita coisa que sentíamos e, em razão dela, penso que devemos ter os pés no chão, mas sem deixar de sonhar, e a partir desta reflexão surgiu a série ‘Mato Grosso dos Sonhos’.”

Mãos à obra

Pedro Guilherme levou dois meses para concluir a série que já havia pensado há algum tempo. O artista usou técnica de colagem com peixes pintados anteriormente, como uma forma de demonstrar que precisamos nos habituar a novos espaços.

“Reaproveitei os peixes que estavam estampados em algo que ficou para trás”, pontua. Ao todo, 11 obras estão sendo expostas no Paço Municipal, com o objetivo de promover a cultura aos cidadãos.

Centro cultural

O artista conta que o período não está sendo fácil, e que percebe o quanto a cultura é vista sempre como uma última opção, mas que o cenário está mudando em Campo Grande a partir de incentivos da prefeitura.

“Estamos vivendo um momento em Campo Grande muito legal. O prefeito Marquinhos Trad tem feito um trabalho de apoio, o Max [secretário municipal de Cultura], outra pessoa especial, tem desenvolvido um trabalho muito legal, com carinho aos artistas”, conta.

Segundo o artista, o período mais difícil para a arte passou, e agora a luta continua, já que existe boa vontade para recuperar o tempo e o apoio perdidos.

“Nós brasileiros vivemos lutando, em todas as profissões, o que não seria diferente com os artistas. Eu vivo de arte há 35 anos e foi neste lugar que criei meus filhos”, finaliza o artista.

A exposição está localizada no Paço Municipal, na Avenida Afonso Pena, 3.297, Centro de Campo Grande. Acesse também: Marcelo Adnet imita Bolsonaro, responde ‘Zé Trovão’ e manda recado para os caminhoneiros.

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(Texto: Beatriz Magalhães)

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