Músico apresenta canções em sete escolas e quer mostrar que ‘MPB e bossa nova não é algo elitista’
A carreira consolidada, enquanto músico, instrumentista e compositor, em Campo Grande, jamais demonstrou o sonho que Edson Ribeiro de Arruda Júnior, o Juninho MPB, mantinha em segredo: um projeto onde levaria ensino musical ou um show com canções autorais, em escolas públicas, já que sempre estudou em uma e lá teve contato com instrumentos musicais.
Agora, com mais de duas décadas dedicadas à música, colocará em prática este desejo, graças ao incentivo da Lei Paulo Gustavo. Autor de dezenas de canções autorais, dez delas já gravadas em estúdio profissional e com repertório para um novo disco, Juninho MPB vai vivenciar um novo momento, tendo o contato direto com estudantes e mostrando a eles que o sonho é possível.
“Eu já pensava antes em rodar o interior do Estado, visitando as cidades satélite do Estado, mas, agora surgiu a oportunidade de realizar o projeto em Campo Grande. Vou primeiro ao Rui Barbosa, escola onde estudei a vida toda, onde minhas irmãs também estudaram e o meu filho estuda atualmente. As outras também são na região, além do Joaquim Murtinho, por exemplo, que é uma escola referência”, afirmou Juninho MPB.
Projeto será exibido no Youtube
A cada visita, Juninho pretende vivenciar uma nova experiência com os alunos, promovendo um bate-papo e também demonstrando que MPB (Música Popular Brasileira) e bossa nova não é algo elitista. No projeto Meu Mundo nas Escolas, que inicia nesta quarta-feira (27), além dele estarão presentes a equipe de montagem, outros músicos e mídias sociais, já que a intenção é, posteriormente, disponibilizar todo o conteúdo no Youtube, mostrando as escolas por onde passou e como foi a receptividade dos alunos.
Meu Mundo
Há alguns anos, enquanto o mundo vivenciava o período da pandemia, Juninho MPB alimentava o “próprio mundo”, escrevendo canções que homenageiam familiares e também situações vividas por ele. Desta forma, no ano de 2021, saiu o disco Meu Mundo.
No ano seguinte, já pensando na divulgação do disco, o artista apresentou o repertório ao público, durante o Projeto Vertentes. Pouco antes, já havia passado pelo palco do Som da Concha, em setembro de 2021.
Ao falar sobre a inspiração para compor, Juninho MPB citou a célebre frase de Pablo Picasso: “ Quando a inspiração vier ela vai me encontrar trabalhando”. Desta forma, o violão permaneceu seu parceiro, em todos os momentos, e assim nasceu as canções, entre elas Guinho, que foi uma homenagem ao primogênito. “É um prazer imenso poder mostrar as minhas músicas e ver a reação das pessoas”, comentou, na ocasião.
“Filho de peixe, peixinho é”: como tudo começou
Relembrar o início de sua trajetória é também relembrar que a casa, os churrascos de família e os pais sempre estiveram envolvidos com música e arte. Aos 7 anos, inclusive, Juninho, como já era chamado na época, lembra o momento em pegava instrumentos de percussão e ficava “tocando e batucando”, como diz.
“Tinham as festas de família, os churrascos, e lá eu pegava os instrumentos e ficava tocando, batendo na tecla. O meu contato foi desde criança e é por isso que defendo que tem que ter música dentro das escolas. E eu sou aluno de escola pública, grande parte da minha vida foi tocando na escola. Lembro que minha mãe tocou em fanfarra, em Cassilândia, cidade onde nasceu, e aquilo ali sempre foi algo que eu quis tocar também. Quando teve uma oportunidade na escola, fui o primeiro a me matricular e tocava na banda”, relembrou.
Ainda garoto, com 13 anos, Juninho fala que teve contato com o violão. “Minha mãe sempre ficou cantarolando em casa. Meu pai tocava percussão e um amigo me ensinou três acordes, então, pegava o violão do Jackson, meu vizinho, e passava a tarde inteira tocando, até conseguir comprar meu primeiro instrumento”, contou.
No ano de 2008, o jovem passou a cantar na noite campo-grandense. “Eu dizia ser roqueiro na época, mas, em casa minha mãe escutava Zeca Pagodinho, Zezé Di Camargo e Luciano, Chrystian e Ralf, enquanto meu pai era Zé Ramalho e MPB em geral. Ou seja, o meu mundo sempre foi muito eclético e eu também queria tocar samba, Jorge Aragão e Zeca Pagodinho, até que o dono de um bar me apelidou de Juninho MPB e dali ficou este nome”, comentou.
Aos 34 anos, o músico comemora quase duas décadas de carreira e falou que enfrentou muito preconceito, até mesmo no ambiente familiar. “É um sina, que tentei fugir e nunca consegui. Comecei estudando engenharia de produção, mas, tinha que tocar, tinha filho pequeno na época. Depois, troquei para filosofia, achei que dava para conciliar, mas, a esposa ficou grávida e não dava para tocar somente aos fins de semana. Fiquei nove anos fazendo faculdade, fiz geografia também, tudo fugindo da música, que aprendi de forma autodidata. Hoje a minha vontade é realmente me especializar em MPB”, ressaltou.
Atualmente, orgulhoso da profissão que escolheu, Juninho diz que ama o que faz e que o violão é o seu “grande parceiro de vida”. “Aprendi a tocar guitarra também, baixo elétrico, acústico, cavaco e viola. Hoje sou multi-instrumentista, toco sozinho ou com a banda, em bares, casamentos, onde tem a necessidade de música eu estou. E aí tem muita história, algo que pretendo contar aos meus netos”, finalizou.
Confira aqui o cronograma das escolas:
*EE. Arlindo Andrade Gomes – 27/11 – 9:30
*EE. Professora Clarinda Mendes Aquino – 28/11 – 9:30
*EE. Joaquim Murtinho – 28/11 – 15h
*EE. Maria Constança de Barros – 29/11 – 9h
*EE. Professora Alice Nunes Zampiere – 4/12 – 9:30
*EE. Rui Barbosa – 5/12 – 9h
*EE. Emygdio Campos Widal – 6/12 – 14h
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