Geraldo Roca vive: artista Márcio de Camillo faz homenagem ao compositor e cantor em show hoje em São Paulo

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Foto: reprodução

Conhecido nacionalmente por sua polca rock, além de ser o compositor da afamada e clássica ‘Trem do Pantanal’ em parceria com Paulo Simões, e popularizada na voz de Almir Sater, Geraldo Roca é um dos compositores mais influentes do Mato Grosso do Sul. Nesta sexta-feira (23), no Sesc Ipiranga, em São Paulo, outra referência musical do Estado, Márcio de Camillo, estreia seu novo show ‘Do Litoral Central do Brasil’, em homenagem a Geraldo Roca. 

“Do Litoral Central do Brasil: Márcio de Camillo canta Geraldo Roca”, proporcionará uma viagem pela trajetória musical do cantor. Acompanhado de músicos experientes com formações muito ecléticas, desde a orquestra sinfônica até o punk rock, a apresentação promete outras surpresas, como participações especiais. Márcio de Camillo, por sua vez, tocará violão, viola caipira e cantará as músicas de Roca, revelando as muitas facetas da personalidade musical desse inesquecível cantor. 

“Esse foi o presente que o Geraldo Roca nos deixou: essa música diferente, inteligente, uma poesia ácida e, ao mesmo tempo, muito bem-humorada”, exaltou Márcio, sobre o trabalho de Geraldo Roca. Além de rocks, polcas, chamamés, guarânias e até baladas, Roca deixou a diversidade e a grandeza de uma produção musical curta, mas memorável, que reflete o imaginário fronteiriço- -cultural de Mato Grosso do Sul. “Mochileira”, “Polca Outra Vez”, “Japonês tem 3 Filhas”, “Rio Paraguai”, “Uma Pra Estrada”: sua contribuição para a música moderna do Estado foi imensa. 

“Fizemos uma viagem pela obra dele, desde as mais antigas até o último trabalho. Iniciamos com o “Trem do Pantanal”, mas também chegaremos na última canção que ele compôs, que foi “O Afeto que se Encerra”. Também vou contemplar uma canção que gravei com ele no CD Gerações, em 2006: “Lá vem você de novo”. O show está emocionante!”, afirmou Camillo. 

A arte visual do show, com fotos feitas por Lauro Medeiros, foi baseada no álbum “Veneno LIght”, que Geraldo Roca lançou em 2006. A foto principal de divulgação do show faz referência direta à capa deste álbum, cuja a foto original quem assina é o cineasta Cândido da Fonseca, e Márcio de Camillo incorpora Geraldo Roca. 

O espetáculo, dirigido por Luiz André Cherubini, acontece hoje (23), às 20h, no Teatro Sesc Ipiranga. Entradas variam de R$ 15 a 50 reais. Mais informações, acesse: www.sescsp.org.br/. Ao longo de sua carreira, Geraldo Roca lançou três álbuns: Geraldo Roca (1988), Litoral Central (1997) e Veneno light (2003). Participou, ainda, da coletânea GerAções (2006). 

O Clube do Litoral Central 

Nascido no Rio de Janeiro, Geraldo de Almeida Roca veio para o MS por escolha dos pais em meados das décadas de 60 e 70. Aos 17 anos, partiu para a Bolívia e de lá voltou com o “Trem do Pantanal”. A música, escrita com o amigo e cantor Paulo Simões e popularizada na voz de Almir Sater, tornou- -se um hino de Mato Grosso do Sul sem esforço. “Geraldo Roca influenciou diretamente a minha geração. Pegou como referência a música de fronteira e extrapolou isso para o mundo todo, ou seja, rompendo as fronteiras. Soube interpretar a música de fronteira, mesclando elementos do rock, do pop e do folk, criando um estilo único. Ele é o verdadeiro representante do folk brasileiro”, segundo Márcio, que já compôs músicas com o cantor. 

O trabalho de toda a “geração de ouro” da música pantaneira, sul-mato-grossense e do Centro-Oeste do Brasil foi atravessado pelo som de Roca, e cantado por amigos como Paulo Simões, Alzira E, Geraldo Espíndola, Tetê Espíndola, Almir Sater, Renato Teixeira, entre muitos outros. 

O compositor e cantor Geraldo Espíndola foi o segundo a gravar Geraldo Roca no Brasil, em 1978, no LP “Tetê e os Lírios Selvagem”. Segundo Espíndola, gravar a música “Santa Branca” foi um prazer, pois é uma das canções de Roca que mais o tocam profundamente, devido à sua conexão com o trem. Para Geraldo, Roca é um poeta muito marcante, o cantor, ainda, lamenta o falecimento do carioca. “Roca foi um poeta cult, um poeta muito diferente e marcante, que soube interpretar o rock, o blues, tudo com nossa linguagem de fronteira. Fez um trabalho muito lindo. Pena sua morte, mas a vida é assim”, disse Geraldo Espíndola. 

Geraldo Roca faleceu em 25 de dezembro de 2015, desde então é comumente homenageado pelos artistas sul- -mato-grossenses. Em 2016, músicos experientes, talentosos, porém integrantes de uma nova geração de artistas de Mato Grosso do Sul, fundaram o Clube do Litoral Central. Formado por Jerry Espíndola, Guga Borba, Ju Souc, Renan Nonato, Rodrigo Sater, Leandro Perez e Rodrigo Teixeira, inspirados por Roca, os músicos reuniram-se para apresentar releituras de grandes nomes do cancioneiro do MS e composições próprias de seus seis integrantes. 

O jornalista, músico e escritor Rodrigo Teixeira, em 2005 e 2006, integrou a banda de apoio do Roca, quando ele se apresentou no Festival de Inverno de Bonito. De acordo com Teixeira, Geraldo Roca trouxe um novo olhar para a música de MS. “Ele era um autêntico cronista de seu tempo, apontando personagens, refletindo sobre o significado das coisas e apontando com sua fina ironia os anacronismos da sociedade. Antes de tudo, porém, Roca era um roqueiro nato, um grande guitarrista e dono de uma personalidade forte, crítico ao extremo e que deixou uma obra profunda que tanto confunde quanto explica, afirmou Teixeira. 

O trabalho de Geraldo Roca pode ser conferido no Spotify.

Por Ana Cavalcante.

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