Fronteira Guarani: artistas de MS se apresentam em Curitiba

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Foto: reprodução

Artistas sul-mato-grossenses realizarão uma apresentação única hoje (2) em Curitiba. O concerto, intitulado ‘Fronteira Guarani’, leva ao Paraná a música contemporânea fronteiriça sul-mato-grossense, com a participação de Alzira E, Hermanos Irmãos, Brô MCs e Marina Peralta. O espetáculo inédito faz parte do programa cultural da Caixa e será realizado no espaço Caixa Cultural, em Curitiba. Os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente, com valores variando entre R$ 30 e R$ 15 (meia entrada). 

A cultura fronteiriça é marcante na identidade de Mato Grosso do Sul. Seja na gastronomia, artesanato ou nas artes em geral, os costumes adquiridos do Paraguai e Bolívia, por exemplo, destacam-se em nosso tereré do dia a dia, na chipa que compõe o café da manhã, e até na polca paraguaia, tradicionalmente dançada entre as fronteiras do MS. 

Quando falamos de música, tais aspectos não se diferenciam. Desde os pioneiros, como Délio e Delinha e Amambai e Amambaí, até os modernistas Almir Sater e Geraldo Roca, demonstram em seus clássicos os ritmos oriundos da fronteira. As letras, inspiradas na rica biodiversidade e vida pantaneira, ou os instrumentos como viola, cururu, acordeon, além de exaltarem a cultura rica e diversa de influências que compõem a cultura do Mato Grosso do Sul, exibem em melodias emocionantes e autênticas a beleza plural e singular da música regional.

Diante desta rica e vasta cultura musical, o concerto “Fronteira Guarani” apresenta ao público curitibano, contudo, a música contemporânea fronteiriça sul-mato- -grossense. Por suas semelhanças musicais, provocando uma miscelânea do polk com rock, guarânia com reggae e do rap com o guarani, sobem ao palco Alzira E, Hermanos Irmãos, Mariana Peralta e Brô MCs. De acordo com um dos idealizadores do projeto, Jerry Espíndola, realizar esse encontro é fomentar a música do Estado no Brasil afora. Além de ser de suma importância para a cultura regional, será uma benesse promover um encontro de gerações da música sul-mato-grossense, conforme comentou o cantor. 

“Estamos com muita expectativa em levar a música do MS para o público paranaense e contar um pouco da nossa história, sobre as nossas tradições, a necessidade da preservação da natureza e a luta dos povos originários. Assim, como eu acho incrível esse encontro de gerações e de vertentes que o ‘Fronteira Guarani’ apresenta, acho fundamental a cultura de dentro do Brasil poder ser vista em outros Estados”, disse Jerry. 

Encontro de gerações 

Os artistas atuam há décadas com seus respectivos trabalhos solos e, pela primeira vez, irão estar todos juntos em um mesmo palco. Uma das pioneiras da música fronteiriça sul-mato-grossense que compõe as atrações é Alzira E. Desde 1970, a cantora e compositora é uma referência para vários artistas, além de ter suas canções gravadas por nomes importantes da Música Popular Brasileira, como Ney Matogrosso e Zélia Duncan. Para a cantora, integrar um espetáculo com músicos de uma nova geração é promover um momento único, criativo e estimular a música autoral sul-mato-grossense. 

“Acho que será bonito, são várias tendências: o rap do Brô MCs, o reggae da Marina Peralta, com trabalho bastante pautado nessas fronteiras, como o dos Hermanos Irmãos, que já fazem um som de polcas e guarânias. Então, esse estreitamento pessoal de trocar essas informações, eu acho muito importante e muito produtivo para a música do MS”, ponderou Alzira E. 

Ritmos Fronteiriços 

Outra atração do concerto é o trio “Hermanos Irmãos”, formado por Jerry Espíndola, Rodrigo Teixeira e Márcio de Camillo. O trio, criado em 2010, alia o folk aos ritmos fronteiriços da polca paraguaia e guarânia, resultando em um som híbrido com influências do rock, MPB, blues e jazz. Suas apresentações também se destacam pelos instrumentos de cordas e a gaita de boca. O cantor e compositor Márcio de Camillo afirma que o “Fronteira Guarani” será palco da expressão do ser sul-mato-grossense através das canções. 

“O Mato Grosso do Sul é um Estado riquíssimo culturalmente, e essa riqueza vem também dos povos originários, acabando por se fundir com outras influências. Então, através dos povos originários, trazemos a força da cultura do nosso lugar. Como é um espetáculo coletivo, na verdade, uma canção vai se ligando à outra, fazendo disso algo orgânico. O importante é que estaremos mostrando a expressão do nosso povo, do nosso lugar, através das canções. As canções vão contar uma história”, explicou o cantor. 

O repertório do show traz composições com letras focadas na tradução do jeito de ser do sul-mato-grossense fronteiriço, no alerta para a natureza ameaçada do Pantanal e Cerrado e na denúncia de violência contra mulheres, indígenas e afrodescendentes. Para mais informações sobre o evento, acesse @caixaculturalcuritiba, no Instagram.

Por Ana Cavalcante.

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