Festival do Chamamé transcende ao ritmo argentino e destaca a polca e a guarânia

Fotos: Chico Ribeiro
Fotos: Chico Ribeiro

Realizado em Porto Murtinho para celebrar um ritmo que nasceu no norte argentino e se tornou um dos expoentes da cultura musical de Mato Grosso do Sul, o Festival do Chamamé tornou-se um encontro de discussão e celebração mais abrangente de outros gêneros que atravessaram fronteiras e fazem parte da identidade do Estado, como a polca e a guarânia. Os músicos levaram essa inclusão aos palcos e os estudiosos para os debates nos seminários.

O Festival Internacional do Chamamé, promovido pela prefeitura de Porto Murtinho, encerra-se nesta segunda-feira (14). Considerado um dos maiores eventos do gênero, tem o apoio do Governo do Estado e Fundação de Cultura de MS. A produção é do Instituto Cultural Chamamé MS. Acompanhe a programação pelo instagram, site, twitter  Facebook e Youtube.

“Historicamente, a presença dos paraguaios e da cultura paraguaia em nosso Estado é mais antiga do que a presença de um gênero musical como o chamamé. O chamamé é importante, mas não podemos esquecer que entre Mato Grosso do Sul e a Argentina temos o Paraguai. Não podemos ignorar isso, principalmente na cultura”, afirma Evandro Higa, doutor em música e professor da UFMS, um dos convidados a participar da agenda de seminários do festival.

Iniciado no dia 11 na cidade denominada de Portal da Rota Bioceânica (Brasil-Chile), o evento reúne artistas do Estado e do Paraguai e Argentina e as influências musicais destas fronteiras abstratas dominam os repertórios variados que predominam nos shows. Um dos primeiros músicos a falar da importância dos ritmos paraguaios no contexto desse festival foi o harpista Fábio Kaida, que se apresentou no primeiro dia e fez o público cantar e dançar muita polca.

Herança musical

“O festival é algo maravilhoso, fiquei muito feliz pelo convite, mas entendo que não podemos esquecer dos ritmos paraguaios que chegaram primeiro do que o chamamé em nosso Estado. Estão aqui do outro lado do rio (Paraguai), além de outras influências, como o tereré e a sopa paraguaia”, diz o instrumentista nascido em Campo Grande. “É nossa história e a harpa, que trouxe aqui e foi referenda por esse público, é um símbolo oficial do Paraguai.”

Fábio Kaida foi um dos artistas que mais destacou os três ritmos no palco, fazendo os fronteiriços dançarem com o som inconfundível da harpa. “A nossa música deve muito ao Paraguai”, observa, lembrando de clássicos como a polca Pé de Cedro (Zacarias Mourão) e as guarânias Tocando em Frente (Almir Sater-Renato Teixeira) e Trem do Pantanal (Paulo Simões-Geraldo Roca). “O festival é espetacular por isso, permite preservar essa herança que ganhamos.”

Fotos: Chico Ribeiro

O instrumentista também sul-mato-grossense Marcelo Loureiro, que se apresentou na madrugada de domingo (13) se enveredou por esse caminho ao tocar viola, violão, charango andino e harpa e interpretar a música pantaneira (influenciada pela fronteira com o Paraguai) e sul-americana. Saindo do foco do festival, ele cantou Almir Sater, por exemplo, abrindo o show com “Corumbá”, “Comitiva Esperança” e “Luzeiro”, no ritmo das águas do rio fronteiriço.

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