Emicida transcende na melodia e deixa recado no Festival de Inverno de Bonito

Foto: Saul Schramm
Foto: Saul Schramm

Os ponteiros marcavam a casa das dez horas e trinta minutos quando Leandro subiu as escadas de camiseta aberta. Atrás das cortinas, andava de um lado ao outro enquanto o apresentador animava o público – ao ouvir o pedido de boas energias, ergueu e agitou a mão direita, enquanto a esquerda segurava a flauta. Caminhando em círculos, fez o sinal da cruz e cumprimentou um segurança.

“Falta pouco, Leandro”, deve ter pensado. Anunciado, passou pelas cortinas e finalmente entrou. O show começou ali. Emicida no palco. A penúltima noite de Festival de Inverno de Bonito 2023 foi marcada pela presença e som de um dos principais nomes da cena musical brasileira e negra.

Quinze anos após estourar nos hits nacionais, Emicida – o Leandro Roque, de 38 anos – fez no sábado (26) sua quarta apresentação em Mato Grosso do Sul. A primeira vez em nosso solo aconteceu há 13 anos, quando o então jovem rapper, de camisa branca surrada, foi desafiado em batalha na antiga sede da Torcida Garra Operariana. Não deu pra trás e seguiu firme mesmo sendo ‘forasteiro’.

Assim como o single que o fez ganhar o Brasil em 2008, a carreira de Emicida é um triunfo. Aclamado pela revista Rolling Stones por reunir agressividade das batalhas e fome de vitória na canção, repetiu ao longo dos anos o comportamento, não sendo diferente no show em Bonito.

Fotos: Saul Schramm

Misturando a pegada MPB contemporânea que o consolidou no mainstream com batidas típicas da sua origem no rap e hip hop, Emicida falou de amor, de superação, falou de violência, de preconceito, de racismo, falou da vida. Emicida fez crítica social e não deixou de passar o seu recado. “De joelhos clamamos: nos tirem tudo, menos a vida, menos a música”, incendeia no palco. “Eu vou continuar esse show até os caras me mandarem embora”, completa em alto tom.

Já passando da meia-noite, chega ao fim a apresentação que estourou uma hora e meia de duração. Ele não queria ir embora. Fila indiana na porta do camarim. Atendidos, com fotos, abraços e rápidas trocas de palavra, cerca de 120 pessoas. Na plateia, pista e camarote, 20 mil fãs.

Para casa, o paulistano Leandro Roque levou de presente um quadro grafitado em sua homenagem e uma camisa do Operário – esta última entregue por um dos principais nomes do rap sul-mato-grossense, Mano Cley, do histórico Falange da Rima. Agora, acabou. Obrigado, Emicida. Volte sempre. Acesse também: Sesc Cultura tem cinema, apresentações do circuito “Cena Aberta” e atividades infantis

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