Nem só de sertanejo Mato Grosso do Sul vive, aqui também é lugar de muito rock e heavy metal sim! Mas poucos sabem sobre a história do genêro em Campo Grande, e o jornalista Lucas Arruda e a cineasta Mariana Sena pretendem mudar essa perspectiva, com o documentário ‘Barulho do Mato’, que tem estreia marcada para este sábado (13), Dia Mundial do Rock.
O objetivo é expor a alma pulsante do heavy metal campo-grandense, que tem sua história desconhecida e fadada a ficar presa nas profundezas dos amplificadores e nas cordas vibrantes das guitarras. Em formato de média-metragem [filmes em torno de 30 a 60 minutos], o documentário mergulha na essência de uma cena musical que se mantém viva e vibrante através de riffs pesados e letras profundas, uma boa dose de saudosismo para os veteranos do rock e uma porta de entrada para universo rebelde do rock pesado para as novas gerações.
Conforme o diretor, Lucas Arruda, a sensação era de que Campo Grande possui pouca memória documentada. “Na música, senti que faltava um documentário que falasse sobre o Metal. Cadê a história das bandas? Principalmente das bandas antigas. Quem foi o primeiro a fazer? Como surgiu? A partir daí, conversei com alguns amigos do meio musical, como o Lelo, guitarrista do Katastrofe, com o Kão, artista que é do Punk, mas sempre esteve no rolê do Metal. E, aí foi nascendo o projeto, até eu conseguir um investimento e iniciar a produção”, revelou o jornalista.
“Faz uns três ou quatro anos que tenho a ideia de fazer esse documentário, que eu corro atrás de recurso para realizar. Ano passado consegui os recursos por conta do FIC (Fundo de Investimentos Culturais) e executar as filmagens a partir de janeiro de 2024. O Heavy Metal sempre esteve na minha vida, desde a infância, quando comecei a curtir mais bandas de metal. No fim da adolescência comecei a ouvir as bandas daqui, ir a shows, conhecer os integrantes”, completou em entrevista ao Jornal O Estado.
Produção
Com um recorte temporal que abrange as décadas de 1980, 1990 e meados dos anos 2000, o média-metragem possui relatos de bandas icônicas como Alta Tensão, Necroterium, Sacrament, Disharmonical Tempest, Katrastrofe, No Name, Kreatures Dark e Haze.
“Os entrevistados são pessoas que estavam na cena, que tocavam nas bandas por volta dos anos 1980 e 1990. Cada um contribuiu da sua maneira, teve também jornalistas, produtores de eventos, contando como era a época. As filmagens foram até o final de março, com cerca de 12 entrevistas, e mais de 30 horas para transformar em 30 minutos, foi bem complicado essa parte da edição”, relembrou Arruda.
Bandas femininas de heavy metal de Campo Grande também ganahram espaço no documentário. A banda Haze, é formada em sua maioria por mulheres e está desde a década de 1990 ativa no cenário musical, promovendo o seu som e o gênero, em um local predominantemente agropecuário, machista e voltado para a música sertaneja. “Falar das mulheres na cena também é fundamental, já que uma das duas bandas que ainda persistem é formada por mulheres, a Haze. Angela Finger, por exemplo, é uma produtora muito importante para a cena do metal também. Além disso, outras mulheres também participarão e darão depoimentos”, afirmou.
Memória
Ele ainda pontua a importância de registrar e preservar as memórias antes que se percam. “Ter relatos se torna urgente, pois já perdemos alguns músicos e produtores do período, tal como materiais em vídeo que retratavam a época”, disse.
“Acho que qualquer projeto que retrata um período histórico é importante, porque a gente precisa retratar a nossa história, a gente sempre precisa olhar para trás para poder andar para frente. É muito importante fazer esse recorte histórico, seja culturalmente ou politico, é sempre válido, tanto localmente quanto nacional”, reforçou o diretor.
Para Cátia Santos, diretora de fotografia e editora do documentário, capturar esses relatos têm sido um desafio envolvente. “Contar a história desse estilo, dentro de um Estado com uma presença musical predominantemente sertaneja foi um desafio e tanto. Nesse sentido, a fotografia e a edição são muito importantes em um trabalho tão complexo como esse, pois elas ajudam a interligar as histórias que construíram o nosso heavy metal”, comenta ela.
“Acredito que o heavy metal em Mato Grosso do Sul tem coisas muito boas, bandas muito boas. Teve períodos onde existiam mais bandas e mais espaços para elas se apresentarem, mas a galera faz um som bom, amadureceu, toca muito bem.Eu espero que todo mundo goste de assistir, e veja a importancia da gente retratar a niossa cultura, historia, de ter esses recortes do passado, pois temos que aprender muito com a galera que veio antes, com todos que estavam fazendo cultura antes, ver o legado deles”, reforçou Arruda.
“Barulho do Mato” promete desvendar os desafios e conquistas dos roqueiros em um estado marcado pelo conservadorismo. Desde os obstáculos logísticos até as barreiras culturais, o vídeo explora a rica tapeçaria de influências que moldou a cena do heavy metal no coração do Mato Grosso do Sul, deixando um impacto duradouro no meio artístico.
Produzido pela Arruda Comunicação, o documentário “Barulho do Mato” conta com recursos do FIC (Fundo de Investimentos Culturais), da FMCS (Fundação Municipal de Cultura de Mato Grosso do Sul), órgão vinculado à Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), do Governo de Mato Grosso do Sul. Mais informações no Instagram @assessoriaarruda.
Serviço:
O lançamento do documentário ‘Barulho do Mato’, será no sábado (13), às 19h, na Plataforma Cultura, avenida Calógeras, 3015, Centro, com entrada gratuita. Haverá shor com a banda Thrash Metal Katastrofe.
Por Carolina Rampi
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