O Coletivo Urutau, fundado por treze estudantes e formandos de Artes Visuais pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), destaca-se no cenário artístico do Estado. O grupo de artistas é formado por; Beatriz Matos (Beare), Bianca Esquivel, Fernanda Moussalem, Giovanni Ernesto Vicente Brunetto, Karina Mie Teruya (Littlehouse), Laura Braga Sardá, Lucas Maier Costa, Marina Cozta (Mär Cozta), Paola, Sanshaine Moura, Thais Soares (Catiti Cadernos), Victor Hugo Sousa (Virtu Illustrations) e Vinicius Davis.
Batizado de “Urutau” em homenagem à recorrência dos desenhos do pássaro noturno entre seus membros, celebrou seu primeiro ano de existência neste mês. Sob a orientação da professora e artista Constança Lucas, o coletivo surgiu de um grupo de estudos de desenho, visando criar um espaço para compartilhar suas produções e participar de eventos universitários.
Em entrevista ao Jornal O Estado, o coletivo fala sobre a celebração do Dia do Artesão e como é viver e sobreviver de arte em MS. O grupo que produz artefatos culturais sob autoria de cada membro, usam e abusam da criatividade para a realização das peças. Karina Teruya, uma das integrantes, afirma que o objetivo do grupo é levar a arte para além dos muros acadêmicos e promover uma visão ampla sobre o que é arte. “Expondo as artes dos integrantes, levando a arte para a população e demonstrando que arte não é somente aquilo que se vê em museus, mas tudo ao redor”, explica Karina.
No contexto do Coletivo Urutau, o Dia do Artesão serve como uma fonte de inspiração para redobrar os esforços na criação, produção e compartilhamento da arte com a comunidade. Mais do que isso, representa um compromisso renovado com a valorização da arte local e o incentivo ao consumo de produtos artesanais. Bianca Esquivel, destaca o papel da arte, feita através do coletivo.
“Os artistas têm um papel fundamental na preservação da cultura local através do registro de costumes, tradições e histórias da comunidade através da arte. Também ajudamos a propagar uma reflexão crítica da vida, questionamentos da realidade social e proposição de novas perspectivas”.
Trabalho autoral
O Coletivo Urutau trabalha com uma variedade de materiais, desde adesivos, cadernos, pinturas, carimbos, estampas, desenhos, etc. Thais Soares, membro do coletivo, afirma a priorização dos papéis de gramatura mais alta para garantir qualidade e resistência. Incluindo o uso comum de nanquim por meio de canetas de pena ou pincel, além da valorização da praticidade e versatilidade da caneta esferográfica e do lápis comum.
Todos os cadernos feitos pela artista são feitos à mão, utilizando papel pólen, com estampas autorais criadas por meio de desenhos e carimbos feitos à mão, e diferentes técnicas de costura aprendidas através de cursos, tutoriais online e experimentação.
Valorizando o trabalho feito pelos artistas, Bianca descreve o Dia do Artesão como uma oportunidade valiosa para destacar o trabalho artesanal e da arte em geral na cultura local. “Nosso coletivo tem se dedicado a apoiar e promover os artistas locais através de diversas iniciativas. Reafirmamos o nosso compromisso com a arte e redobrar nossos esforços para criar, produzir e incentivando o consumo de produtos artesanais”.
Importância
Para o Coletivo Urutau, essa data representa mais do que uma simples celebração; é uma chance de fortalecer os laços entre os artistas e fomentar novas colaborações. Além disso, o coletivo se dedica a apoiar e promover os artistas locais por meio de diversas iniciativas, como exposições em diferentes espaços da cidade, participação em feiras culturais, e manutenção de uma forte presença nas redes sociais.
Para Paola Cristina, outra integrante do coletivo, o Dia do Artesão não é apenas uma data comemorativa, mas sim um momento para refletir sobre a valorização do trabalho artístico e sua relevância na cultura local. “Apoiando artistas locais dentro e fora da faculdade em diversos eventos culturais”, afirma Paola, ressaltando as iniciativas do grupo em promover e apoiar a cena artística regional.
Segundo Beatriz Matos, membro do coletivo, o Dia do Artesão é comemorado em um cenário de luta, onde a profissão de artista é pouco reconhecida. “Celebramos o Dia do Artesão com muita força e resistência para nos mantermos de pé, produzindo arte e conquistando espaços.”
O Dia do Artesão assume uma importância significativa, conforme ressalta Victor Hugo Sousa, ao afirmar que “é essencial que essa data seja relembrada para que nós artistas e artesãos sejamos sempre lembrados e não esquecidos pela sociedade e governo em geral.”
Para promover e apoiar os artistas locais, o coletivo mantém uma rede de contatos, participando ativamente de eventos culturais e expondo seus trabalhos. Além disso, Karina destaca que o coletivo busca ampliar sua visibilidade, levando a arte para diversos espaços da cidade e incentivando o consumo de produtos artesanais.
Desafios
No entanto, os desafios persistem, especialmente em Campo Grande, onde há escassez de espaços públicos para exposições, falta de investimento em eventos culturais e pouca valorização dos artistas regionais. Vinicius enfatiza sobre este cenário.
“Vivemos em uma cidade onde as pessoas não valorizam a própria cultura e o fato de não desistirmos de continuar fazendo nossas produções artísticas já é um ato de resistência e preservação da nossa cultura.”
Olhando para o futuro, os artistas compartilham as esperanças e aspirações que incluem ampliar o alcance do grupo, aumentar o número de colaboradores e consolidar sua presença na comunidade.
Apesar desses obstáculos, o Coletivo Urutau permanece firme em sua missão de promover a arte local, incentivando a expressão criativa e contribuindo para a vitalidade cultural da região.
Com sua dedicação e paixão pela arte, esses artistas continuam a deixar sua marca no cenário artístico de Campo Grande, mostrando que a arte é uma força poderosa de transformação e renovação cultural.
Serviço
O coletivo Urutau é fixo na Feira do Ziriguidum, que acontece todo primeiro sábado do mês, com a 8º edição marcada para o próximo dia 6 de abril, na Praça do Preto Velho, no Jardim Paulista. Também pode encontrá-los fixos na Feira da Praça da Bolívia, todo segundo domingo do mês, na Rua Barão da Torre – Sta Fé – 9h às 14h. Os interessados em encomendar trabalhos específicos podem entrar em contato pelo Instagram do coletivo @urutaucoletivo, onde há um destaque com informações sobre todos os integrantes e seus respectivos portfólios, ou através do e-mail [email protected] .
Por Amanda Ferreira
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