Centro Cultural José Octávio Guizzo reabrirá as portas hoje

O nome da peça é "A verdadeira história do barão" Foto: Caca Bernardes
O nome da peça é "A verdadeira história do barão" Foto: Caca Bernardes

Oito anos após seu fechamento, local que abriga o Teatro Aracy Balabanian, apresentará espetáculo de São Paulo em reinauguração nesta terça-feira (2)

Após oito anos fechado, o Centro Cultural José Octavio Guizzo (CCJOG), reabrirá suas portas para o público sul-mato-grossense com festividades nesta terça (2) e quarta-feira (3). O Centro Cultural é um importante local de disseminação da arte e da cultura do estado, e possui um dos principais espaços da Capital, o Teatro Aracy Balabanian, em homenagem à atriz campo-grandense, que morreu em 2023 e não teve a oportunidade de ver o local pronto.

Conforme a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, fizeram parte do pacote de revitalizações as fachadas, os ambientes internos como galeria Wega Nery, Galeria Ignês Correal, sala de ensaio Conceição Ferreira, sala de dança, sala de ensaios, sala de música, ateliês de arte, salas administrativas, copa e banheiros, além de pinturas, pisos e revestimentos, nova iluminação, parte elétrica e hidráulica. Também fez parte da reforma, a instalação de ar-condicionado, ampliação de camarins, implementação de teatro de bolso, adequação da acústica, cenotécnica e sonorização do teatro.

 Para a coordenadora do Centro Cultural, Luciana Kreutzer, o destaque serão as áreas de acessibilidade. “Foram adaptadas as poltronas do Teatro Aracy Balabanian para Portadores de Necessidades Especiais, agora tem poltronas para pessoas com deficiência visual, com cães guias, com espaço especial para o animal, poltronas para obesos, camarins e banheiros para pessoas com deficiência, além de vagas de estacionamento especiais”, explicou Luciana.

 O local estava fechado desde 2016, e em julho de 2022 foi iniciado o processo de demolição para reformas. Com orçamento de mais de R$ 8 milhões, as obras começaram em agosto do mesmo ano, com assinatura da arquiteta da Fundação de Cultura, Claudia La Picirelli. “O processo iniciou em 2020, com licitação do Projeto Executivo Arquitetônico, após a entrega foi realizada a licitação da Execução da Obra, em 2021. Foi um longo processo, porém muito gratificante, a parceria e confiança foi fundamental para esse processo. Hoje temos um Centro Cultural totalmente revitalizado e modernizado, e um Teatro de altissíma qualidade”, disse a arquiteta ao jornal O Estado.

 Luciana Kreutzer enfatiza que tanto o Centro Cultural quanto o Teatro Aracy Balabanian possuem grande influência para a difusão cultural dos artistas independentes de Mato Grosso do Sul. “Por ser um espaço democrático com localização central, ele torna as iniciativas de produções independentes muito mais viáveis. As cicatrizes deixadas por esse longo período de inatividade podem ser identificadas nas produções atuais, como no da escolha de linguagens nas artes cênicas, que, por necessidade, tendem a trabalhos de rua ou a espaços alternativos”, disse. “Além do teatro, a comunidade artística pode contar com outros espaços tão importantes, disponíveis com o objetivo de atender e incentivar a pesquisa, formação e desenvolvimentos de novas produções artísticas, como é o exemplo das salas de ensaio para teatro, dança, música, ateliê de artes e galerias de exposição de artes visuais”, complementou Luciana.

 Segunda a Fundação, serão publicados editais públicos com regras para ocupação dos espaços. Questionada sobre o longo período fechado, a coordenadora afirma: “Trâmites legais”.

 

Reabertura  

No dia 2 de abril, o centro será reaberto para autoridades e convidados, e no dia 3, o público poderá conferir tudo que o espaço tem a oferecer, tanto para artistas quanto para a comunidade externa. Haverá performances regionais feitas especialmente para resgatar a memória das personalidades homenageadas pelo centro cultural: Aracy Balabanian, Rubens Corrêa, Conceição Ferreira, Wega Nery e Ignês Corrêa da Costa.

 O destaque da reabertura do Teatro Aracy Balabanian, será o espetáculo “A verdadeira história do Barão”, da Cia Cênica Nau de Ícaros. A peça mistura realidades fantásticas, imaginação e cooperação, por meio de aventuras da literatura e práticas da arte teatral e circense. Segundo o diretor da companhia, Marco Vettore, é a primeira vez que a Nau de Ícaros apresenta um espetáculo em Campo Grande. “Para nós é uma grande celebração. Levamos 32 anos para chegar aqui e a Fundação pesquisou bastante e escolheu muito bem, e trouxe um dos nossos espetáculos mais marcantes. É uma honra podermos reabrir um teatro tão importante para a cena do estado do Mato Grosso do Sul e ao mesmo tempo trazer o Barão de volta. Este espetáculo nos ensina que temos 2 “armas” muito potentes, a criatividade e a imaginação para resolver problemas impossíveis”, argumentou o diretor em entrevista para o jornal O Estado.

 Para o ator Anderson Lima, é uma grande satisfação ver a reabertura do teatro. “Temos poucos teatros na Capital e o Aracy é o teatro mais querido pela classe teatral. Além do Centro Cultural que tem muita história de eventos importantes para a produção estadual. É um momento de muita comemoração para a classe cultural e para a comunidade”.

 A entrada para o espetáculo “A verdadeira história do Barão” é gratuita. Aos interessados em assistir à peça no dia 3 de abril, as reservas de ingressos deverão ser feitas pela internet no link da plataforma Sympla. Após o espetáculo o público poderá apreciar o grupo de jazz El Trio, grupo campo-grandense composto por Adriel Santos (bateria), Gabriel de Andrade (guitarra) e Gabriel Basso (baixo).

 Além disso, a inauguração apresentará o espetáculo “Memória MS”, com André Tristão, Camila Brito, Camila Morosini, Estefânia Bueno, Nilse Maciel e Pepa Quadrini. A produção fica por conta de Carol Carvalho, Marcos Vinicius Perez e Paulo Augusto, com direção e dramaturgia de André Trsitão.

 Centro Cultural José Octavio Guizzo (CCJOG)

 O Centro Cultural foi fundado por meio de decreto em 11 de outubro de 1984, na gestão do Governador Wilson Barbosa Martins, localizado na Rua 26 de agosto, antiga Rua Velha (considerada a primeira rua de Campo Grande). Sua construção aproveitou a edificação do antigo fórum.

Já em dezembro de 1989, por meio da lei 1.029, o Centro Cultural de Mato Grosso do Sul recebeu o nome de Centro Cultural José Octávio Guizzo, em homenagem ao advogado, historiador, estudioso do folclore, cineasta, produtor cultural, música, poeta e ex-presidente da Fundação de Cultura, que havia falecido em novembro do mesmo ano.

Por Carolina Rampi 

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