[Texto: Marina Romualdo, Jornal O Estado de MS]
Anúncio precisa ser feito em julho
O atraso no Plano Safra 2023/2024 tem sido encarado com preocupação pelo setor da agricultura, em Mato Grosso do Sul. Faltando 28 dias para iniciar a plantação, o governo federal ainda não anunciou o valor real a ser disponibilizado para o ciclo.
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) pediu, ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que o Plano Safra 2023/2024 seja de R$ 403,88 bilhões.
Em entrevista ao “Jornal da Hora”, na sexta-feira (2), a senadora Tereza Cristina (PP) falou sobre a situação. “Essa é a nossa preocupação, sobre qual será o valor dos recursos que serão colocados para equalização dos juros. Além disso, com três ministérios com a divisão de recurso, isso preocupa”, relata.
“Estamos aflitos em relação a isso, pois não sabemos o tamanho do valor que será disponibilizado e a agricultura precisa de crédito. Vivemos em um momento delicado da economia mundial, global e temos juros altos”, completa.
No entanto, ela ainda se mostra positiva, visando melhora para a economia brasileira. “Mas, parece que o céu está se abrindo para que os juros comecem a regredir. A inflação e os fundamentos da economia estão melhorando um pouco e, se isso continuar assim, é claro que teremos melhoria nos índices econômicos. Porém, enquanto isso não acontece, a safra tem data para acontecer. Não adianta achar que isso vai ser no mês de dezembro, sendo que o produtor precisa de dinheiro para plantar agora”, dispara.
De acordo com a ex-ministra, o Plano Safra precisa ser anunciado dia 30 de junho, para que os bancos comecem a fornecer o crédito já no dia 1° de julho, pois, no mês de agosto já tem agricultores plantando pelo país.
A Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul) compartilha do mesmo entendimento da senadora Tereza Cristina, no que se refere ao Plano Safra 23/24. “Acreditamos que a data de aprovação do Plano Safra e do montante de recursos para as operações financeiras são pontos cruciais para o planejamento do produtor rural, uma vez que, quanto mais cedo os insumos para a produção forem adquiridos, melhores são as condições de negociação. Além disso, a redução da taxa de juros é uma necessidade urgente de todos os setores”, diz a nota.
O presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Alessandro Coelho, relata que ainda há incertezas sobre o recurso, para esse ano.
“Isso deixa o produtor amarrado no seu planejamento. Avançamos muito em todos os setores do agronegócio, nos últimos tempos e a continuação desse desenvolvimento passa diretamente pelo Plano Safra e como ele será conduzido, pelo governo. Essa é uma pauta que tem mexido muito com os produtores, por conta de dúvidas que eles têm e para saber quais as perspectivas e uma análise da atual conjuntura”, disse.
Evolução do crédito rural
Conforme dados repassados pela Aprojosa, no Plano Safra 2019/2020, o total de recursos foi de R$ 222,74 bilhões, o custeio e comercialização foram no valor de 169,33 bilhões e o investimento foi de R$ 53,41 bilhões, com aumento de 6,31%. Em 2020/2021, o total de recursos foi de R$ 236,30 bilhões, com custeio e comercialização de R$ 179,38 bilhões e investimento de R$ 56,92 bilhões.
Já o Plano Safra 2022/2023 teve volume total de recursos de R$ 340,88 bilhões, um aumento de 36% em relação ao Plano 2021/2022. Deste total, o custeio e comercialização, no valor de R$ 246,28 bilhões, teve aumento de 39%, em relação ao plano passado, com juros de 12%. Já o investimento de R$ 94,60 bilhões, um aumento de 29% em relação a 2021/2022, com juros de 7% a 12,5%, ao ano.
Em nota, o Banco do Brasil informou que aguarda a definição dos termos para o plano e quando serão definidas as condições operacionais para sua atuação, na safra 2023/2024. “Assim que definidas as condições, o BB divulgará as informações de seu Plano Safra para o ciclo”, diz parte do comunicado.
No atual Plano Safra, o Banco do Brasil já desembolsou R$ 15,3 bilhões aos produtores de Mato Grosso do Sul. O volume é 30% superior ao registrado no mesmo período da safra anterior.
Da mesma forma o Sicredi informa que ainda espera os detalhes serem divulgados.
Proposta
Em reunião, no dia 24 de maio, o ministro do MAPA, Carlos Fávaro, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi apresentada a proposta de um Plano Safra mais robusto do que o de 2022/2023, especialmente por causa das diferenças conjunturais entre aquele período e o atual. “Há um movimento de inovação, na busca de recursos livres, com taxas de juros mais compatíveis com a conjuntura atual”, comentou o ministro da Agricultura e Pecuária.
Além disso, ele citou o ineditismo da liberação de crédito rural em dólar pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). “Pela primeira vez na história, tivemos a liberação de crédito por meio do BNDES, com taxas de juros muito mais baratas do que o próprio Plano Safra e zero de recurso público para equalizar”, explicou o ministro.
Fávaro ponderou que as novas oportunidades de crédito atuam de forma paralela ao sistema de liberação de recursos pelo governo e os ministérios da Fazenda e da Agricultura e Pecuária estão intensificando a busca por mecanismos para permitir que o mercado possa financiar a agropecuária brasileira sem a participação do Tesouro.
“Não podemos achar que essa será a regra principal, até porque quem produz milho, arroz, leite, feijão e hortaliças precisa de custeio e não tem hedge natural em dólar, por isso precisa de juros mais baixos para poder colocar o alimento na mesa dos brasileiros”, finalizou Carlos. Acesse também: MS está em terceiro lugar no país, em ocorrências de tráfico de pessoas
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