A quarta fase da Operação Successione, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) na terça-feira passada, dia 25, prendeu 17 dos 20 alvos investigados por integrar uma suposta organização criminosa comandada pelo clã Razuk. O grupo, segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), atuaria de forma armada e violenta para explorar jogos de azar em Campo Grande, recorrendo a corrupção, lavagem de dinheiro, furtos, roubos e violação de sigilo funcional para manter o esquema.
Mesmo com a megaoperação realizada em quatro estados e cinco cidades sul-mato-grossenses, três investigados continuam fora do alcance das equipes. Permanecem com mandados de prisão abertos Flávio Henrique Espíndola Figueiredo, 36 anos, Gerson Chahuan Tobji, 48, e Willians Ribeiro de Oliveira, 43 — este último, porém, não é alvo da ordem expedida pela juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna especificamente para o Gaeco.
Apontado como integrante ativo na engrenagem da quadrilha, Flávio Figueiredo teria alugado o primeiro imóvel utilizado como QG do grupo em Campo Grande, local onde máquinas do jogo do bicho foram apreendidas. Em conversas interceptadas, ele admitiu ter cedido o espaço “à turma”.
A investigação também atribui a Flávio a função de “laranja financeiro”, recebendo valores via PIX para redistribuição, estratégia que serviria para ocultar repasses feitos pelo deputado estadual Robert Razuk Filho, o Neno Razuk, citado como um dos líderes do esquema, mas que não foi alvo desta fase da operação. Contra Flávio, pesa mandado de prisão com validade até 19 de novembro de 2045.
Já Gerson Chahuan Tobji é apontado como um nome antigo na estrutura criminosa. Surgiu ainda na 2ª fase da Successione, quando teria sido encarregado de guardar um pen drive com dados sensíveis, dispositivo que não foi encontrado. Desde então, segundo o Gaeco, ficou claro que ele também participava do gerenciamento do jogo do bicho na Capital, especialmente na cooptação de rivais para expandir o domínio do grupo após o declínio da família Name, investigada na Operação Omertà.
Provas reunidas contra Gerson incluem comprovante de depósito e conversas em grupos de WhatsApp em que ele era cobrado para “organizar o jogo”.
O terceiro foragido, Willians Ribeiro de Oliveira, também tem mandado de prisão pendente, mas não relacionado à ordem emitida para esta fase da Successione. Ele aparece como investigado paralelo ao núcleo central da operação.
Prisões, buscas e apreensões
No total, foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Corumbá, Dourados, Maracaju e Ponta Porã, além de locais no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.
Entre os materiais recolhidos nos endereços visitados pelas equipes estão:
– R$ 274,9 mil em dinheiro;
– € 1,06 mil (equivalente a R$ 6,2 mil);
– diversas folhas de cheque;
– duas armas de fogo e munições;
– dezenas de máquinas do jogo do bicho;
– notebooks, celulares, documentos e anotações.
O MPMS afirma que o volume de bens apreendidos evidencia o alto poder financeiro do grupo investigado.
Foram presos o patriarca Roberto Razuk e dois de seus filhos, Rafael Godoy Razuk e Jorge Razuk Neto. O nome da operação, Successione (“sucessão”, em italiano), faz referência à disputa pelo controle do jogo do bicho em Campo Grande após o enfraquecimento de antigos grupos.
O que diz a defesa
Em nota, os advogados André Borges e João Arnar, que representam os Razuk, afirmaram que não foram oficialmente comunicados sobre os detalhes da nova fase da operação. Declararam ainda que só se manifestarão nos autos quando tiverem acesso formal às informações.
A defesa reforçou que, pela Constituição, ninguém pode ser considerado culpado antes do trânsito em julgado, negou qualquer participação dos clientes em crimes e sustentou que não houve convite para prestar esclarecimentos, o que, segundo eles, teria resolvido facilmente todas as dúvidas.
Os advogados classificaram como falsas as acusações de existência de organização criminosa, de disputa territorial com grupos de São Paulo e Goiás e de práticas violentas no Mato Grosso do Sul ou em outros estados. Parte dessas acusações, afirmam, já está em análise judicial com defesa apresentada.
A nota conclui ressaltando que a família espera uma decisão justa da Justiça, instituição que afirma respeitar. Atualmente, Roberto Razuk cumpre prisão domiciliar.
A reportagem não localizou as defesas dos demais citados. O espaço permanece aberto para futuras manifestações.
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