Capital já teve a segunda maior alta do país no valor do aluguel no início do ano
O aumento da chamada “inflação do aluguel”, medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), pode pressionar ainda mais os preços da locação. Em fevereiro, o índice subiu 1,06%, acumulando alta de 8,44% em 12 meses. O impacto pode ser sentido especialmente em Campo Grande, que já registrou o segundo maior aumento médio do aluguel entre as capitais brasileiras no início de 2024, com um avanço de 26,55% nos preços.
O mercado de locação na capital sul-mato-grossense começou o ano com preços muito acima da média nacional. De acordo com o Índice FipeZap, Campo Grande só ficou atrás de Salvador (33,07%) no ranking das cidades com maior reajuste de aluguéis no país. No acumulado de 2023, a alta da locação na capital sul-mato-grossense foi quase o dobro do IGP-M do período, que fechou o ano em 6,54%.
“O que vimos no mercado de locação foi a recomposição dos preços do período pandêmico, em que os proprietários suspenderam os reajustes de preços. Em 2023 e, mais fortemente em 2024, o setor passou a ser favorecido pelo contexto macroeconômico. O emprego, que é um fator importante para o mercado de locação, em 2024 atingiu seu recorde, impactando positivamente o setor”, explica a economista do DataZap, Paula Reis.
O levantamento também aponta que os imóveis menores foram os que sofreram os maiores reajustes. O aluguel de apartamentos de um quarto subiu 15,18% em 2023, percentual superior ao dos imóveis de dois quartos (12,71%), três quartos (12,52%) e quatro ou mais dormitórios (14,17%). Com isso, o valor médio da locação por metro quadrado em Campo Grande atingiu R$ 48,12.
Pequenas cidades sofrem impacto
Se na Capital os reajustes já pesam para quem vive de aluguel, em cidades do interior a disparada dos preços tem sido ainda mais drástica. Em Inocência, município a 331 quilômetros de Campo Grande, o avanço das obras de uma fábrica de celulose fez o aluguel de uma quitinete saltar para R$ 3.500 – um valor que supera o cobrado em muitas capitais.
A rápida valorização do setor imobiliário reflete o aumento populacional. Com a chegada de novos trabalhadores para atuar na obra da unidade industrial, a cidade viu sua população saltar de 8.400 para 13 mil habitantes e a expectativa é que chegue a 32 mil pessoas até 2027, quando a fábrica deve entrar em operação. Enquanto as construtoras se apressam para erguer novos sobrados e hotéis, parte dos moradores da cidade já está deixando suas casas alugadas e se mudando para municípios vizinhos, como Paranaíba e Três Lagoas.
Em Ribas do Rio Pardo, que passou por um fenômeno semelhante em 2021 com outra fábrica de celulose, o aluguel de uma quitinete que antes custava R$ 600 disparou para valores acima de R$ 1.500.
E os preços devem continuar subindo?
Com a nova alta do IGP-M e um mercado imobiliário aquecido, os aluguéis em Mato Grosso do Sul devem seguir pressionados. Apesar da desaceleração do custo da construção civil – medida pelo INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), que subiu 0,51% em fevereiro contra 0,71% em janeiro – o impacto do IGP-M nos reajustes de contratos pode ser sentido nos próximos meses.
O avanço da inflação do aluguel também ocorre em um momento em que a conta de luz voltou a subir, pressionando ainda mais os custos de moradia. O grupo Habitação, que compõe o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e representa 30% do IGP-M, registrou alta de 1,49% no mês passado, puxado pela tarifa de eletricidade residencial, que subiu 5,52%.
A tendência agora depende do comportamento da economia nos próximos meses. Caso o mercado de trabalho se mantenha aquecido, a demanda por locação pode continuar forte, sustentando preços elevados. Para os inquilinos, a recomendação é ficar atento às cláusulas de reajuste no contrato e, se possível, negociar valores antes da renovação anual do aluguel.
Por Djeneffer Cordoba
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