Com medicamentos escassos na rede pública, farmácias se fixam em entorno de UPAs como estratégia de lucro

FOTO: MARCOS MALUf
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No Vila Almeida, estabelecimentos se espalham para gerar oportunidade ao consumidor

Na Capital, avistar um estabelecimento de saúde como as UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) e logo em seguida, diversas farmácias em seu entorno, tem se tornado uma visão do cotidiano cada vez mais comum. A reportagem do jornal O Estado, a fim de entender porque o segmento de farmácias tem seguido essa dinâmica, foi às ruas para observar esta movimentação.

Na Vila Almeida, onde está localizada a UPA Dr. Alessandro Martins de Souza Silva, é possível identificar um estabelecimento da rede de drogarias Ultra Popular logo na esquina. Não é preciso caminhar muito na Avenida Yokoama, para encontrar um outro estabelecimento também da Ultra Popular. No sentido contrário, atrás da unidade de saúde, também verifica-se um estabelecimento de rede diferente, é a Drogaria Levi e, assim, se segue o trajeto de quem está localizado próximo a um estabelecimento da rede pública.

Em esclarecimentos ao jornal O Estado, a gestora farmacêutica da Drogaria Levi, Valesca Hercolani, 45, argumenta que estar perto do local onde o médico dispensa o medicamento, facilita a estratégia de vendas. “Tem muitas pessoas muito simples, que não tem carro e se tem, quanto mais próximo do local de tratamento, melhor. Então, eles literalmente saem da UPA e vem aqui e já compram”, explica.

“Aqui tem várias farmácias ao redor, as pessoas questionam onde é o melhor preço, onde parcela mais e eles vão escolhendo o local que eles mais gostam. As minhas receitas, quase 80% são da UPA”, disse a Gestora farmacêutica, Valesca Hercolani

Ainda conforme Hercolani, em decorrência do tempo seco, houve consequentemente aumento na compra de produtos básicos para inalação e problemas respiratórios, como o soro fisiológico, inaladores, clenil A, atrovent e o berotec, produtos que variam entre R$ 7 e R$ 70. Mas, os vencedores de vendas, independente da época, são os antibióticos.“A amoxicilina, cefalexina e azitromicina, sempre foram e sempre serão o carro-chefe, porque infelizmente o uso do antibiótico é uma coisa boa, mas é um problema a longo prazo e muitas pessoas acham que o problema vai ser resolvido somente com o antibiótico”, argumenta.

Quanto à proximidade das farmácias ao estabelecimento de saúde, a farmacêutica gestora da Ultra Popular, Luciana Furini, 33 anos, explica que a presença é positiva pela facilidade. “Dá acessibilidade para as pessoas que precisam do posto e da farmácia ao mesmo tempo, porque a doença é uma coisa que a gente não está esperando. Vários medicamentos que não tem na rede e nem na Casa da Saúde, eles vêm e questionam bastante: ‘a gente não encontra na rede e antes a gente encontrava na rede e não encontra mais’, como a gente atende o programa da Farmácia Popular, tem dispensa que pelo programa sai de graça”, explica sobre a saída dos medicamentos as vantagens ao consumidor.

Prefeitura sobre medicamentos

Em questionamento sobre os medicamentos que podem estar em falta neste momento na rede pública municipal, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que os remédios mais utilizados são os para doenças crônicas, como diabete e hipertensão e encontram-se com estoque disponível no almoxarifado e consequentemente em toda a rede. Em Campo Grande, são mais de 100 pontos de distribuição. Em decorrência desse clima instável, houve aumento do consumo de remédios para vômitos, diarreia, sais para reidratação oral e xaropes para tosse e alergias.

Por Julisandy Ferreira

 

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