Profissionais, hospitais do Estado e pacientes comemoram acesso à informações na palma da mão
Facilitando a vida dos pacientes, o aplicativo “Meu SUS Digital”, antigo Conecte SUS, ultrapassou a marca de 30 funcionalidades, ampliando o acesso de toda a população a informações de saúde e serviços pelo celular. Entre as inovações mais recentes estão o registro de atendimentos clínicos realizados nas Unidades Básicas de Saúde, com a possibilidade de avaliar a qualidade da assistência e as condições do estabelecimento. A iniciativa, que vem mudando a forma como o usuário interage com o sistema de saúde, faz parte da estratégia do Ministério da Saúde para a transformação digital do SUS.
Paciente de hemodiálise há quatro anos, Mamédia Nascimento Mendes de 62 anos mora na cidade de Guia Lopes da Laguna e três vezes na semana vem a Campo Grande para passar pelo procedimento e revela que sempre antes de sair da cidade onde mora verifica se seus documentos necessários para o procedimento estão na bolsa, já teve vezes que voltou sem ser atendida. ” Nem sempre são os mesmos médicos que fazem o atendimento, tem uma rotativa dentro do ambiente hospitalar, precisamos está com os documentos corretos em mãos, o prontuário ainda é de papel corre o risco de se perder, a tecnologia nesse caso vai facilitar tanto a vida do paciente quanto dos profissionais da saúde”, reforçou.
“Para a Santa Casa de Campo Grande os benefícios serão inúmeros”, assim elogia o Diretor Técnico da Santa Casa de Campo Grande, William Lemos, o novo sistema. O profissional também destaca a redução de custos como outro ponto positivo que a tecnologia oferece.
“Para a Santa Casa de Campo Grande os benefícios serão inúmeros, tanto para os profissionais de saúde quanto para os pacientes. Primeiramente, diante do acesso rápido e integrado às informações, com um prontuário eletrônico unificado, os médicos e demais profissionais de saúde poderão se familiarizar rapidamente com o histórico completo do paciente, independentemente do local onde o atendimento anterior foi realizado”, pontua. O diretor ainda destaca “a otimização dos recursos e a redução de custos, como a eliminação de prontuários físicos, a digitalização das informações, o acesso a tratamentos e exames já realizados e a oportunidade de ver o paciente como um todo contribuem para a otimização dos recursos em toda cadeia de valor da saúde”.
Acessível e prático
Os usuários também têm acesso pelo aplicativo à carteira nacional de vacinação, com emissão de certificados; autorização para retirada gratuita de absorventes pelo programa Dignidade Menstrual e o histórico da dispensação de medicamentos do programa Farmácia Popular, que será expandido em breve para o acesso às receitas e medicamentos oferecidos pelo SUS. De forma inovadora, uma das funções possibilita acompanhamento da fila de transplantes e emissão da carteirinha de doador de sangue.
Ainda, um prontuário unificado permite que, nos atendimentos realizados em outras cidades ou mesmo em diferentes níveis de atenção, ou instituições do mesmo município, todo o histórico de saúde possa ser consultado, acelerando o tempo para diagnóstico e tratamento. Muitas vezes os exames precisam ser refeitos por falta de comunicação entre sistemas, conforme explica o superintendente do HU-UFGD, Hermeto Paschoalick.
“Por exemplo: uma pessoa é atendida na atenção primária (saúde da família) e diagnosticada com diabete. Após o início do tratamento, é identificada uma complicação que demande da atenção especializada (endocrinologia, ou nefrologia, por exemplo). Ao chegar no ambulatório, a equipe já terá acesso a todos os exames laboratoriais e de imagem realizados, e a todos os achados clínicos já documentados e investigados, permitindo que o tratamento seja continuado a partir daí, sem atrasos. Após a alta ambulatorial, o paciente pode ser efetivamente acompanhado pela equipe de saúde da família e pelos agentes comunitários, tendo conhecimento integral de todo o plano de cuidado proposto pela equipe especializada. A chance de sucesso no tratamento aumenta muito”, enfatiza.
Publicidade para adesão e segurança da informação
Com mais de 50 milhões de downloads e 4,5 milhões de usuários ativos, o Meu SUS Digital é o mais baixado na categoria saúde entre aplicativos gratuitos. O avanço das funcionalidades dá mais autonomia ao cidadão e permite o maior acompanhamento da sua saúde e do seu autocuidado, além de os dados serem fundamentais no aprimoramento de políticas públicas e maior eficiência da assistência. A avaliação do atendimento nas Unidades Básicas de Saúde, por exemplo, reforça a estratégia de reestruturação da Saúde da Família. Em breve, o acompanhamento de consultas, exames e procedimentos estará disponível em toda a rede do SUS.
Para o presidente do SINMED/MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana, a digitalização do prontuário é uma iniciativa positiva, porém alerta para que a desigualdade social que acomete o país pode ser um desafio ao novo sistema.
“Obviamente, isso seria interessante porque toda vez que algum profissional médico ou algum outro profissional de saúde fosse fazer o atendimento do paciente, teria um histórico detalhado do que esse paciente tem ou o que ele já teve, medicações, o que ele já passou, exames que já foram feitos. O desafio é você fazer isso tecnologicamente, dentro de um país igual ao nosso, com a população que a gente tem”, pondera.
Outro ponto ressaltado pelo presidente é sobre a proteção de dados dos pacientes. O profissional reitera que o software utilizado para o programa precisa ser seguro e garantir a proteção de informações pessoais.
“Tem que ser um programa, um software bastante preciso, bastante seguro para que as informações do paciente não possam ser vazadas e acessadas por aqueles que não têm uma autorização. Então, apesar de desafios, eu acredito que o principal seja o respeito a essa lei de proteção de dados e segurança do paciente”, argumenta.
Além do acesso direto de dados por parte do usuário do aplicativo, o programa SUS Digital prevê acesso ao prontuário eletrônico do paciente durante a consulta, expansão da telessaúde, diagnóstico da maturidade em saúde digital das cidades brasileiras e o planejamento de ações regionais, tendo como base a Rede Nacional de Dados em Saúde.
Para a médica Jaciara de Souza, para uma expansão e melhor divulgação do serviço é necessária e médicos podem ajudar. “Eu acredito que muitas pessoas não usam ainda porque não é tão divulgado, não sabem sobre todos os benefícios do aplicativo. Inclusive, durante o atendimento, na consulta, eu acredito que o médico poderia ser uma pessoa a instruir o paciente de que o aplicativo existe, de que o paciente pode acompanhar por lá”, reflete.
Para o sucesso da implementação do sistema, é necessária a criação de políticas específicas para cada localidade. De acordo com dados do IBC (Índice Brasileiro de Conectividade), mostram que estados do Maranhão, Roraima, Amazonas, Piauí e Pará contam com as piores faixas de conectividade no país. Por outro lado, Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estão com classificação “Alta” de conectividade.
Por Ana Cavalcante e Thays Schneider
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