Fronteira Guarani

(Fotos: Redes sociais)
(Fotos: Redes sociais)

Grupo une nomes da música sul-mato-grossense para show de abertura do projeto Som da Concha

Quem pensa que sons como polca com rock, guarânia com reggae e rap em guarani não poderia se unir, está enganado. Isso porque artistas de peso na música de Mato Grosso do Sul se juntaram no grupo ‘Fronteira Guarani’, para refletir a mistura de influências culturais da fronteira do Estado, advindos dos vizinhos Paraguai e Bolívia. O grupo se apresentará na abertura do projeto Som da Concha, no próximo domingo (16), às 18h, na Concha Acústica Helena Meireles.

‘Fronteira Guarani’ reúne quatro artistas de MS: Alzira E, Marina Peralta, Brô MC’s e Hermanos Irmãos, que apresentam a música contemporânea sul-mato-grossense em espetáculo já realizado no Teatro da Caixa Cultural em Curitiba.

Eles atuam há décadas com seus respectivos trabalhos solos e, pela primeira vez, irão estar todos juntos em um mesmo palco. O repertório do show traz composições com letras focadas na tradução do jeito de ser do sul-mato-grossense fronteiriço, no alerta para a natureza ameaçada do Pantanal e Cerrado e na denúncia de violência contra mulheres, indígenas e afrodescendentes.

“O projeto começou quando conheci essa galera do Hermanos Irmãos, fazendo shows para um projeto de circulação em escolas e universidades. Eu me lembro que a nossa produtora me convidou para prestigiar o show deles, em Ponta Porã. Eles já sabiam do nosso grupo, gostavam bastante, e nos convidaram para participar de uma música com eles, durante esse show. Eles curtiram essa troca de experiências, e fomos convidados para participar de mais dois shows. A partir dai criamos um vínculo, e tivemos a ideia de fazer o grupo, porque é uma fronteira mesmo, a música deles com a nossa, que é indígena” explicou Kelvin Mbaretê, integrante do Brô MC’s, em entrevista ao jornal O Estado.

Pluralidade musical

A apresentação no Som da Concha é a primeira que o grupo irá realizar em Mato Grosso do Sul. Sua estreia foi em Curitiba, no projeto Caixa Cultural, em fevereiro deste ano. “Foi muito bacana, reunir esses artistas que são muito importantes para o Estado. Cada um tem a sua história, sua trajetória musical e são referencias na música de MS, então foi muito importante. Ficamos muito gratos em fazer essa mescla, que é totalmente diferente; até hoje não tínhamos visto ninguém fazer esse tipo de apresentação, que reúne gêneros diferentes da música. Foi importante tocar em Curitiba, porque a cidade tem um público mais rígido, e passamos no ‘teste’”, reforçou Charles Peixoto, o CH, do Brô MC’s. “É uma felicidade imensa estar tocando para o público sul-mato-grossense, onde é a nossa raiz. Estamos bem animados, e esperamos que todos compareçam, já que é um show muito especial, dividir o palco com esses artistas”, complementou Bruno Veron.

O público que for prestigiar o show do grupo Fronteira Guarani será apresentado a música fronteiriça de Mato Grosso do Sul, da qual Alzira E é uma das pioneiras, desenvolvendo seu repertório desde os anos 1970. Suas canções já foram gravadas por nomes importantes da Música Popular Brasileira e, nos últimos anos, Alzira vem se consolidando como uma das compositoras de maior prestígio do País. Sua obra se torna referência para vários artistas, como o próprio Hermanos Irmãos.

Formado por Jerry Espíndola, Márcio De Camillo e Rodrigo Teixeira, o trio tem um trabalho voltado para a releitura de clássicos da música regional de MS e suas composições exploram o universo do ritmo ternário comum em toda a fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina.

“Feliz com o convite da Fundação para fazer a abertura do Som da Concha com um projeto tão importante como o Fronteira Guarani. Apresentamos este show no começo do ano em Curitiba na Caixa Cultural, e agora vamos tocar em nosso estado, mostrando que somos do mesmo lugar, apesar dos estilos diferentes dos artistas. Acho que é um encontro muito bonito e vai ser surpreendente para o público o que vamos mostrar neste domingo!”, convidou Jerry Espíndola.

Marina Peralta e Brô MCs representam uma nova maneira de traduzir a “fronteira guarani”, trazendo para o universo musical sul-mato-grossense a batida do rap e a cadência do reggae. “Só Agradece” se tornou um hit na rede mundial e abriu caminho para Marina Peralta transformar-se em uma das artistas em grande ascensão da música brasileira, com milhões de acessos nas plataformas digitais. Já o Brô MCs é o primeiro grupo de rap indígena do Brasil. A sua formação conta com Bruno Veron, Clemersom Batista, Charlie Peixoto e Kelvin Mbaretê, além do DJ Jhon. Suas letras, cantadas em português e guarani, retratam a realidade indígena da fronteira brasileira, especialmente, dos guarani kaiowá das comunidades Jaguapiru e Bororó, onde vivem os integrantes do grupo, em Dourados (MS). Em 2022, o Brô MCs fez uma participação no videoclipe “Demarcação” de Marina Peralta e conquistou outros parceiros importantes como o DJ Alok e o rapper Xamã.

“Quando a gente faz essa parceria, quando nós surgimos com outros artistas de Mato Grosso do Sul, é uma coisa linda, através da música surgiu uma grande amizade, onde levamos a nossas música, arte e poesia para mostrar para o público que falamos sobre a natureza, sua importância e riqueza. Vamos mostrar para os campo-grandenses que os artistas de MS fazem diferença”, finalizou o integrante do Brô MC’s, Clemerson Batista.

Sobre o Som da Concha

O projeto Som da Concha deste ano acontecerá na Concha Acústica Helena Meirelles e em mais quatro municípios de Mato Grosso do Sul. O objetivo é valorizar e difundir a produção musical sul-mato-grossense. O projeto criado em 2008 pela Fundação de Cultura proporciona shows aos domingos com entrada franca na Concha Acústica Helena Meirelles, que fica no Parque das Nações Indígenas.

O gerente de Difusão Cultural da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Vitor Maia, disse estar muito feliz de retomar o projeto. “Ele é um projeto muito esperado pela classe artística. O Som da Concha costuma ter uma concorrência bem acirrada, os selecionados geralmente são selecionados com notas bem altas. Foi muito bom retomar. É um projeto muito esperado por nós da Fundação de Cultura e pela classe artística também”.

A coordenadora da Concha Acústica Helena Meirelles, Wanda Brito, disse que toda a equipe da Concha está recebendo o projeto deste ano com muita emoção. “Você não imagina a emoção que está sendo para toda a equipe lá da Concha Acústica Helena Meireles, ainda mais este ano em que ela faria cem anos, vai ser o centenário dela, e vai coincidir, então vai ser um espetáculo. A gente está aqui esperando de braços abertos, todos os artistas que foram selecionados, a Concha Acústica recebe as pessoas muito bem, não só eu, mas a minha equipe, a gente fala a família Concha Acústica Helena Meirelles está esperando há um ano este projeto, hoje nasceu novamente, está brilhando! A gente espera um bom desempenho das bandas que foram selecionadas e vai ser um sucesso”.

Serviço:

O show do grupo Fronteira Guarani será realizado neste domingo (16) a partir das 18h, na Concha Acústica Helena Meireles, com entrada gratuita.

 

Por Carolina Rampi

 

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