MS é 3º no ranking com etanol mais barato

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Na Capital, população passa pela transição da gasolina para o combustível mais barato.

O Mato Grosso do Sul é o 3º lugar no ranking de estados com os melhores preços do etanol em todo o país. Ainda assim, o caminhar para a mudança de combustível ainda é lento em todo o Brasil. Em 11 das 27 Unidades da Federação conforme dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) o combustível não foi competitivo. Fatores logísticos, agrícolas e tributários interferem no sucesso do etanol, que foi vantajoso sobretudo em todos os estados das regiões Centro-Oeste e Sudeste.

Dentre os estados onde o etanol é o combustível mais vantajoso a ser utilizado de acordo com o preço, está em 3º lugar o Mato Grosso do Sul, com um valor médio de R$ 3,42, enquanto São Paulo fica em 2º lugar com R$ 3,40 e Mato Grosso em 1º com R$ 3,24. Ainda conforme o levantamento feito pela Folha de São Paulo a partir dos dados da ANP, se o valor do etanol chegar a 70% do valor da gasolina, em uma linha de compensação, é entendível que o combustível derivado da cana-de-açúcar seja mais vantajoso que a gasolina. No Mato Grosso o preço do etanol equivale a 54,73% do valor da gasolina, tornando o estado como o mais vantajoso do país. Já são Paulo fica com uma parcela de 60,71%, enquanto MS fica com 61,29%

Historicamente Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Mato Grosso, e Distrito Federal respondem por mais de 85% das vendas, por concentrarem as usinas de moagem da cana ou por terem alíquotas de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) mais atrativas.

De acordo com a Datagro e a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), os modelos bicombustíveis representam atualmente 85% da frota de veículos leves circulante no Brasil. O índice atual dos que consomem etanol, 30% em janeiro, chegou a ser de 19,4% no mesmo mês do ano passado, o que o setor vê como uma alta considerável — mas apontam que o potencial poderia ser de pelo menos 50%.

Panorama regional

A reportagem do jornal O Estado esteve na segunda-feira, 1º de abril, em, pelo menos, sete postos da Capital para apurar se o preço do etanol tem compensado frente ao valor da gasolina e também apurou o que a população tem achado sobre o combustível. No Posto Vitória e no Posto Kátia Locatelli localizado próximo ao Morenão, o etanol foi encontrado a R$ 3,39 à vista e R$ 3,59 a prazo. No Posto Pororoca VI, o combustível também era comercializado ao valor de R$ 3,39, assim como no Posto Rui Barbosa que também manteve o preço em R$ 3,39. No Posto Sem Limite o etanol era vendido a R$ 3,49 à vista e R$ 3,79 no crédito, com uma diferença alcançada entre R$ 0,10 e R$ 0,20 dentre os demais postos. No Alloy Auto Posto I e no Posto Gueno Prosa onde foram abordados os personagens da matéria, o etanol era comercializado o etanol era comercializado a R$ 3,19, pelo menos R$ 0,30 centavos de diferença dos demais postos no formato de pagamento à vista.

O diretor-executivo do Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes MS), Edson Lazzarotto, explica que o etanol tem se mostrado bastante atrativo, principalmente nos últimos seis meses, onde chegou a alcançar 49% de aumento comparado ao volume de 2022 e 2023. “No Estado tivemos um incremento de 49% a mais no volume comercializado, sendo que no final de 2023, ultrapassou 193.600 milhões de litros, enquanto que a gasolina cresceu pouco mais de 6%”.

Conforme Lazarotto, tem havido uma mudança de comportamento por parte do consumidor, que tem trocado o combustível por ser um produto limpo de fonte renovável produzido de uma matéria orgânica como a cana-de-açúcar e milho, além de ser uma forma de apoiar o próprio Estado, já que MS hoje é o 4º maior produtor de etanol do país. No entanto, ainda há dificuldades quando se fala a nível nacional.

“Apesar da maioria dos veículos leves vendidos no país serem flex, o etanol está longe de ser o preferido pelos motoristas no momento de abastecer nos postos de combustíveis. Isso acontece por uma série de fatores, mas principalmente pelo preço praticado em alguns estados, onde o litro do combustível derivado da cana-de-açúcar chega a representar mais de 90% do valor da gasolina” esclarece o diretor do Sinpetro-MS.

A professora, Letícia Rodrigues de Souza, 22, argumentou que migrou para o etanol em média quatro meses. Conforme explicou a reportagem, além de exercer a profissão de professora, ela também faz Uber e com isso, gasta em média R$ 1800 por mês com o etanol, o que antes com a gasolina era somado em R$ 3 mil. Com isso, gasta em média R$ 60 por dia com etanol, mas antes gastava em torno de R$ 100 com gasolina.

“O etanol está bem mais em conta, com a gasolina não dá. Só por dia, eu gasto R$ 60, quando eu colocava gasolina era uns R$ 100, então eu economizo R$ 40. Eu nunca parei para calcular a quilometragem, mas eu ando bastante, faço em média 20 corridas por dia, então é bastante. Eu abastecia só gasolina, agora eu mudei para etanol e economizo, faz uns quatro meses ou cinco que eu fiz essa troca”, esclarece Souza.

A dona de casa, Edma Aparecida Félix, 59, é uma das que ainda não migraram para o etanol e não pretende. Segundo ela, quando adquiriu o novo carro, fez o teste com o etanol e percebeu que pelo valor não estava compensando. “Abasteço sempre com a gasolina, não abro mão. Quando eu peguei ele, eu abasteci com etanol, mas aí eu vi que não compensaria para mim, então eu voltei a gasolina. Por mais que a gasolina seja mais cara, ela rende mais. Fora que ajuda no motor também, nunca fui de usar etanol, não sou de usar etanol, prefiro a gasolina, porque eu ando muito. Eu moro um pouco aqui e um pouco na fazenda, é academia, entregar uma coisa para uma pessoa que me pede e aí eu achei que o etanol não estava me favorecendo”, avalia Félix.

O vendedor, Antônio Lima, 48, argumenta que está mais barato abastecer com etanol do que com outro combustível. Segundo o vendedor, já faz um ano que ele aderiu ao combustível. “Mais em conta, mais barato, está rendendo mais para mim do que a gasolina, sempre abasteço com o etanol, porque eu rodo muito, então por quilometragem para mim tá valendo a pena” explica.

A professora, Iraíma Barros Cordeiro, 57, tem consciência de que o etanol pode atingir até 70% do preço da gasolina e por isso, ela acredita que compensa. Mesmo que a economia possa parecer pouca em primeiro momento, segundo a professora, faz diferença em um cenário inflacionário. “Eu acho que no decorrer do mês compensa, porque meu carro faz uma boa quilometragem com o etanol, então a gente tem que buscar o que está mais em conta, visto que está subindo tudo e a inflação está de volta com tudo. Teve uma época que eu abastecia com a gasolina, porque ela estava compensando em relação ao etanol, devido ao percentual que eu te falei, mas com o etanol a gente tem uma economia, pouca que seja, mas melhor economizar um pouco, porque as coisas estão bastante difíceis no atual governo”, pontua Cordeiro.

Cenário desfavorável

O Amapá na atualidade é o estado menos vantajoso quando o assunto é o etanol, já que a gasolina é comercializada a R$ 5,58 e o etanol a R$ 5,12. Em 2º lugar como menos vantajoso aparece Roraima, com o valor do etanol calculado em R$ 4,82 e a gasolina comercializada a R$ 6,06 e, em terceiro, o Rio Grande do Sul, com o valor em R$ 4,37 no etanol e R$ 5,71 na gasolina. Na tabela de compensação em comparativo, o Amapá, por exemplo, é onde menos se compensa utilizar o etanol, porque o litro custa 91,76% do valor da gasolina.

 

Por Julisandy Ferreira

 

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