Caixa Corta-Fogo: Uma alternativa contra os incêndios no Pantanal

Foto interna: acervo pesquisadora
Foto interna: acervo pesquisadora

Em meio às vastas planícies do Pantanal, uma pesquisadora tem se dedicado a encontrar uma solução para um problema que afeta não apenas o bioma, mas também a vida das comunidades rurais que dependem de seus recursos naturais. A pesquisadora Ana Carolina Faccin, geógrafa e docente do Campus Pantanal da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Corumbá, está desenvolvendo a “Caixa Corta-Fogo,” uma caixa incineradora de resíduos de baixo custo, com o objetivo de reduzir os incêndios florestais no Pantanal.

O projeto, intitulado “A Caixa Corta-Fogo: Uma estratégia para a diminuição dos incêndios florestais no Pantanal de Mato Grosso do Sul,” é financiado pela Fundect, a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul. O órgão governamental, por meio do Edital Mulheres na Ciência Sul-Mato-Grossense, destinou um aporte de R$ 5 milhões para apoiar 61 pesquisas lideradas por mulheres na área de inovação e pesquisa científica.

Ana Carolina Faccin destaca que o propósito da Caixa Corta-Fogo é proporcionar aos moradores das áreas rurais uma alternativa segura para a incineração do lixo, eliminando os riscos associados à queima descontrolada e ajudando a preservar o bioma. Ela ressalta que o fogo é uma parte cotidiana da vida das comunidades rurais, mas os resíduos muitas vezes são queimados em locais inapropriados, como buracos rasos nos quintais, resultando em incêndios não planejados.

O projeto, com uma duração estimada de dois anos, encontra-se atualmente em sua fase inicial, que inclui estudos de campo e a criação de um protótipo da Caixa Corta-Fogo. Ana Carolina explica que estão trabalhando na definição do tamanho e do material apropriados, bem como no custo do dispositivo. Um modelo já está em desenvolvimento, mas antes de construí-lo e testá-lo, eles precisam obter a licença do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). No futuro, eles planejam avaliar a possibilidade de utilizar materiais doados para aumentar a escala de implantação.

Para a pesquisa, dois assentamentos, o Assentamento 72 em Ladário e o São Gabriel em Corumbá, foram selecionados. Segundo a pesquisadora, o São Gabriel tem apresentado um dos maiores números de focos de incêndio nos últimos anos, conforme dados georreferenciados da plataforma Mapbiomas.

A Fundect contribuiu com um financiamento de R$ 80.450, cobrindo desde bolsas de estudo para estudantes de graduação envolvidos na pesquisa até o custeio do material necessário para as Caixas Corta-Fogo. Ana Carolina enfatiza que, sem o apoio da Fundação, o projeto não seria viável.

Nalvo Franco de Almeida Jr, diretor científico da Fundect, destaca que os incêndios representam uma ameaça direta às comunidades locais do Pantanal, que dependem dos recursos naturais do bioma para subsistência, pesca, turismo e agricultura. Ele ressalta que projetos como o da professora Ana Carolina não apenas avançam o conhecimento, mas também têm um impacto social direto nas comunidades, demonstrando o compromisso da academia com o bem público e a tecnologia social.

Desde o início do projeto, a comunidade local tem desempenhado um papel fundamental, colaborando ativamente na pesquisa. Ana Carolina Faccin destaca que a pesquisa vai além da criação da caixa incineradora, pois também busca identificar, mapear e analisar as áreas propensas a incêndios florestais no Pantanal sul-mato-grossense. Além disso, o projeto discute critérios de vulnerabilidade territorial, elementos que fragilizam a região do ponto de vista ambiental, econômico, político e social.

O projeto também prevê a cooperação de diversos especialistas em diferentes etapas, incluindo o prof. Dr. Élvis Ramos (UFMS), o prof. Dr. Ricardo Castillo (UNICAMP), Thainan Nornato (Ibama PrevFogo), Lígia Lopes de Santana (Fundação de Meio Ambiente de Ladário), o prof. Dr. Mateus Sampaio (Unesp) e Robson Simões (Unicamp e AINTSO Labs).

Com informações de Maristela Cantadori, Comunicação Fundect

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