Novas imagens de invasão fazem deputados de MS cobrarem CPMI

Foto: Reprodução/CNN Brasil
Foto: Reprodução/CNN Brasil

Texto: Rayani Santa Cruz, Jornal  O Estado de Mato Grosso do Sul]

Omissão do chefe GSI levanta suspeita e reforça a tese de facilitação

Novas imagens da invasão aos Três Poderes, ocorrida em 8 de janeiro, em Brasília, foram divulgadas na quarta-feira (19), pela CNN Brasil. Com isso, deputados bolsonaristas de Mato Grosso do Sul cobram agilidade na abertura da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos antidemocráticos. A base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta “estancar a sangria”, após a insatisfação dos parlamentares, diante do adiamento da sessão do Congresso.

O presidente do Congresso e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), justificou o adiamento sob a necessidade de votar dois projetos de lei (um sobre o reajuste salarial a servidores públicos e outro sobre o piso salarial da enfermagem). Porém, após a divulgação das imagens colhidas (existem mais de 160 horas de gravação) relativa aos atos, a pressão aumentou, já que é mostrado um baixo contingente de segurança no Palácio do Planalto e a atuação do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), com aparição do general Gonçalves Dias.

Amigo pessoal e fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL) defende a CPMI e, em datas anteriores, afirmou que a depredação dos prédios deveria ser investigada, por suspeitas de haver infiltrados. Ele acredita em omissão do governo federal.

“O chefe do GSI fugiu e apresentou atestado, para não prestar esclarecimentos, na Comissão de Segurança, sobre o dia 8 de janeiro, justo no dia que as imagens foram divulgadas pela CNN. O medo toma
conta do desgoverno Lula”, disse Nogueira, que também criticou as articulações da base governista para adiar a sessão.

“O pedido de CPMI sobre os episódios de 8 de janeiro, apresentado pela oposição, está pronto para ser lido, na sessão do Congresso.” Nas imagens divulgadas, o ministro Gonçalves Dias aparece guiando os invasores para portas de saída, em clima ameno.

A CPMI

A leitura é uma das etapas necessárias para a instalação e o funcionamento do colegiado investigativo. Sobre o assunto, o deputado federal Marcos Pollon (PL) disse que, após as imagens, ficaram claros os motivos de o governo não aprovar as investigações. “O ministro do Dilmo (Lula) estava lá, dando auxílio amigável para as pessoas se deslocarem dentro do prédio. Analisando, a verdade começa a vir à tona.”

Ele afirma que os deputados estão lutando há semanas pela instauração da investigação. “Queremos verificar o que aconteceu no dia 8, qual foi o nível das armadilhas e artimanhas envolvidas nisso aí. E queremos saber qual é o nível de comprometimento das autoridades ‘constituídas’ e que deveriam cuidar, para que aquilo não acontecesse. Por que foi leniente? Por que foi permissiva? E por que o governo está colocando sigilo nessas imagens e se recusando a passar para a Câmara?”.

Pollon cita que o presidente do Congresso e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), está protelando a leitura da CPMI. “Pelas normas regimentais, ele deveria e tinha obrigação de instaurar a sessão e ler o documento. No entanto, ele, mais uma vez, se mostra como um arauto do governo federal e prejudica terrivelmente as atividades do Congresso. Na semana que vem, conseguiremos instaurar essa CPMI, sim.”

Dr. Luiz Ovando (PP), que assinou o pedido, afirma que “uma imagem vale mais que mil palavras!”. “É possível ver que membros do GSI cumprimentam e até ajudam alguns manifestantes. Não há dúvidas sobre a importância da instalação imediata da CPMI”.

A senadora Tereza Cristina (PP) afirma que a base tenta manobras, mas que a oposição está de olho. “Por que tanto temor da CPMI do 8 de janeiro? Vamos continuar na luta, pela instalação imediata! No Senado Federal, isso não dará certo.”

Parte da oposição já acusa Lula de ter decretado sigilo das imagens porque elas podem demonstrar o cometimento de crime de, pelo menos, um dos seus ministros. Agora, a oposição promete obstruir o trabalho das comissões e do plenário da Câmara, com exceção do que diz respeito ao combate à violência nas escolas. Os parlamentares indicam que continuarão com esse comportamento até a CPMI ser lida. De MS, assinaram o pedido de CPMI Rodolfo Nogueira (PL), Marcos Pollon (PL), Dr. Luiz Ovando (PP), senadora Tereza Cristina (PP) e senador Nelsinho Trad (PSD).

Cai o primeiro-ministro do governo Lula

O general Gonçalves Dias pediu afastamento do cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Presidência da República. Dias é o primeiro-ministro a deixar o governo, no terceiro mandato de Lula.

O ministro deixou o cargo no mesmo dia que vídeos, que estavam sob sigilo, por fazerem parte de inquérito policial, foram divulgados.

Ele comandou a segurança pessoal do presidente entre 2003 e 2009, em seus mandatos anteriores. Ele também foi chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Acesse também: Polícia Civil divulga números de desaparecidos e pede ajuda da população

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