“O tema internet é novo para o presidente Lula”, diz a deputada Camila Jara

camila jara votando

O que o governo federal quer com a regulamentação da mídia é combater a desinformação adotando modelos de outros países, defende

Camila Jara chega ao Congresso Nacional para seu primeiro mandato como deputada federal, sendo o nome da renovação do PT. Expoente das redes sociais, a parlamentar mantém o Instagram como seu principal meio de comunicação com o público, onde conta com mais de 72,5 mil seguidores. Camila defende que a proposta de regulamentação das mídias pelo presidente Lula (PT) precisa ser amplamente debatida no Congresso e apoiada pela sociedade. “O tema é novo para o presidente Lula e muitas vezes ele dá declarações que precisam ser esclarecidas.

O PT é contra a censura e isso é claro entre todos os integrantes do partido. O que se quer é o combate à desinformação, ou seja, punir as fake news, e isso já está sendo feito em diversos países”, apoia a parlamentar.

Como vereadora de Campo Grande, Camila diz que enfrentou a fúria da internet, com montagens, ofensas e ameaças. Na sua visão, a regulamentação da mídia não representa deixar nas mãos do governo o poder de decidir o que pode ou não ser publicado, mas responsabilizar os autores por postagens que ofendam a moral.

“Eu mantenho uma relação direta com os meus eleitores e nunca sofri nenhum bloqueio por parte das redes sociais, pois tenho um relacionamento franco, seja quando recebo críticas ou quando faço críticas. Procuro ter respeito por pessoas que têm uma posição diferente da minha. Considero que o debate é fundamental. Apesar de nunca ter faltado com respeito a ninguém em minhas postagens, por três vezes tive de ir à polícia para registrar Boletim de Ocorrência por ameaças que recebi. É um preço que é pago pelas pessoas que estão nas redes sociais”, cita.

Apoiadora do presidente Lula, a parlamentar acredita que, por mais que o Congresso seja formado por maioria de conservadores e da direita, bucará espaço para defender bandeiras como LGBTQIAP+, negros, índios, etc.

Camila foi a única parlamentar petista que se manifestou contrária de o PT participar da base do governo de Eduardo Riedel (PSDB) na Assembleia Legislativa de MS. Seu nome desponta como possível candidata à Prefeitura de Campo Grande, para a qual ela apoia candidatura própria do PT em 2024.

O Estado: Seu perfil nas redes sociais é bem ativo, o que atrai olhares dos jovens à política. Qual o peso que a internet teve na sua eleição? 

Camila Jara: As redes sociais facilitam o acesso do político aos eleitores e vice- -versa. Antes tinha de se ir de porta em porta para ouvir as pessoas e as pessoas tinham de se deslocar até os gabinetes, agora por meio das redes sociais se mantém um contato direto entre o eleitor e o político seja com críticas ou com a apresentação de reivindicações. Como a base do meu eleitorado é de jovens, posso dizer que as redes sociais tiveram importância fundamental para as minhas eleições e também para o mandato de vereadora. 

O Estado: Nos diversos vídeos gravados a parlamentar sofreu algum bloqueio de postagens pelas plataformas ou com haters, ofensas que a obrigaram a recorrer à polícia? 

Camila Jara: Eu mantenho uma relação direta com os meus eleitores e nunca sofri nenhum bloqueio por parte das redes sociais, pois tenho um relacionamento franco, seja quando recebo críticas ou quando faço críticas. Procuro ter respeito por pessoas que têm uma posição diferente da minha. Considero que o debate é fundamental. Apesar de nunca ter faltado com respeito a ninguém em minhas postagens, por três vezes tive de ir à polícia para registrar Boletim de Ocorrência por ameaças que recebi. É um preço que é pago pelas pessoas que estão nas redes sociais. 

O Estado: O presidente Lula defende a regulamentação das mídias. Isso não seria uma forma de controle ao direito de se manifestar? Já que no Código Penal existem crimes de calúnia, difamação e injúria para quem sente a honra ofendida. 

Camila Jara: O tema é novo para o presidente Lula e muitas vezes ele dá declarações que precisam ser esclarecidas. O PT é contra a censura e isso é claro entre todos os integrantes do partido. O que se quer é o combate à desinformação, ou seja, punir as fake news, e isso já está sendo feito em diversos países e o principal exemplo é a Finlândia, com iniciativas que podem ser usadas como exemplo para que o tema venha a ser discutido no Brasil. À medida que se tiver políticas fortes de combate à desinformação, não há riscos de censura nas redes sociais. 

O Estado: Regulamentar a mídia não pode representar deixar nas mãos do governo o poder de decidir o que pode e o que não pode ser publicado ou difundido nas redes sociais? 

Camila Jara: Essa discussão deve acontecer no âmbito do Congresso e com a participação da sociedade, e no PT não há a menor intenção de deixar na mão do governo essa regulamentação. 

O Estado: Você esteve em Brasília acompanhando a posse do presidente Lula, de ministros e dialogando com a base do PT na Câmara. Essa legislação foi a que mais elegeu parlamentares considerados conservadores e de direita. Acredita que haverá uma resistência maior do que imagina ao governo? 

Camila Jara: Não pretendemos levantar discussões de temas que são caros à bancada conservadora, especialmente na área comportamental. Não há espaço para esse tipo de discussão, pois o país tem temas mais urgentes para serem colocados em discussão, como a questão da fome, que atinge uma parcela muito grande da população. O preço dos alimentos e a recuperação do poder de compra das pessoas. Esse será o foco da bancada do PT e dos partidos que já estão alinhados no apoio ao governo do presidente Lula. 

O Estado: A parlamentar se elegeu em um Estado onde Bolsonaro teve 60% dos votos. Como tem lidado com esses eleitores? 

Camila Jara: Eu fui eleita com 57 mil votos, mas pretendo cumprir um mandato em benefício de todos os moradores de Mato Grosso do Sul, trabalhando pautas que atendam diretamente aos meus eleitores e também para aqueles que não votaram em mim. Esta é a função de um parlamentar no exercício do seu mandato. No momento da campanha eleitoral vamos debater e também sempre que estiverem em pauta questões mais relacionadas a ideologia, mas, quando o assunto for o bem da população, trabalhamos pensando no bem-estar da população. 

O Estado: O fato de acreditar no Governo Lula a impedirá de fazer críticas? 

Camila Jara: Tem de ter convergência de interesses dentro do governo e debate interno para que, antes de serem implantadas, as políticas atendam aos interesses da população. Existem disputas internas entre os membros do partido e os membros do governo e as críticas devem ser feitas internamente, e eu tenho meus posicionamentos, que deverão ser manifestados dentro do partido. 

O Estado: Ao lado de Thiago Botelho, vocês são a renovação do PT. Como é o relacionamento com políticos que já estão há mais de 25 anos no PT cumprindo diversos mandatos? 

Camila Jara: Existe uma disputa geracional dentro do partido e eu já passei por esse problema e acredito que continuarei a passar. Acho perfeitamente normal esse tipo de debate. Em relação a alguns temas temos divergência e as discussões acabam não dando muito certo. Acredito, no entanto, que somente com muita conversa é que poderemos obter um consenso. 

O Estado: Mesmo antes de ser deputada federal o seu nome já surge como potencial candidata a prefeita. É uma possibilidade concreta entrar na disputa pela prefeitura da Capital já em 2024? 

Camila Jara: Fico muito feliz em ter meu nome citado para concorrer à prefeitura, apesar de neste momento eu estar totalmente focada em assumir o meu mandato como deputada federal e exercê-lo, mas defendo que o PT tenha uma candidatura própria à Prefeitura de Campo Grande. Somente o PT tem condições de defender as bandeiras de setores como, por exemplo, o LGBTQIAP+. Também acredito que somente o PT tem todo um trabalho que possa representar o jovem morador do bairro Dom Antônio Barbosa, por exemplo.

O Estado: Não concordar com o PT em ocupar cargos na administração do governador Eduardo Riedel (PSDB) já sinaliza racha no partido?

Camila Jara: De forma alguma, apenas me posicionei contrária a essa decisão, pois não votei a favor do Riedel e sim para impedir que o Capitão Contar fosse eleito e implantasse no Estado todo um projeto bolsonarista. Minha posição sempre foi contra as ideias dele e de seu grupo e, por isso, não teria sentido ver o PT participando da sua administração. Houve um desconforto, mas, como a bancada do partido na Assembleia Legislativa decidiu ocupar espaços na administração estadual, então, isso acabou sendo aprovado. 

O Estado: A parlamentar tem dito que deseja um bom governo a Riedel e que ajudará nas demandas do Estado em Brasília. Como será a sua atuação principalmente junto à bancada federal, ao lado de Vander Loubet?

Camila Jara: Como já disse, pretendo separar minhas convicções ideológicas do trabalho em busca de melhorias para a população. Estarei ao lado da bancada estadual na busca por soluções às demandas da sociedade de Mato Grosso do Sul.

Por Laureano Secundo e Bruno Arce – Jornal O Estado do MS.

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