Completando uma semana, a morte da menina de 2 anos, que ocorreu no dia 26 de janeiro, em decorrência das agressões sofridas por parte da mãe e do padrasto, familiares e amigos organizaram um grupo em uma rede social para lutarem por justiça, e não deixarem o caso cair no esquecimento.
O grupo já está com mais de 400 pessoas, de diversos lugares do país, e os membros estão usando a #jusiçaporsophia, para tentar alcançar mais pessoas e assim continuarem na luta para que outras crianças não passem pelo mesmo.
Um dos pais da menina, Igor de Andrade, conversou com o jornal O Estado e explicou o objetivo do movimento. Ele afirma que houve negligência e omissão por parte das autoridades responsáveis, quando por diversas vezes ele e seu companheiro tentaram tirar a menina do convívio com a mãe para evitar que o pior acontecesse.
“O intuito desse movimento que nós estamos levantando em prol da Sofia é por toda a negligência que houve em relação a nossa criança, em relação a nós, por sermos dois pais. E estamos fazendo isso para que não existam outras Sophias, porque a gente sabe que infelizmente isso pode voltar a acontecer em qualquer canto desse Brasil e do mundo. E o nosso intuito é que não espere chegar até o que aconteceu com a nossa pequena.”
“A primeira procura de um pai, tentando exercer a paternidade, seja em uma delegacia, no Conselho Tutelar, seja onde for, que deem visibilidade, que escutem, esse grito de socorro, porque nós não fomos ouvidos, a gente foi atrás, a gente buscou socorro para tirar nossa criança de lá só que infelizmente fomos ignorados. E isso resultou na morte da nossa filha, porque se tivesse conosco ela estaria viva, ela estaria bem, ela estaria feliz”, desabafou Igor.
A missa de 7º dia da pequena Sophia aconteceu na noite de ontem (2), no Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A família ainda aguarda alguns trâmites para a organização de uma manifestação em prol da luta por justiça.
Investigação
A Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) segue aguardando o resultado dos exames que foram realizados no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legais), para confirmar a causa da morte e ainda se a criança foi violentada sexualmente.
Os suspeitos de cometerem o crime foram presos em flagrante na quinta-feira (26) e tiveram a prisão convertida em preventiva após passar por audiência de custódia no último sábado (28), mesmo dia em que foram encaminhados para os presídios.
Ocorrências
O pai da menina já havia inclusive registrado dois boletins de ocorrência, após notar marcas, hematomas pelo corpo da menina e em determinada situação com uma fratura na perna. O Poder Judiciário recebeu as duas ocorrências sobre o caso.
O primeiro foi arquivado por falta de provas. Conforme nota do MPMS, foi registrado, em janeiro de 2022, um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) por maus-tratos, na 10ª Vara do Juizado Especial Central e, na época, foram ouvidas pela Polícia Civil: a avó e a mãe da criança, que relataram não ter havido maus-tratos e que não havia interesse no procedimento criminal.
Em novembro do ano passado o pai voltou a denunciar e registrou o segundo boletim na Depca, que posteriormente foi encaminhado ao Judiciário. Entretanto, o documento deu entrada na 10ª Vara do Juizado Especial Central no dia 20 de dezembro de 2022, coincidentemente data em que iniciou o recesso, e com isso o processo não chegou a ser distribuído ao Ministério Público.
O caso
A criança deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino já sem vida, com sinais de espancamento e indícios de abuso sexual, na noite da última quinta-feira (26). Ela já teria mais de 30 passagens por unidades de saúde da Capital.
A mãe alegou que a criança teria passado muito mal durante o dia, teria vomitado diversas vezes e chorava muito. Mas, ao dar entrada na unidade, os médicos de plantão já constataram o óbito.
O casal são pais de um bebê, o qual será investigado se ele também sofre agressões, e o homem tem ainda um filho de 5 anos de outro relacionamento, mas que vivia com o casal. Ele deverá ser ouvido em depoimento especial para constatar se também sofria abusos e agressões.
Por Camila Farias – Jornal O Estado do MS
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Parabéns pela matéria de forma responsável, sem sensacionalismo.
Jornalismo assim deve ser exaltado e valorizado.