“A minha arte não pode ser para poucos, vou falar de assuntos sérios, mas entrando de forma suave na casa das pessoas”, era o que dizia Paulo Gustavo (1978-2021), de acordo com a sua amiga e cineasta Susana Garcia.
Amiga essa que foi a responsável por encontrar uma maneira de trazer para o público o humor e graça do humorista novamente, mesmo após o seu falecimento em decorrência a Covid-19. Dia 16 de dezembro o documentário “Filho da Mãe” estreia trazendo uma nova faceta de Paulo Gustavo.
Desenvolvido em parceria com o Prime Video, o projeto vem a tona mostrando bastidores da última turnê nacional do ator acompanhado da sua mãe, Déa Lúcia. “Ele quis registrar tudo do espetáculo e os bastidores. Quando ele partiu existia todo o material, ficamos pensando como fazer um registro a altura dele”, explicou Susana durante uma coletiva de imprensa.
Com 130 horas de material bruto, a ideia principal da obra é apresentar ao público os pilares fundamentais da vida de Paulo e trazer assuntos mais densos, como a pandemia de Covid-19 e a pauta LGBTQIA+, obviamente sem deixar de lado a emoção e o humor.
No documentário é apresentado um lado do humorista que todo mundo já imaginava: alegre, carinhoso e amoroso com amigos e familiares. Mas de forma surpreendente, “Filho da Mãe” também nos mostra um Paulo Gustavo vulnerável, preocupado e com pressa de viver, como afirma sua mãe.
“O tempo todo ele falava em morte. Parece que ele sabia que isso ia acontecer, tudo era muito corrido e ele fazia tudo depressa” disse Déa. Thales Bretas, viúvo do ator, acrescenta que o maior medo de Paulo era ver sua mãe morrer. “Ele chorava algumas noites comigo. E nesse meio ele resolveu fazer essa homenagem. Ele pôde dar esse reconhecimento em vida”.
O médico e pai de Romeu e Gael ainda revela que a ideia principal do artista era de que o material se transformasse em uma série de 10 episódios. “Ele queria um mix de emoção e risadas, queria falar sobre a origem da Dona Hermínia. [Então] pegamos o material e transformamos em uma coisa mais impactante”.
Além de mostrar momentos mais recentes, o documentário também nos mostra imagens inéditas da juventude do ator, contando com depoimentos de familiares e amigos próximos.
Ao longo do filme somos apresentados ao sonho de Paulo em se tornar cantor, a preocupação e cautela dele nos palcos, a admiração pela mãe e o amor pelo marido, filhos e amigos, além do afeto de todos pelo artista. “Ele se tornou uma pessoa observadora, e um dia ele escreveu tudo da minha vida. Na minha família, a Dona Hermínia é um clã. Minha avó, minha mãe, eu e ele”, completa Déa Lúcia, em tom de brincadeira.
Para Susana, esse documentário é uma forma de matar a saudades e reviver a memória de Paulo Gustavo, que nos deixou após ser um entre as mais de 690 mil vítimas que não sobreviveram a pandemia de Covid-19. “O grande público está acostumado a ver ele em cena, e ali, temos o sabor de uma intimidade revelada. E Romeu e Gael vão assistir o documentário daqui alguns anos, porque eles vão ouvir falar do pai, mas não vão ter a vivência. [Esse] foi o último grande espetáculo da vida dele.”
Confira o trailer oficial do documentário “Filho da Mãe”.
Com informações de Mariana Arrudas, da Folhapress.
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