Com filme no cinema, Alzira E fala sobre carreira e força feminina na música

Alzira Espindola E
Imagem: Reprodução/Valentin Manieri

Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS

De passagem por Campo Grande para a pré-estreia do documentário “Aquilo que eu nunca perdi”, primeiro filme exibido no Bioparque Pantanal, que fala sobre sua trajetória e está em cartaz na Cinépolis Norte Sul Plaza, e também para um show em clima intimista, a cantora e compositora Alzira E falou com exclusividade à equipe do jornal O Estado sobre sua vida, obra, desafios, força feminina na música, novos artistas e muito mais.

Perguntada sobre um balanço da própria trajetória, Alzira é direta sobre estar firme e forte na ativa: “Eu não consigo fechar nenhum balanço, porque eu me considero uma trajetória, exatamente isso. O que dá para perceber é que eu estou ainda numa trajetória, então o meu balanço eu não sei que hora vou fazer, ainda mais vendo o filme [‘Aquilo que eu nunca perdi’], vendo um trajeto, vendo um percurso, e esse percurso, eu acho que enquanto eu estou viva, vou continuar”.

Vivendo fora do Estado há décadas, a artista fala que, mesmo após tantos anos, o maior desafio é viver na megalópole de Sampa. “Eu acho que o maior desafio de São Paulo é viver lá, é sobreviver e viver naquela cidade imensa, naquela condição de artista, então acho que os desafios maiores sempre foram estes e continuam até hoje”, relata.

Quando um artista tem uma longa e consolidada carreira, é comum que possam existir arrependimentos. Mas Alzira, com toda sua genuinidade, vê a coisa com outros olhos: o copo está sempre meio cheio, apesar de possíveis adversidades. “Não, eu não vejo nada de que eu pudesse me arrepender na minha carreira, mesmo porque eu acho que às vezes acontecem coisas que não são positivas, mas te levam a coisas mais positivas. Então, eu acho que como a regra da vida, com os erros, a gente aprende, e sempre a uma porta que se fecha abre outra, continuo vendo as coisas assim. Então, nesse jeito de você ver essas coisas, não há como se arrepender, o que eu acho muito bom. A gente não precisa se arrepender de nada”, pontua.

Força feminina

A artista considera que há uma força e um avanço femininos no meio artístico, fato que enxerga com bons olhos. “Compositoras da nova geração me deixam apaixonada, tem muita mulher compondo lindo, tocando, sendo mais instrumentista ainda, então eu acho que isso é muito bom, realmente é o avanço, como você falou”, dispara.

Mas não são apenas os olhos de Alzira que enxergam os novos talentos. O coração também entra na história e, visivelmente, com orgulho. “Eu acho que aqui em Campo Grande tem uma turma muito boa de mulheres vindo aí, e eu me orgulho muito disso. Desde dentro de casa, porque eu tenho duas mulheres também compositoras e cantoras, e o jeito como elas se colocam hoje é mais fácil, porque quando eu comecei a compor, a gente contava as compositoras ‘no dedo’, pelo menos se sabia delas muito pouco.”

A compositora ainda exalta o trabalho de Marina Thomé, diretora do documentário “Aquilo que eu nunca perdi”, e afirma acreditar na abertura de espaço para todas as mulheres. “Hoje em dia eu acho que tem mais condições de a gente saber de mais mulheres compondo, mulheres cineastas – você vê a minha diretora, Marina Thomé –, uma mulher sensacional, de uma geração mais nova, mas de capacidade e de leitura e de vontade, de deixar, de registrar um legado. Eu acho que a coisa de o meu documentário ser feito por uma diretora, uma mulher, uma moça tão talentosa, dá uma grande força. Para mim, é um avanço poder retratar as compositoras, falar delas, conhecê-las, acho que estamos ganhando um avanço para todas nós mulheres.”

Filme

Alzira nasceu em Campo Grande, então, é de se imaginar que tenha uma relação íntima com a Cidade Morena e que a saudade aperte, vez por outra. “Você sabe que eu venho sempre a Campo Grande, né? Eu não consigo ficar muito tempo sem vir para cá. Me apresentar dessa vez agora, com o filme, é muito especial, porque o filme teve a pré-estreia lá no Bioparque, que foi muito gostosa, fiquei muito contente em encontrar Marinete [Pinheiro, cineasta], e tantas pessoas envolvidas para que acontecesse essa pré-estreia no Bioparque.”

Sobre o documentário seguido do show que fez em Campo Grande, Alzira demonstra estar, ainda, em êxtase, e por um motivo em especial, contado em primeira mão para O Estado. “Para mim, isso foi maravilhoso, então, a minha emoção para este show estava diferente, porque o show veio reforçar um pouco toda aquela história que a cineasta Marina Thomé retratou ali no filme ‘Aquilo que eu nunca perdi’, então é muito emocionante para mim, ainda mais que eu soube que na quinta-feira ele entraria em cartaz na Cinépolis Norte Sul Plaza, e isso me deu uma alegria, porque todos estão convidados a comparecer a esse cinema e ver um pouco da história de uma mulher compositora”, assevera.

Essa vinda para a Capital teve um sabor diferente, despertou sentimentos diferentes em Alzira. “Desta vez, Campo Grande tem uma emoção muito diferente para mim, tanto pelo filme quanto pelo show, que terá a participação de um dos irmãos representando a todos, porque eu e minha família somos uma coisa só.”

Trajetória

Alzira Maria Miranda Espíndola é cantora, compositora e instrumentista sul-mato-grossense, nascida em Campo Grande. Iniciou sua carreira musical com a gravação e o lançamento do LP “Tetê e o Lírio Selvagem”, grupo do qual fazia parte com seus irmãos Tetê, Geraldo e Celito. Anos depois se mudou para São Paulo, onde se estabeleceu e vive até hoje, fazendo sua arte e colecionando conquistas.

Alzira fez parceria com Itamar Assumpção e banda, com quem excursionou pela Alemanha, Áustria e Suíça. Foi indicada para o Prêmio Sharp, como melhor cantora pop; teve várias composições gravadas por nomes como Ney Matogrosso, Pedro Luís e a Parede, apresentou-se com André Abujamra, Bebeto Alves e outros músicos brasileiros, na Região Norte do país pelo Projeto Pixinguinha e, em Paris, apresentou-se no projeto “Ano do Brasil na França”.

Veja também: Com oficinas, Águas Guariroba estimula artistas mirins a pintarem

Leia a edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *