“Aquilo que eu nunca perdi” fala sobre vida e obra de Alzira E

Alzira E
Imagem: Reprodução/Ione Cadengue
Obra será o primeiro filme exibido no Bioparque

Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS

Na segunda-feira (19), Campo Grande receberá a exibição do documentário “Aquilo que eu nunca perdi”, vencedor do Festival In-Edit Brasil de 2021, dirigido pela cineasta Marina Thomé e que tem como foco a vida e a obra de Alzira E, ao trazer a intimidade e o processo criativo da artista. O filme será o primeiro a ser exibido no Bioparque Pantanal, inaugurando essa finalidade no auditório da instituição.

O documentário celebra os 45 anos de carreira de Alzira, artista que é referência na cena musical independente de São Paulo, bem como ícone na cena sul-mato-grossense, assim como os outros integrantes da família Espíndola. Cantora, compositora e instrumentista, ela atravessa e transfigura gerações na música contemporânea brasileira e se estabelece até hoje como uma artista multifacetada.

O filme reúne memórias, imagens e arte para contemplar, por meio do cinema, a trajetória de experimentação musical da artista. “Será uma grande alegria apresentar o documentário biográfico musical ‘Aquilo que eu nunca perdi’, na minha cidade natal! A presença da minha família no filme me dá muito orgulho, meu berço e meu começo de tudo! Cenas com a nossa mãe (Alba Espíndola), com Luli (cantora e compositora da dupla Luli e Lucina) e com Itamar [Assumpção] (compositor) me emocionam e me tocam na saudade, não é fácil ver suas lembranças no telão, assisti muitas vezes até me desapegar!”, relata a artista.

Há mais de 15 anos, a cineasta Marina Thomé acompanha de perto a cantora, compositora e instrumentista Alzira E; “Desde então comecei a fotografar seus shows. Fomos ficando mais próximas com o passar dos anos, e fui conhecendo também sua família. Hoje em dia é uma grande amiga e parceira de trabalho, sempre presente”, conta.

A cinebiografia musical entrecorta fotos, jornais, materiais de arquivo, filmagens de shows e sequências íntimas e bem-humoradas de Alzira E, e também conta com memórias de seus parceiros sobre o processo de composição, em uma montagem rítmica que foca em contrastes e afetos, permitindo que sua trajetória seja redescoberta, pelos que já a conheciam, mas que também leva a artista a um novo público. “Foi uma enorme honra para mim ter feito esse filme sobre Alzira, que exerce uma grande influência para tantos artistas de diversas gerações da música brasileira. Precisamos falar de artistas mulheres, e acho que o filme também tem esse papel”, afirma Marina.

Marina e os Espíndola

Para a artista, profissão e família andam juntas, por isso o documentário retrata também a relação de Alzira com sua família de artistas, os Espíndola: Tetê, Humberto, Geraldo, Celito, Jerry, Alba, Francisco, Joy, Aruana e Paloma, além de suas filhas Iara Rennó e Luz Marina, que são cantoras e compositoras como ela. Ao lado deles, o filme traz Ney Matogrosso, Arrigo Barnabé, Almir Sater, Alice Ruiz e Itamar Assumpção, grande parceiro artístico de Alzira.

Dessa forma, há pouco mais de dois anos, a cineasta esteve na Capital para gravar com a família de Alzira e ficou encantada com os Espíndola. “Fomos em Campo Grande gravar com a família Espíndola em 2019, e fiquei realmente emocionada em conhecer esses gênios maravilhosos! Foram muito generosos com toda a equipe. Sempre sonhava com esse dia que o filme seria apresentado em Campão! Muita felicidade, vamos celebrar Alzira e essa família incrível!”.

Sensibilidade da força feminina

Marina conta que queria produzir um filme que contemplasse justamente essas várias facetas de Alzira, uma mulher fascinante e inspiradora. A diretora costuma dizer que tem com Alzira “uma relação cinematográfica”, pois, além de fotografar seus shows, criou as projeções das apresentações de sua banda de rock, a Corte, para quem também fez videoclipes e fotografias.

Já para Alzira, a sensibilidade existente nas “lentes” da cineasta proporcionaram uma perspectiva delicada, mas que mostrou, todavia, a força da mulher artista. “Tem muita beleza no olhar da diretora Marina Thomé, que procurou pela verdade e pela poesia, até me tornar uma atriz verdadeira e imbuída desse personagem, que vai além do meu lado pessoal, ao ser uma mulher, mãe, cantora, compositora, ela mostra a persistência e a resistência, o fazer de um trajeto musical compartilhado, e obstinado, isso dá uma característica mais humana, política e social na personagem! Ali sou apenas uma mulher, como muitas, construindo uma história sob o machismo da nossa sociedade pra se viver da arte, enfrentando preconceitos e as dificuldades que acarretam, ter essa profissão!”.

O trailer de “Aquilo que eu nunca perdi” pode ser conferido por meio do link: https://youtu.be/uAUYfTXEkJ4/.

Documentário

O filme teve sua estreia mundial no Bafici (Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente), na Argentina, seguindo para vários festivais nacionais e internacionais, como o brasileiro In- -Edit – Festival Interncional do Documentário Musical, no qual levou o prêmio de Melhor Filme, na Cine OP – Mostra de Ouro Preto, e também nos estrangeiros Womex – The World Music Expo, em Portugal, e no Festival Internacional de Cinema de Cracóvia, na Polônia.

SERVIÇO: O documentário “Aquilo que eu nunca perdi” será exibido na segunda-feira (19), às 15:30, no auditório do Bioparque Pantanal, de forma gratuita. O Bioparque fica na Avenida Afonso Pena, 6.277, Chácara Cachoeira.

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