O líder indígena Vitorino Sanches foi assassinado por pistoleiros em Amambai (MS), a 340 km de Campo Grande. O atentado, ocorrido na tarde desta última terça-feira (13), é o segundo que o indígena Guarani-Kaiowá sofreu em menos de um mês. Em agosto, Sanches sobreviveu a uma emboscada, na qual teve o seu carro alvejado por tiros.
No segundo atentado, ocorrido ontem, o líder indígena foi morto com pelo menos 5 tiros disparados por dois pistoleiros em uma moto, na Rua General Câmara, área urbana de Amambai. Vitorino foi socorrido e levado para o Hospital Municipal pelo Corpo de Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos. O caso segue em investigação.
Outros atentados
No dia 1 de agosto, Vitorino foi baleado no braço e na perna. Em 2 de agosto, o comerciante indígena prestou depoimento à delegacia local. Na época, ele trouxe à público o relato do ocorrido. “Ninguém falou nada para mim, ninguém me ameaçou. Como eu não falhei com ninguém, não briguei com ninguém, não tive discussão com ninguém, eu estava tranquilo. Não sei por que fizeram isso comigo”, relatou a vítima.
Outro atentado foi registrado em julho deste ano. O líder indígena, Márcio Moreira, foi morto em um conflito contra a polícia, durante uma ação indígena de retomada de terra. De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Márcio e outros dois companheiros foram abordados por dois homens em uma moto, munidos com armas de fogo, e que já chegaram ao local com intimidações e agressões verbais contra os indígenas. Em seguida, realizaram os disparos contra Márcio e as outras duas vítimas.
Segundo o Corpo de Bombeiros, no momento em que chegaram ao local, Márcio estava deitado no chão, sem vida. Os socorristas identificaram na vítima uma perfuração de arma de fogo na região do ombro e uma perfuração de arma branca no tórax.
Para a comunidade indígena, o território de Guapoy é uma terra ancestral que pertence aos povos originários, que foi subtraída quando parte da reserva de Amambai, a segunda maior do estado com quase 10 mil indígenas, teve parte do território diminuída.
Repercussão
A morte de Vitorino Sanches repercutiu nas redes sociais. O gabinete do prefeito de Amambaí, Edinaldo Bandeira (PSDB), lamentou a morte da liderança em nota de pesar e expressou solidariedade ao familiares da vítima.
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Fonte: divulgação/Prefeitura de Amambai
A assembleia de mulheres indígenas, Aty Guasu, também manifestou publicamente o luto e pediu atenção ao caso. “Não suportamos mais tanta dor e luto, precisamos de apoio e proteção, já são meses de ataques e assassinatos presentes em nossos territórios, pedimos apoio e que esse genocídio contra nossos irmãos e irmãs acabe, estamos cansados de tanta dor e perseguição”, expressa a nota.
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