Ministério da Agricultura ampliou alerta para demais produtos da marca Bassar
Por Brenda Leitte – Jornal O Estado
Após quase 50 casos suspeitos de contaminação de cães no Brasil, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) informou na última sexta-feira que os resultados preliminares das análises realizadas nos LFDA (Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária) detectaram monoetilenoglicol como contaminante de propilenoglicol em diversos lotes de produtos da empresa Bassar.
Inicialmente, as investigações incluíam apenas três marcas de petiscos, sendo: Dental Care, Every Day e Petz Snack Cuidado Oral, todos fabricados pela empresa. Na semana passada, Mato Grosso do Sul registrou o primeiro caso suspeito.
O primeiro caso em investigação no Estado se trata de uma cadela, de raça spitz alemão, que morreu no início de agosto deste ano, em Campo Grande, porém a tutora só decidiu procurar pela polícia na última terça-feira (6), após tomar conhecimento de outros casos semelhantes no Brasil, e então denunciar o caso. Após ingerir o petisco Dental Care.
Para entender mais sobre como funciona uma investigação desse tipo, a equipe de O Estado conversou com o delegado responsável pela Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista), Maércio Alves Barbosa. Segundo ele, após a denúncia da tutora, foi apreendida uma amostra do petisco, que está sendo examinada no IALF (Instituto de Análises Laboratoriais Forenses), órgão este da perícia criminal.
“O prazo para essa análise é de 30 dias, após o recebimento do material. O próximo passo, caso tenha relação a morte do animal com a ingestão desse produto, a tutora poderá ingressar com uma ação reparatória de dano moral, em face da empresa produtora do petisco, como também da empresa que vendeu o produto, já que há uma responsabilidade solidária entre as partes”, explicou o delegado, que ainda ressaltou tratar-se de uma relação de consumo, questão que é regida pelo Código de Defesa do Consumidor.
Vale lembrar que a situação também se configura como crime ao consumidor, e por isso o delegado da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), Reginaldo Salomão, falou ao jornal O Estado sobre a relação do consumo, neste caso.
“No tocante à relação do consumo, é algo simples. A Lei nº 8.137/90 diz ser crime pôr à venda produtos impróprios para consumo. Estamos acompanhando as investigações dos demais estados envolvidos e, ao que tudo indica, houve talvez um acidente que causou a falha na produção do petisco. Nisso, teria ocorrido o vazamento de um produto, que seria um anticoagulante, este que é tóxico, tanto à saúde humana quanto à saúde animal”, relatou o delegado.
Segundo informações, após a suspeita de ser responsável pela morte de mais de 40 cachorros no país, empresas das marcas citadas estão recolhendo os produtos de mesmo lote. As investigações seguem pelos estados brasileiros.
Alerta
A polícia faz um alerta para outras pessoas que estiverem na mesma situação, e ainda ressalta sobre o direito de exames nos animais que tenham ingerido o produto.
“Recomendamos que procurem a Polícia Civil. Investigações estão sendo apuradas, para que demais casos como este não ocorram no Estado. É importante ressaltar que a parte providencie exames nos animais, tenha sobrevivido ou morrido, pelo bem-estar de outros cachorros”, finalizou.
Os tutores devem ficar atentos ao surgimento de sintomas nos cães após o consumo dos petiscos: em caso de convulsão, diarreia, vômito e prostração, é importante procurar a delegacia.
Novos lotes
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento confirmou que as investigações ainda não determinaram a origem do aditivo utilizado, em virtude da falta de rastreabilidade dos envolvidos e da mistura de lotes de aditivos nos diferentes estabelecimentos já identificados sem registro no ministério.
O propilenoglicol é um produto de uso permitido desde que seja adquirido de empresas registradas no Mapa. Além disso, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal determinou que empresas fabricantes de alimentos e mastigáveis devem indicar os lotes de propilenoglicol existentes em seus estoques e seus respectivos fabricantes e importadores ao Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal de sua região.
“A Bassar Pet Food informa que decidiu interromper a produção de sua fábrica até que sejam totalmente esclarecidas as suspeitas de contaminação de pets envolvendo lotes de seus produtos. A empresa também está contratando uma empresa especializada para fazer uma inspeção detalhada de todos os processos de produção e do maquinário em sua fábrica, em São Paulo. De modo preventivo, a companhia já estava recolhendo os lotes de duas linhas de alimentos, mas procederá agora ao recolhimento de todos os produtos da empresa nacionalmente, conforme determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A Bassar esclarece que ainda não teve acesso ao laudo produzido pela Polícia Civil de Minas Gerais, mas está colaborando totalmente com as autoridades desde o início dos relatos sobre os casos. A empresa enviou amostras de produtos para institutos de referência nacional para atestar a segurança e conformidade de seus produtos sob investigação. Além disso, acionou todos os seus fornecedores para que façam o rastreamento dos insumos utilizados para afastarem a hipótese de algum tipo de contaminação. A empresa está solidária com todos os tutores de pets – nossos consumidores e razão de nossa empresa existir. Somos os maiores interessados no esclarecimento do caso. Por isso a empresa vem tomando todas as providências para investigação dos fatos. Os consumidores podem tirar dúvidas pelo e-mail sac@ bassarpetfood.com.br.”
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