Estado almeja alcançar o status Carbono Neutro em 2030
Por Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS
As usinas de etanol em Mato Grosso do Sul evitaram a emissão de 6,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2 ) na atmosfera, segundo dados referentes às safras de 2020 a 2022, baseados nos cálculos do RenovaBio. Com isso, o Estado segue rumo ao status de Carbono Neutro até 2030.
O gás é um dos principais vilões do aquecimento global, e as lideranças estão em busca por mais sustentabilidade no segmento em conjunto com RenovaBio, que tem sido uma ferramenta para gerar nova receita e consequentemente novos investimentos por meio dos créditos de descarbonização – conhecido como CBIOs.
De acordo com o secretário da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Produção, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, as 17 unidades sucroenergéticas que operam em Mato Grosso do Sul estão certificadas pelo RenovaBio desde o primeiro ano de funcionamento do programa, em 2019. “É um esforço que incluiu o setor entre os mais promissores na neutralização de dióxido de carbono.”
Durante o evento da comemoração de 30 anos da Usina Santa Helena, localizada no município de Nova Andradina, o diretor da usina, Ricardo Coutinho, relata que a usina processa 2 milhões de toneladas de cana e produz 150 milhões de litros de álcool. A empresa é uma das certificadas no programa e investe em CBIOs. Só no ano passado, a empresa recebeu quase R$ 10 milhões de CBIOs.
“Hoje somos uma usina já certificada e produzindo créditos de descarbonização. No ano passado já faturamos quase R$ 10 milhões com isso. Então estamos nos modernizando e buscando produtividade com rentabilidade. Sempre com foco na energia limpa”, salienta Ricardo.
Para o secretário Verruck, a tendência é observada em todo o setor. “As empresas que atuam com CBIOs recebem os recursos e tentam reverter isso em mais ações de sustentabilidade”, pontua.
Mercado
Segundo dados da Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), o mercado de descarbonização ainda garante o espaço para o crescimento no setor. Na safra anterior, o Estado processou 41 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, produzindo 1,3 milhão de toneladas de açúcar e 2,4 bilhões de litros de etanol.
Dessa forma, Mato Grosso do Sul se destaca como o 4º maior produtor de cana-de-açúcar, 5º maior produtor de etanol, 5º maior produtor de açúcar e 4º maior exportador de bioeletricidade para o SIN no país.
O secretário da Semagro ressalta que “o Estado tem uma boa oferta de áreas para o cultivo, com uma estrutura fundiária que permitia a idealização de projetos de qualquer porte aliada à política estadual voltada para o desenvolvimento”.
Atualmente, são 17 unidades em operação sendo que todas são produtoras de etanol hidratado, 11 produtoras de anidro, 10 produtoras de açúcar, 10 produtoras de açúcar VHP, três produtoras de açúcar cristal e duas produtoras de açúcar refinado. Essas unidades cogeram bioeletricidade e 11 exportam o excedente para a rede nacional de energia elétrica.
Em Mato Grosso do Sul, as unidades em operação já chegaram a superar os 50 milhões de toneladas de cana por safra, número que colocou o Estado na 4º posição nacional.
Ao todo, 39 municípios são impactados de forma positiva pelo setor sucroenergético em MS. As usinas estão presentes nas comunidades e na vida das pessoas que vivem em torno das unidades. “O setor é um grande gerador de emprego no campo e na indústria, em uma das melhores médias salariais e contribui para o desenvolvimento das pessoas por meio de capacitação da mão de obra”, salientou o secretário.
Conforme o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) foram gerados 30 mil empregos em Mato Grosso do Sul. Com média salarial na indústria de R$ 3.149,73 e R$ 3.032,35 – maior média salarial na agricultura
Cenário
O biogás também desponta como uma possibilidade de produção. No Estado, já existe uma unidade a realizar uma transação financeira produzindo a partir da vinhaça de cana-de-açúcar. Há também análises no setor acerca do etanol de 2ª geração, um combustível obtido por meio da fermentação controlada e da destilação de resíduos vegetais, especialmente com o bagaço da cana-de-açúcar.
Além disso, outro cenário promissor para o setor é o incremento de produção com a instalação de novas unidades como a Inpasa, no município de Dourados, a CerradinhoBio, em Maracaju, que investirão em etanol de cana e também de milho, e a Pedra Agroindustrial na cidade de Paranaíba, esta última já em fase de instalação. Além dos investimentos que fortalecem ainda mais o setor, as novas plantas significam mais empregos, mais oportunidades para as pessoas e desenvolvimento para os municípios onde estão.
Veja mais: Em Dourados, usina deve investir R$ 1 bilhão e gerar 650 empregos na produção de milho
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