Por CLÁUDIA COLLUCCI, de SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Há dois anos, em 12 de março de 2020, o Brasil registrava a primeira morte por COVID-19: uma mulher de 57 anos, que morreu um dia após ser internada em um hospital municipal da zona leste de São Paulo.
Um dia antes da morte, a diarista Rosana Urbano tinha saído por volta das 4h da manhã de casa, na Cidade Tiradentes (zona leste), e percorrido 25 km para ver a mãe, Gertrudes, internada com pneumonia no Hospital Municipal Doutor Cármino Caricchio, no Tatuapé.
Diabética e hipertensa, quando soube que a mãe estava intubada, ela passou mal e foi internada no mesmo local. Morreu às 19h15 do dia 12 de março, após uma parada cardiorrespiratória. Gertrudes morreu três dias depois da filha. Rosana deixou três filhos e o marido, auxiliar de limpeza.
O reconhecimento da morte de Rosana como sendo a primeira no Brasil só ocorreu em junho. Até então, o primeiro caso brasileiro era tido como um outro registrado em 17 de março em um hospital privado da capital paulista.
Em números
Desde então, o país já soma mais de 654 mil óbitos e mais de 29,3 milhões de pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 desde o início da pandemia. As médias móveis de óbitos e infecções continuam em queda, em comparação aos dados de duas semanas atrás. A de mortes está agora em 467 por dia, diminuição de 35%. A média de casos é de 46.895, redução de 44%.
Nesta sexta, a média móvel diária de mortes caiu de 501 para 471 (-34,4%) em relação ao verificado há 14 dias. Há quase 30 milhões de casos positivos. Em decorrência da redução e do avanço da vacinação, diversas capitais brasileiras deram início à flexibilização do uso de máscaras em ambientes públicos.
Nesta sexta-feira (11), o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, disse que a COVID-19 já pode ser considerada uma endemia. Para ele, sem novas variantes do coronavírus, o cenário será de “muito mais normalidade“.
A fala do secretário se assemelha à posição do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que passou a tratar como prioridade rebaixar o status da COVID-19 de pandemia (quando há uma situação de emergência sanitária global) para endemia (estágio de convivência com o vírus, com número estável de casos e mortes).
A retirada de um caráter pandêmico restringe as medidas públicas e de excepcionalidade de combate à doença.
Especialistas ouvidos pela Folha há duas semanas discordam da avaliação do secretário e do ministro. Segundo eles, isso não significa que a COVID-19 não vá passar para a fase de endemia, mas só não estamos lá ainda.