Crianças e adolescentes tem contato com literatura negra, afro-brasileira e quilombola em projeto

Foto: Reprodução/ Redes Sociais Casa de Ensaio
Foto: Reprodução/ Redes Sociais Casa de Ensaio

Longe dos feitos literários das redes sociais, com seus temas fantasiosos e fictícios, a Casa de Ensaio quer incentivar a leitura, ampliar o repertório e promover a reflexão sobre temas importantes para crianças e adolescentes, com a segunda edição do projeto ‘Pontes de Leitura’, da Biblioteca Áurea Alencar, voltado para os participantes da Casa, de escolas públicas de Campo Grande, e de organizações sociais.

A biblioteca Áurea Alencar, coração da Casa de Ensaio, busca desenvolver projetos transdisciplinares de leitura que proporcionem o contato com obras literárias de autores nacionais e internacionais e com textos de/sobre outras linguagens artísticas, como teatro, dança a artes visuais. O projeto ´Pontes de Leitura´ é realizado por meio de quatro ações: ´Rodas de Transleituras´, ´Converseiras Literárias´, ´Histórias de Brincar´ e ´Pontes Culturais´.

Para a bibliotecária da Casa de Ensaio, e responsável por acompanhar o projeto Pontes de Leitura, Ana Triches, o projeto surgiu da necessidade da própria casa de ter ações voltadas ao incentivo a leitura e literatura. “Um dos objetivos do Pontes de Leitura é plantar uma sementinha que ao longo do tempo irá germinar, porque os alunos depois que participam das ações, querem levar os livros emprestados, querem conhecer os autores, saber como pesquisar, conhecer”, relatou em entrevista ao jornal O Estado.

Ações

O Pontes de Leitura é dividido em quatro ações: ‘Rodas de Transleituras’, ‘Converseiras Literárias’, ‘Histórias de Brincar’ e ‘Pontes Culturais’. “As rodas e as converseiras acontecem para os adolescentes da Casa de Ensaio, que tem entre 12 e 17 anos, com a presença de um mediador, que traz recortes literários, com referências de autores e autoras para realizar debates sobre um determinado tema. Nas histórias de brincar temos a contação de histórias, também com mediador, que conta de foram lúdica e teatral para crianças da Casa que tem entre 7 e 11 anos; as Pontes Culturais são todas as atividades desenvolvidas na biblioteca acontecendo nas escolas que são parceiras”, explicou Triches.

As ´Rodas de Transleituras´, que são mediadas por Íris Isis, buscam a fruição estética e análise interpretativa dos textos literários por meio de leituras mediadas. Nas rodas são elaborados estudos das relações entre literatura, música, pintura, fotografia, escultura e as demais manifestações artísticas em suas múltiplas potencialidades, além de análises e debates de obras e autores que apresentem diálogos profícuos entre o literário e as outras artes.

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Já o ‘Converseiras Literárias´, mediadas por Sarah Muricy, propõem a troca de conhecimento a partir da leitura de textos literários e da fala de especialistas que os apresentem de forma comparada, ampliando seus horizontes de leitura por meio de aportes filosóficos e/ou teóricos.

As ´Histórias de Brincar´, mediadas por Kely Zerial, abarcam as possibilidades lúdico-teatrais dos textos literários, proporcionando experiências sensíveis a públicos de diferentes idades, permitindo que estes possam interagir por meio de brincadeiras e dinâmicas próprias da cultura da infância, além de conhecer o rico acervo de histórias da literatura infantil e do folclore brasileiro.

E, a atividade ´Pontes Culturais´ tem como foco a realização de ações voltadas para o diálogo entre as ações do projeto e escolas públicas de Campo Grande, promovendo a realização de oficinas de mediação de leitura e contação de histórias e, a circulação desses conhecimentos em outros espaços educacionais.

Primeira edição

O projeto ´Pontes de Leitura´, aconteceu em 2023 e, contou com o inventivo do Criança Esperança. Ao todo, foram realizadas 26 ações que impactaram: 157 crianças e adolescentes da Casa de Ensaio (oriundas de 51 bairros da capital); 1.500 alunos de escolas públicas de Campo Grande e 80 crianças e adolescentes atendidos por organizações sociais locais. É importante destacar que, ao impactar uma criança, o projeto também consegue impactar familiares próximos e tutores.
Na primeira edição também foram adquiridos 234 novos livros para o acervo da biblioteca Áurea Alencar. Entre os novos livros, estão títulos de autores e autoras como Djamilla Ribeiro, Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, Reginaldo Prandi, entre outros.

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“Na primeira edição a gente contou com um recorte literário mais amplo, teve debate de vários temas, e trouxe várias referências para os alunos, então falamos direitos humanos, questões etnico-raciais, literatura marginal, mediados através de referências como Conceição Evaristo, Natalia Felix, Giovani Martins. Já as Histórias de Brincar trouxeram muito da cultura popular brasielira e do folclore”, reforçou a bibliotecária.

Impactos

Para Ana Triches, os impactos do projeto são medidos ali mesmo, com os participantes, e são perseptiveis logo no inicio. “É possivel compreender o impacto e a relevância do projeto quando vê que muitos dos alunos e alunos ali presentes estão tendo o primeiro contato com uma atividade voltada para o incentivo a leitura e ao livro, que pela priemira vez estão reconhecendo dentro do livro e da literatura, uma representatividade da sua vivência, principalmente quando a gente trouxe os temas da literatura negra e quilombola. É muito importante que eles reconheçam, dentro da literatura, a sua realidade”, destacou.

“Esses impactos são progressivos, durante a ação o mediador semeia e compartilha seu conhecimento, assim como escuta e acolhe a sabedoria e vivência dos alunos e alunas. As trocas permeiam entre a literatura e a formação enquanto indivíduo de cada um. O objetivo e fruto das ações é o despertar do prazer pela leitura. Em muito casos, é possibilitar o caminho da leitura para o seio familiar, ler é um hábito que muitos responsáveis não têm e o projeto possibilita que essa ponte seja viabilizada no intuito de aproximar e formar novos leitores. O livro, a leitura e a literatura representam papéis diferentes na vida de cada indivíduo, pode ser o encontro com um novo mundo, uma viagem para um lugar antes desconhecido, uma paixão, uma cura”, complementou a bibliotecária.

Serviço: As ações da segunda edição do ´Pontes de Leitura´ começaram em abril e seguem até novembro deste ano. Acompanhe o ´Pontes de Leitura´ pelos Instagram da Casa de Ensaio. Mais informações pelo email [email protected], pelo telefone (67) 3384-4843 ou pelo celular (67) 99128-4103.

Por Carolina Rampi

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