Com falta de programas de segurança alimentar, fome atinge 33 milhões de brasileiros

Imagem: Projeto Brasil com S
Imagem: Projeto Brasil com S

O movimento Pacto Contra a Fome divulgou esta semana que o Brasil segue em grande insegurança alimentar, índice que não muda desde 2022. De acordo com pesquisa, atualmente 33 milhões de pessoas no país passam fome.

Os dados, mesmo que alarmantes, não são novidades. Em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 mostrou que 65% das famílias em Mato Grosso do Sul convivem com algum tipo de insegurança alimentar. Os níveis de segurança alimentar são divididos em três:

Segurança alimentar: a família/domicílio, tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais;

Insegurança Alimentar Leve: Preocupação ou incerteza em relação ao acesso aos alimentos no futuro; qualidade inadequada dos alimentos resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentos;

Insegurança Alimentar Moderada: Redução quantitativa de alimentos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante de falta de alimentos;

Insegurança Alimentar Grave: Fome (sentir fome e não comer por falta de dinheiro para comprar alimentos; fazer apenas uma refeição ao dia, ou ficar o dia inteiro sem comer).

Os números de pessoas que convivem com a fome no Brasil aumentaram desde 2004, segundo a pesquisa. Em 2004, quando a população no país era de 182 milhões, 40% das pessoas passavam por algum tipo de insegurança; em 2022, com uma população de 213 milhões, a porcentagem salta para 59%.

Além disso, em 2004, o número de pessoas em situação de insegurança alimentar grave também aumentou: em 2004 eram 14 milhões, já em 2022 são 33 milhões. O menor índice registrado foi em 2013, com 7 milhões em insegurança alimentar grave, 10 milhões em insegurança moderada e 34 milhões em insegurança alimentar leve.

Cabe destacar que os indicadores da fome foram piorando após 2013 devido à falta de programas sociais de suporte à segurança alimentar. Em 2013 foram destinados 613 milhões para as questões alimentares no Brasil, mas a partir de 2018 o investimento reduziu 52%, com 294 milhões investidos.

 

Mulheres, crianças e negros

Outro dado alarmante é a fome em famílias com crianças. A fome dobrou em lares com crianças com menos de 10: de 9% em 2020 para 37% em 2022. Além disso, 13% das famílias chefiadas por mulheres estão expostas à fome e lares negros tem mais chance de conviver com a fome se comparados a lares brancos.

Para que as pessoas em insegurança alimentar grave consigam uma alimentação balanceada com todos os nutrientes necessários, seria preciso pouco mais de 7 milhões de toneladas de comida em um ano, o que é possível considerando que o país produz 116 milhões de toneladas de alimentos por ano e desperdiça 55 milhões de toneladas no mesmo período, o que significa 8 vezes a quantidade que tiraria as 33 milhões de pessoas da fome.

Pacto propõe acabar com a fome até 2030

No lançamento do Pacto contra a Fome, realizado esta semana, o governo juntamente com o movimento, tem o objetivo de erradicar a fome no Brasil até 2030 e reduzir o desperdício de alimentos no Brasil. O governo propõe como meta para o cumprimento do objetivo taxas de juros e ambientes de crescimento econômicos adequados, aprovação de um novo marco regulatório fiscal e reforma

Conforme o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, Wellington Dias, ainda em 2023, o governo pretende retirar cerca de 8,5 milhões de famílias, aproximadamente 20 milhões de pessoas, da extrema pobreza. A proposta, portanto, se soma ao que busca a mobilização da sociedade civil.

O movimento tem o objetivo de “engajar toda a sociedade para erradicar a fome de maneira estrutural e permanente e reduzir o desperdício em toda a cadeia de alimentos”. Além disso, pretende que ninguém passe fome no Brasil até 2030 e, para 2040, que todos no país estejam bem alimentadas.

Segundo os organizadores, a atuação será feita por meio da articulação, da inteligência estratégica e do reconhecimento de boas práticas para construir pontes entre a sociedade civil organizada, o setor privado e o governo.

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