Com a colheita quase completa no Estado, chuvas e temporais geram desafios para produtores de soja

Foto: Álvaro Rezende / Governo MS
Foto: Álvaro Rezende / Governo MS

Mesmo com as precipitações, pesquisa aponta que há 2 milhões de hectares enfrentando estresse hídrico

Com um cenário favorável para a colheita de soja, temporais podem se tornam intempéries para produtores rurais que não terminaram suas colheitas. Segundo a última pesquisa sobre a colheita de soja em Mato Grosso do Sul, monitorada pelo SIGA/MS mostrou que já foram colhidos 86,6% da área plantada no Estado, o que equivale a cerca de 3,8 milhões de hectares. No entanto, a avaliação indica que aproximadamente 2,2 milhões de hectares estão enfrentando estresse hídrico, o que representa 51% da área cultivada. A região sul é a que mais avançou na colheita, com 89,8% do trabalho concluído, seguida pela região central com 85,4% e pela região norte, que completou 75,2%.

Mesmo com os avanços na colheita, produtores rurais deverão enfrentar mais desafios voltados a questão climática além da seca. A previsão do clima da semana aponta que neste sábado (29), o dia começara com sol e as pancadas de chuva se concentram entre tarde/noite em todo o estado de Mato Grosso do Sul. Destaque para a previsão de chuva forte e até mesmo condição para temporais. Domingo (30) e Segunda-feira (31) também serão marcados com clima chuvoso e probabilidade de temporais.

O coordenador de Agricultura da Semadesc, Fernando Nascimento explica que por mais que haja fortes chuvas para os próximos dias, com a colheita quase finalizada pouco produtores deverão ser afetados. “A colheita da soja está praticamente finalizada, com cerca de 90 % da área colhida. Portanto, nessa fase chuvas fortes atrasam as colheitas, mas não chegam a inviabilizá-las porque logo o sol retorna e a temperatura tem se mantido muito elevada, assim em dois ou três dias é possível voltar a colheita”.

Fernando ressalta que os agricultores que não completaram a colheita deverão se preocupar com as condições climáticas caso as chuvas venham a se tornam temporais e percorram por alguns dias no Estado. “O problema maior se dá quando os temporais ocorrem com acompanhados de vendavais. Quando as chuvas se mantêm por vários dias, aí então as perdas são inevitáveis. Mas, não foi o caso dos últimos temporais ocorridos em Mato Grosso do Sul”.

Em relação as mudanças climáticas, o economista Eduardo Matos, afirma que mesmo com a melhora da produção da soja em Mato Grosso Sul nesse ciclo produtivo da soja, em comparação com os anos de 2023 a 2024, ainda as previsões apontam para uma produção e uma produtividade inferior do que Mato Grosso Sul já se mostrou capaz de realizar. “Isso se deve, logicamente fatores que não é possível manipular ou controlar, em especial para fatores climáticos. No ano passado nós tivemos calores extremos seguidos de uma forte estiagem e isso fez inclusive com que a colheita de soja fosse adiantada. E com a colheita antes do prazo, vemos uma produtividade bem menor, mesmo com altas tecnologias aplicadas ao cultivo da soja”.

Sobre esta reta final da colheita, Eduardo acredita que o clima chuvoso poderá ser prejudicial aos produtores que não conseguirem concluir suas colheitas a tempo, com danos tanto à qualidade quanto à quantidade da soja. “Neste ano, o fator climático tem se comportado de forma diferente em relação ao ciclo anterior. Agora, estamos enfrentando fortes chuvas durante a reta final da colheita, o que resulta em excesso de umidade e poderá comprometer a produtividade. Quando há queda na produtividade, o produtor acaba tendo um faturamento menor por hectare, ou seja, embora os custos e os esforços no plantio e cultivo sejam os mesmos, na colheita e na venda, o retorno é reduzido”. De acordo com o economista, quando ocorre escassez de produto no mercado ou um desequilíbrio entre oferta e demanda devido a instabilidades climáticas, com a demanda se mantendo constante e a oferta reduzida, o mercado se ajusta por meio do preço. Nesse cenário, a tendência é que o preço do produto aumente, refletindo a necessidade de equilibrar essa diferença.

Desenvolvimento no Estado

Atualmente, todas as regiões do estado estão passando por um desenvolvimento fenológico reprodutivo ativo. No norte, nordeste e oeste, as condições são predominantemente boas, variando entre 85,9% e 69,0%. As condições regulares nessas áreas ficam entre 8,6% e 22,1%, enquanto as condições ruins podem chegar a até 15,9%.

Por outro lado, nas regiões sudeste, centro, sudoeste, sul-fronteira e sul, as condições não estão tão favoráveis quanto nas outras. Nesses lugares, algumas lavouras apresentam até 48,1% em condições ruins. As condições regulares variam de 18,6% a 48,3%, e as boas condições ficam entre 19,5% e 52,2%.

Por João Buchara

 

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