Após onda de calor e queda de energia em 11 bairros de MS, Energisa anuncia Plano de Contingência

plano energisa
Foto: Berlim Caldeirão

Na manhã desta quinta-feira (28) a Energisa, concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica em Mato Grosso do Sul, realizou um workshop para a imprensa, na sede da empresa, onde apresentou o plano contingência “El Niño”.

El Niño é um fenômeno meteorológico que deixa a atmosfera mais quente devido ao aquecimento anormal das águas do Oceano Pacifico, o que o conecta a outros fenômenos naturais, piorando questões relacionadas ao aquecimento global. No Brasil, o El Niño tem forte influência, provocando excesso de chuvas nas regiões Sudeste e Sul, e secas em outras, como nas regiões Norte e Nordeste.

Desde o dia 17 de setembro uma onda de calor atinge todas as regiões do Brasil e, Mato Grosso do Sul, não ficou de fora. Nos últimos dias, várias cidades do estado ocuparam as primeiras posições do ranking das cidades que registraram as maiores temperaturas do Brasil, com termômetros marcando mais de 40 °C e sensação térmica beirando os 50 °C.

O calorão fora do normal, além de causar prejuízos à saúde, também aumenta o consumo de energia elétrica, com a utilização simultânea de ventiladores e ares-condicionados, por exemplo, o que pode provocar sobrecarga no sistema de fornecimento de energia elétrica.

Na última segunda-feira (26), 11 bairros de três cidades de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, Dourados e Corumbá, tiveram problemas com o fornecimento. De acordo com a concessionária, a causa das quedas seria o aumento no consumo da eletricidade, em torno de 11%, devido à onda de calor que afetou Mato Grosso do Sul. Nos primeiros 25 dias do mês de setembro foram registradas 74 ocorrências com reflexos no sistema elétrico, o que representa, em média, 2,2 mil clientes interrompidos, o que resultaria em 88 clientes afetados por dia.

A Energisa anunciou que possui um Plano de Contingência para as quedas de energia no Estado. Conforme o gerente de operações da empresa, Helier Fioravante, há um planejamento ao longo do ano, com ações de antecipação e ampliação de malha logística de materiais, antecipação de treinamento de colaboradores, revisões de processos e simulações de contingência em tempo real, para testar o sistema e garantir que tudo esteja funcionando perfeitamente.

“O planejamento é feito para suportar chuvas, tempestades e ondas de calor. Em relação à onda de calor, a Energisa já tinha se antecipado e trocado transformadores e equipamentos que já sinalizavam situações, evitando caos em momentos como esse. É importante destacar que não tivemos nenhum município desabastecido devido à onda de calor, tivemos situações pontuais”, disse.

Outro ponto importante é o aumento do consumo de energia elétrica residencial durante períodos de calor intenso, como ocorre atualmente. O coordenador comercial da Energisa, Jonas Ortiz, pontua que entre os dias 21 e 26 de setembro, foram registrados três recordes de consumo, todos no período noturno, por volta das 22h, horário que segundo o gerente comercial, é o período de maior utilização dos clientes residenciais, principalmente pelo uso de ar-condicionado. “Nosso objetivo é que o cliente consiga fazer o consumo consciente, em que o valor da fatura caiba em seu orçamento familiar”.

Conforme a Energisa, foram substituídos, até o momento, 212 transformadores de distribuição e em 343 pontos foram realizadas reformas, substituição de cabos entre outras atividades.

O Presidente da Energisa, Marcelo Vinhais, comenta que há possibilidade de que o clima piore ao longo da primavera. “Estamos em alerta, com relação às perspectivas da severidade climática para MS nesse período de primavera/verão. A expectativa é que o El Nino será agressivo, provocando mais ondas de calor e tempestades severas. Precisamos fazer um trabalho conjunto com a população para superar esses desafios.”

Além disso, Vinhais explica que o Estado possui o agravante das descargas atmosféricas, o que afeta o fornecimento de energia elétrica, juntamente com os ventos. “Quase 90% dos defeitos que acontecem na energia elétrica do Mato Grosso do Sul são ocasionados por objetos estranhos na rede. Então, temos um ambiente extremamente desafiador no que tange o fornecimento de energia elétrica”.

Interrupção no fornecimento

O presidente destacou que o crescimento dos bairros gera uma expansão de carga, com a instalação de mais equipamentos elétricos e troca de disjuntores. “Quando a gente projeta uma rede elétrica, projetamos baseado no consumo e na potência instalada nas casas dos consumidores”.

Vinhais explica que a concessionária de energia projeta a rede elétrica da região com base na potência instalada na casa de cada consumidor. Caso o consumidor introduza novos aparelhos elétricos que irão utilizar uma maior quantidade de energia, o disjuntor da residência poderá apresentar falhas, pois não é preparado para receber esta nova potência elétrica.

“Você tem cinco ar-condicionados instalados na sua casa, mas em determinada época você não os usa. Mas se a gente [Energisa] sabe que esses ar-condicionados existem, projetamos a rede por essa quantidade. O consumidor precisa informar a Energisa caso seja necessária a substituição do disjuntor, porque caso não seja informado, não temos como capturar essa nova potência”.

Ele ainda reitera que a empresa está inspecionando todas as unidades consumidoras dos transformadores. “Se não houvesse essa falha, de substituir os disjuntores e não comunicar a Energisa, possivelmente não teríamos nenhum desligamento”, finaliza.

Aumento das temperaturas

O meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), Vinícius Sperling, explicou que é considerada uma onda de calor, quando a temperatura aumente em no mínimo 5 °C e esse aumento permanece por mais de cinco dias consecutivos.

Sabemos que em Mato Grosso do Sul, outubro costuma ser o mês mais quente do ano. Somando com o El Niño, que tende a deixar as temperaturas mais quentes que o normal, esperamos que em outubro sejam registradas temperaturas acima da média, próximas ou até mesmo passando dos 40 °C.

Colaborou a repórter Carolina Rampi.

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