Indicada para mulheres gestantes de 6 meses, ela foi aprovada pela Anvisa e passou a ser distribuída na última semana
Disponível apenas na rede particular de imunização, começou a chegar nas clínicas de Campo Grande a vacina Abrysvo, contra o VSR (vírus sincicial respiratório), principal agente causador de bronquiolite em bebês de até seis meses. Do laboratório estadunidense Pfizer, ela foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e está sendo comercializada, por aqui, com preços que variam de R$ 1,6 mil a R$ 2 mil.
O imunizante é indicado para mulheres grávidas, com idade gestacional de 24 a 36 semanas, para ter resposta imune contra infecções respiratórias causadas por VSR nos bebês até 6 meses de idade. Dos quatro laboratórios pesquisados pela reportagem do O Estado MS, todos exigiram prescrição médica, conforme explica o pediatra há mais de 40 anos e proprietário da clínica Imunitá , Alberto Jorge Félix. “Se a pessoa tem alguma comorbidade ou se está em uma gestação de alto risco, precisamos avaliar caso a caso para decidir se ela pode ou não tomar essas vacinas. Mas, de maneira geral, a vacina é extremamente segura”, detalha.
O imunizante Abrysvo oferece proteção de 82% a bebês de até três meses de idade contra infecções graves. A proteção cai para 69% entre três e seis meses de idade, nível que ainda é considerado bom para impedir a infecção com hospitalização. “O recém-nascido, até seis meses de vida, fica protegido por uma imunização passiva de anticorpos que passaram da mãe para o feto intraútero, protegendo-o nos primeiros meses de vida, quando a bronquiolite costuma ser mais grave, já que o vírus sincicial respiratório é o principal causador da bronquiolite”.
Ainda, o pediatra comenta sobre imunizante Arexvy recém-lançado e disponível na Capital, voltado ao público 60+. “O Arexvy, para os idosos, é dose única, com validade de pelo menos dois anos, o que é muito bom. Ela protege contra o vírus sincicial respiratório, que pode causar repercussões importantes em pessoas dessa faixa etária”, salienta.
Em entrevista para a Folha de S. Paulo, a diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro, explicou que as mães, ao receberem a vacina, passam os anticorpos pela placenta, “fortalecendo o organismo do bebê, cujo sistema imunológico ainda está em desenvolvimento. Essa estratégia representa um grande avanço na proteção contra o VSR, um vírus capaz de impactar profundamente as famílias”.
Por esse “valor agregado”, estilo dois em um, a tabela de preços chegou tão alta nas clínicas de imunização. Em uma pesquisada, localizada no Carandá Bosque, quem tem plano de saúde pode pagar R$ 1.799 parcelados no cartão de crédito, R$ 1.620 à vista e fora dos planos chega a R$ 1.978.
Outros três estabelecimentos foram consultados e a média está a mesma, sendo a dose mais cara a R$ 2 mil. Independente da escola, a recomendação é a mesma: reservar a vacina, pois chegam poucas unidades e a procura está alta. “Se quiser deixar reservada a vacina assim que organizar o cartão para realizar a aplicação depois, é uma opção! Pois vamos receber poucas doses, como é uma vacina nova, a procura está bem intensa”, recomendou uma das atendentes.
O laboratório afirma que “solicitou à Conitec [Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde], em julho, a inclusão de Abrysvo no Programa Nacional de Imunizações, para aplicação nos postos de saúde. Neste momento, esse pedido está sob análise do Ministério da Saúde”.
Além das vacinas, existem dois anticorpos monoclonais aprovados contra a infecção no Brasil: o Synagis (palivizumabe) ou o Beyforus (nirsevimabe). O primeiro já está disponível no SUS para bebês com maior risco para formas graves da infecção. O nirsevimabe, também indicado para os pequenos, não está acessível de forma gratuita.
No Mato Grosso do Sul, conforme o último boletim epidemiológico da SES (Secretaria Estadual de Saúde), do último dia 23, dos 6,3 mil casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) registrados em 2024, 978 pacientes estavam infectados com VSR, o que representa 25,2% de todos os agentes etiológicos detectados.
Por Kamila Alcântara e Ana Cavalcante