Com baixo repasse dos planos de saúde, pediatras migram para consultórios particulares

Foto: Berlim Caldeirão
Foto: Berlim Caldeirão

Em Campo Grande, famílias aguardam até dois meses para agendar uma consulta para os filhos

Nos últimos dias, alguns usuários de planos de saúde, principalmente pais e mães que buscam atendimentos para os filhos, têm reclamado da dificuldade em marcar consultas pediátricas. Segundo uma mãe, que preferiu não se identificar, a justificativa é que diversos médicos estão deixando de atender os convênios pelo baixo valor que lhes são repassados e estão migrando para consultórios próprios.

Esse foi o caso de uma mãe que conversou com o jornal O Estado. Diante da necessidade de atendimento, foi preciso recorrer ao pronto atendimento, mesmo pagando R$ 300 pelo plano. “Eu precisei levar no pronto-socorro semana passada porque não achei pediatra, o que acaba sendo um risco, porque precisei levar minha filha em um local com várias crianças doentes. Só tenho conseguido agendar consultas para datas distantes com o convênio, mas, se fosse particular, com certeza conseguiria antes”, disse.

 Ela ainda acrescentou o descaso dos convênios quando se tratam de atendimentos não emergenciais. “A orientação que sempre temos dos hospitais é para priorizar as consultas quando não for caso de emergência, para evitar a superlotação dos prontos socorros, mas, se continuar assim, daqui alguns dias, o convênio vai servir só para emergências para não morrer mesmo, porque, de resto, está um descaso”, explicou.

Tatiana Correa é de Sidrolândia e veio para a Capital buscar atendimento pediátrico para sua filha de 6 meses e, apesar de considerar o atendimento de emergência de qualidade, a empresária afirmou que já enfrentou demora para marcar consultas. “Eu acredito que seja pela alta demanda de crianças para poucos pediatras realizando atendimento, principalmente agora que estamos nessa fase de vários vírus respiratórios”, contou.

Para o jornal O Estado, a Dra. Maria Maldonado, ex-presidente da AMMS (Associação Médica de Mato Grosso do Sul), destacou que os profissionais estão optando por abrir consultórios próprios. “Vejo, realmente, que vários pediatras abrem consultório somente para consultas particulares, não atendem convênios. Hoje, os pediatras têm muitas frentes, tais como, plantão em hospitais em CTI, berçários, enfermarias, pronto atendimento, UPAs e ambulatórios. O que acaba pulverizando os atendimentos”, destacou. 

Uma pediatra, que preferiu não se identificar, também confirmou a mudança no modelo de atendimento. “É natural que, todo pediatra que busque oferecer uma qualidade melhor de atendimento mude, pois o baixo repasse faz com que ele se desvincule dos planos médicos. Em média, precisamos atender, no plano, quatro crianças, para receber o valor de uma consulta particular”, citou.

Por Tamires Santana – Jornal O Estado do MS.

Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse também as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *