Anvisa aprova novo medicamento para Alzheimer em estágio inicial no Brasil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Tratamento com donanemabe demonstrou reduzir progressão da doença em estudo com mais de 1.700 pessoas

Um novo medicamento que atua diretamente nas alterações cerebrais causadas pelo Alzheimer foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Trata-se do Kisunla, nome comercial do donanemabe, indicado para casos leves da doença e que demonstrou, em testes clínicos, capacidade de retardar o avanço dos sintomas.

A substância ativa do medicamento é um anticorpo monoclonal projetado para se ligar a placas de beta-amiloide — proteínas que se acumulam no cérebro e estão associadas ao processo degenerativo típico da doença. “Na doença de Alzheimer, aglomerados de proteína beta-amiloide formam placas no cérebro. O donanemabe atua ligando-se a esses aglomerados e reduzindo-os, retardando assim a progressão da doença”, explicou a Anvisa em nota.

A aprovação foi baseada em um estudo que acompanhou 1.736 pacientes diagnosticados com Alzheimer em fase inicial. O grupo foi dividido entre os que receberam donanemabe e os que tomaram placebo. Durante o tratamento, as primeiras três doses foram de 700 miligramas a cada quatro semanas; depois, a dose passou para 1.400 miligramas no mesmo intervalo, por até 72 semanas.

A agência destacou que “na semana 76 do estudo, os pacientes tratados com donanemabe apresentaram progressão clínica menor e estatisticamente significativa na doença de Alzheimer em comparação aos pacientes tratados com placebo”.

Apesar dos benefícios observados, o remédio tem contraindicações importantes. A Anvisa desaconselha o uso em pessoas que utilizam anticoagulantes, como a varfarina, ou que tenham sido diagnosticadas com angiopatia amiloide cerebral por ressonância magnética. “Os riscos nesses pacientes […] são considerados maiores que os benefícios”, ressaltou a agência.

Entre os efeitos adversos mais relatados estão reações relacionadas à infusão, como febre, dores de cabeça e sintomas gripais. A Anvisa garantiu que vai manter a vigilância sobre o uso do medicamento no Brasil. “Como acontece com qualquer medicamento, a Anvisa irá monitorar a segurança e a efetividade do donanemabe sob rigorosa análise”, afirmou. Um plano de minimização de riscos foi aprovado junto com o registro.

A doença de Alzheimer é descrita pelo Ministério da Saúde como um transtorno neurodegenerativo progressivo que compromete a memória, a linguagem, o raciocínio e outras funções cerebrais. “A causa ainda é desconhecida, mas acredita-se que seja geneticamente determinada. A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade, sendo responsável por mais da metade dos casos de demência nessa população”, afirma o ministério.

O sistema público de saúde oferece tratamento gratuito por meio de centros de referência, com abordagem multidisciplinar e acesso a medicamentos que podem retardar a evolução dos sintomas. “Os cuidados dedicados às pessoas com Alzheimer, porém, devem ocorrer em tempo integral”, orienta a pasta, destacando a importância do papel de cuidadores, familiares e profissionais fora do ambiente hospitalar para garantir qualidade de vida ao paciente.

A aprovação do Kisunla representa mais uma opção de tratamento no país, especialmente para os casos detectados precocemente — fase em que as intervenções têm maior potencial de eficácia.

 

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