36,9% dos brasileiros com mais de 50 anos possuem dores crônicas, aponta Ministério da Saúde

Foto: Freepik
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As dores crônicas tornaram-se uma realidade significativa para 36,9% dos brasileiros com mais de 50 anos, revela o mais recente Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos (ELSI-Brasil), financiado pelo Ministério da Saúde. Dentre esses, 30% recorrem ao uso de opioides para lidar com o problema, indicando um cenário complexo e desafiador que impacta a qualidade de vida dessa parcela da população.

Os dados preliminares do estudo destacam que a dor crônica afeta predominantemente mulheres, pessoas de baixa renda e aqueles com diagnóstico para artrite, dor nas costas/coluna, sintomas depressivos, além de histórico de quedas e hospitalizações.

Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que amplia o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes com dor crônica. Essa medida visa proporcionar um suporte mais abrangente e efetivo, reconhecendo a necessidade de cuidados específicos diante desse desafio de saúde.

Para a coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa na Atenção Primária, Lígia Gualberto, os números são preocupantes. Ela enfatiza a importância de adotar hábitos saudáveis desde cedo para evitar dores ao longo do processo de envelhecimento. A prática regular de atividades físicas, por exemplo, é fundamental para prevenir o declínio da massa muscular, que está diretamente relacionado a prejuízos na mobilidade em idades avançadas e ao contexto de dor crônica.

A pesquisadora Fernanda Lima-Costa, da Fiocruz/UFMG, alerta para o aumento do risco de efeitos adversos associados ao uso de opioides, mesmo quando prescritos. O Brasil já apresenta uma alta prevalência no uso desses medicamentos, sendo necessário um olhar mais atento à vigilância e qualificação da atenção à saúde.

Segundo a revista científica The Lancet, a dor, em suas diversas manifestações, afeta a percepção geral de saúde e está associada a sintomas depressivos e à baixa qualidade de vida. Além disso, a dor impacta na produtividade e na exclusão da força de trabalho, sendo ainda mais grave entre aqueles com baixo nível socioeconômico e que trabalham em setores específicos.

O uso de opioides, considerado uma preocupação para os médicos, foi associado a altos níveis de transtornos e casos de overdose em países como os Estados Unidos e Canadá, onde o uso prescrito desses medicamentos é elevado. Relatos indicam que, em 2020, mais de 68 mil mortes nos EUA ocorreram por overdose desses fármacos, evidenciando uma epidemia que se agrava ao longo das últimas décadas.

A lei sancionada por Lula da Silva determina que pessoas com Síndrome de Fibromialgia, Fadiga Crônica, Síndrome Complexa de Dor Regional e doenças correlatas terão atendimento integral pelo SUS. A medida inclui assistência multidisciplinar, exames complementares, assistência farmacêutica e acesso a modalidades terapêuticas, como fisioterapia e atividade física.

Em 2023, o Ministério da Saúde destinou R$ 870 milhões para custear equipes multiprofissionais na atenção primária, visando preencher lacunas de assistência e melhorar o atendimento a pessoas com dor crônica. A importância do financiamento nesse contexto é destacada, considerando a desassistência vivenciada, principalmente em regiões mais vulneráveis do país.

O Guia de Cuidados para a Pessoa Idosa do Ministério da Saúde reforça a importância do envelhecimento saudável, baseado em experiências e estilos de vida ao longo do tempo. A prática do autocuidado, incluindo atividade física, alimentação saudável e atenção à saúde mental, é essencial. A manutenção de relações sociais, participação em atividades coletivas e autocuidado ao longo da vida são fundamentais para promover o bem-estar geral em idades mais avançadas.

Com informações de Catarina Lima e Laísa Queiroz
Ministério da Saúde

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