Zeca relembra cunho social, industrialização e salários em dia no período de sua gestão

Luciana Nassar/ALEMS
Luciana Nassar/ALEMS

Mato Grosso do Sul comemorou, nessa quarta-feira (11), 46 anos de criação. O Estado, que até então fazia parte de Mato Grosso, foi criado em 11 de outubro de 1977, por meio da lei complementar nº31, assinada pelo presidente da República, general Ernesto Geisel. Com o passar dos anos, o Estado cresceu e se desenvolveu junto com a sua população que, de acordo com o último Censo, é composta por 2.756.700 pessoas. Para falar de sua evolução vamos voltar há 24 anos, quando assumiu, pela primeira vez, o governo do Estado, o bancário José Orcírio Miranda dos Santos, conhecido como Zeca do PT (Partido dos Trabalhadores).

Zeca se elegeu governador em 1998 e foi reeleito em 2002. No governo, implantou uma série de programas e projetos que, segundo o PT, transformaram o Estado, como por exemplo: o Fundo de Investimento Social, que permitiu que o governo criasse os programas sociais Bolsa Escola, Segurança Alimentar, o Fundo de Investimento do Esporte e o Fundo de Investimento Cultural, que transformaram o Mato Grosso do Sul junto com as ações na área da habitação, saúde e educação. Na época, o então governador criou também o restaurante popular, que oferecia refeições à população por R$ 1.  “Eu ganhei as eleições porque o povo do Mato Grosso do Sul estava desacreditado das elites políticas que governaram durante 20 anos. O Estado estava falido financeiramente, moralmente e administrativamente.

Um Estado que não passava os recursos devidos dos Poderes, não pagava o salário em dia, muito menos um salário digno aos seus servidores. Um Estado que não investia em infraestrutura, que não tinha nenhuma política de inclusão social para dar o mínimo de assistência e dignidade para sua gente mais simples”, relembra o ex-governador e atual deputado estadual Zeca do PT.

Segundo ele, naquela época, o Estado não tinha nenhum projeto de desenvolvimento e industrialização, que se contentava com a fama de ser o Estado do boi e da soja. “Esse foi o Estado que eu recebi, arrasado. Por essas razões, o povo decidiu dar um basta e acreditar numa alternativa que, eu diria, quase impossível, pelo Estado ser conservador como o nosso é. Acreditar num projeto liderado pelo PT e por um ex-sindicalista”, afirmou.

Para mudar a realidade recebida, o então governador resolveu arrumar a casa, começando com a moralização da máquina de arrecadação. “Em dezembro de 1998, o Estado arrecadou, de ICMS, no mês de dezembro, portanto, no último mês do governo anterior, R$ 45 milhões de ICMS. Três meses depois à posse, o Estado arrecadava em torno de R$ 100 milhões por mês de ICMS. Ou seja, a arrecadação começou a aparecer na medida em que nós começamos a bloquear os ralos, por onde desaparecia o dinheiro público, fruto da contribuição dos cidadãos, por meio de impostos e, particularmente, do ICMS”, disse.

Salários em dia

A próxima medida, segundo Zeca, foi colocar os salários dos servidores em dia. “Primeiro ano do nosso governo nós pagamos 17 folhas. Ou seja, as 12 normais mais quatro folhas, além do 13º. Colocamos o salário em dia e a partir do segundo ano começamos a rever o plano de cargos e salário dos servidores públicos, de forma que ao final dos oito nos de governo, a educação e a saúde, por exemplo, recebiam os melhores salários do Brasil. Por outro lado, começamos a trabalhar com a ideia de trazer investimentos, o que me levou aos EUA, com o apoio do então presidente Lula, trazendo de lá a Internacional Paper, a maior fábrica de papel e celulose, maior indústria do mundo e a implantamos em Três Lagoas, dando início ao que é hoje o grande polo de papel e de celulose do Brasil, na região do Bolsão de Mato Grosso do Sul”, pontuou.

Fundersul

As condições precárias das estradas, na época, motivaram a criação do Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário de Mato Grosso do Sul). Na avaliação de Zeca, o órgão é imprescindível para o Estado. “Para dar repostas ao problema das condições precaríssimas das nossas estradas, criamos o Fundersul, que hoje arrecada, aproximadamente, um bilhão e meio e que nenhum outro governador, depois de mim, que falava de acabar com o Fundersul, acabou. E, ninguém mais vai acabar, porque é fundamental para a infraestrutura do Estado.”

Foram destaque, também no mandato do PT, as ações sociais, como exemplo, o ex-governador cita a criação do FIS (Fundo de Investimento Social), que protegeu, com os programas Bolsa Escola e Segurança Alimentar, em torno de 100 mil famílias. O programa habitacional Cherogami, que significa, em português, “Minha Casinha”, que construiu 40 mil casas no Estado e o Fundo de Investimento na Cultura e no Esporte, que permitiu a realização do Festival América do Sul em Corumbá e o Festival de Inverno de Bonito, que permanece até os dias atuais.

Esporte e lazer

O ex-governador também destacou o investimento em esporte e lazer com foco em concluir obras inacabadas. “Estavam inacabados o Complexo Jaques da Luz e o Complexo Ayrton Senna, nas Moreninhas e no Aero Racho. Além do Parque das Nações Indígenas, que também estavam inacabados. Concluímos também o Hospital Regional, o Fórum de Campo Grande, o Palácio das Nações Indígenas, o anfiteatro Helena Meirelles, entre outros.”

Junto dessas ações, a administração estadual focou, ainda, no investimento do desenvolvimento e modernização da Capital. “Por outro lado, começamos também a criar programas para permitir que os servidores públicos tivessem uma qualidade de vida melhor e criamos a Cassems. Até então, funcionava o Previsul, que o funcionário chegava para ser atendido e encontrava uma placa, que dizia ‘servidores públicos, não atendemos pelo Previsul, porque não paga os médicos’. E, criamos a Cassems, que hoje é modelo para o Brasil”, disse Zeca.

Para o benefício direto da população, o ex-governador relembrou a construção de 12 Hospitais no Estado e a modernização da Segurança Pública. “A partir daí, o Estado começou a se desenvolver. Entregamos um Estado em pé, com inclusão social, modernização da infraestrutura, com recursos em caixa, com agroindustrialização e começamos a projetar grandes programas, como, por exemplo, a tão sonhada saída para o Pacífico, se começou a ventilar mais firmemente durante meus oito anos de governo, que era um projeto dos meus irmãos, já falecidos, e que ninguém acreditava. Hoje, todo mundo se coloca como dono, como mentor da ideia. É aquela velha história, quando o filho é bonito, todo mundo quer ser o pai”, afirmou.

Ainda falta inclusão social

Apesar de todo o desenvolvimento que o Estado teve no seu governo e nos anos seguintes, Zeca acredita que ainda falta um olhar mais profundo na inclusão social. “Como as elites não acreditam em proteger os mais pobres, eles desprezam programas de proteção à situação de miserabilidade que grande parte do nosso povo vive. Na nossa época, tínhamos um programa chamado Segurança Alimentar, que era uma cesta de 40 kg de comida de primeira qualidade, distribuída mensal e religiosamente, para todas as comunidades indígenas, todas as famílias quilombolas, todas as famílias acampadas na luta pela reforma agrária e as famílias em situação de risco ou vulnerabilidade, nas 79 cidades do Estado. Chegamos a ter algo como 80 mil famílias atendidas, que tinham, como contrapartida do programa, que colocar as crianças nas escolas e as mães e os pais participarem de cursos de qualificação profissional”, disse.

Para Zeca, o maior legado de sua gestão foi ter melhorado a vida da população mais carente. “Quando nós assumimos existia um grande debate que uma parcela significativa do Estado fazia, era de que a divisão não tinha dado certo e que era melhor reanexar com Mato Grosso ou buscar uma anexação com SP, Goiás, ou qualquer outro Estado. O povo ia embora por falta de perspectiva. A elite, que durante 20 anos se revezou no poder, só tinha uma pretensão: ter o controle do caixa do Estado. Não existia nenhuma preocupação com o desenvolvimento, era motivo de euforia dizer que aqui era a terra do boi, da soja. Se era terra do boi, da soja, não era terra do povo, principalmente do mais pobre, que viva miseravelmente. Nosso legado foi ter incorporado, no vocabulário do Estado, inclusão social, cidadania e dignidade para todo mundo”, finalizou.

Por Daniela Lacerda

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