Senadores travam sabatinas para influenciar Lula com novo PGR

Manobra é vista para Alcolumbre participar de discussões sobre sucessão.|Foto:Jefferson Rudy/Agência Senado
Manobra é vista para Alcolumbre participar de discussões sobre sucessão.|Foto:Jefferson Rudy/Agência Senado

O Senado tem segurado a aprovação de indicados para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e para órgãos que atuam com o Judiciário e o Ministério Público.

A demora tem sido encarada como uma forma de os senadores– especialmente o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), – tentarem influenciar na escolha de Lula (PT) para a sucessão de Augusto Aras na PGR (Procuradoria-Geral da República). A PGR é atualmente ocupada interinamente pela subprocuradora Elizeta Ramos.

Alcolumbre e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), jantaram com alguns dos indicados, há cerca de duas semanas, na casa do senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo.

Segundo relatos, o próprio Alcolumbre afirmou que gostaria de aguardar a escolha de um procurador-geral da República para agendar todas as sabatinas das indicações pendentes de uma só vez.

A saga do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça também tem sido lembrada nos bastidores. Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2021, ele esperou cerca de cinco meses para ser sabatinado pela CCJ. À época, aliados de Alcolumbre queriam que Aras fosse indicado para o Supremo, e não Mendonça.

Com os sinais de que Lula não deve tratar da situação do procurador-geral com urgência, a expectativa é a de que ao menos as sabatinas dos indicados ao STJ sejam pautadas em conjunto até o próximo mês;

Segundo a coluna Mônica Bergamo, da “Folha”, Lula não se empolgou com os nomes dos procuradores que lhe foram apresentados, e pode protelar indefinidamente a indicação.

Desde agosto, o petista já indicou três nomes para o STJ, a partir de listas construídas pela corte: primeiro, ele escolheu a advogada Daniela Teixeira, do Distrito Federal, e depois os desembargadores Afrânio Vilela, de Minas Gerais, e Teodoro Santos, do Ceará.

Para que sejam empossados como ministros, os três devem ser sabatinados pela CCJ do Senado e aprovados pelo colegiado e pelo plenário. Alcolumbre, de acordo com pessoas que estavam no jantar, disse que não via problemas na aprovação do trio.

Composto por 33 ministros, o STJ está com 30 integrantes atualmente. Neste mês, uma quarta vaga será aberta na corte com a aposentadoria da ministra Laurita Vaz.

 

CNJ e Defensoria

Outras sabatinas também aguardam a decisão de Alcolumbre, como as indicações da Câmara para conselheiros do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do CNMP (Conselho Nacional do MinistérioPúblico).

Para o CNJ, a Câmara aprovou em agosto o nome da chefe de gabinete do ministro do STF, Dias Toffoli, Daiane Nogueira de Lira.

No mesmo dia, o advogado Edvaldo Nilo foi aprovado para uma vaga no CNMP – uma escolha que trouxe questionamentos por ele ter desembolsado R$ 1 milhão em doações para candidatos ao Legislativo em 2022.

Outro caso que chama atenção é o da DPU (Defensoria Pública da União). Em maio, Lula indicou Igor Roque para o comando da instituição. O presidente optou por Roque em vez de manter o nome selecionado por Bolsonaro em novembro passado, Daniel Macedo.

Roque foi sabatinado e aprovado pela CCJ em julho, mas ainda depende da aprovação do plenário do Senado. Reservadamente, senadores da base aliada temem que ele não seja aprovado diante da resistência criada por bolsonaristas.

A demora na aprovação de nomes para órgãos que atuam no sistema de Justiça brasileiro aprofunda a crise que o Congresso tem enfrentado com o Judiciário nos últimos meses.

 

Por Folhapress

Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *