“Sempre me espelhei no meu avô Pedro Pedrossian”

Foto: Arquivo/O Estado Online
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Neto do ex-governador quer encabeçar pautas de reforma tributária e desenvolvimento econômico em Mato Grosso do Sul após ter experiência como secretário municipal de Finanças

Por: Rayani Santa Cruz e Alberto Gonçalves

Ex-secretário municipal de Finanças, Pedro Pedrossian Neto defende que é possível na política resgatar o passado sem deixar de planejar o futuro. Como pré-candidato a deputado estadual, quer emplacar pautas de reforma tributária, desburocratização de incentivos fiscais e desenvolvimento econômico em Mato Grosso do Sul.

Pedrossian Neto (PSD) busca, ao disputar a eleição de 2022, trazer as memórias do legado do avô, o ex-governador Pedro Pedrossian, resgatando o “pedrismo” antigo.

“Faço campanha que vai mostrar a minha biografia, trajetória, serviços prestados, além de discursos, os projetos que vão fazer diferença em MS, e que podem provar a eficiência. Conheço a gestão pública e sei o que pode ser feito. E quero também fazer um resgate desse eleitor antigo, desse pedrismo’ antigo e de quem tem saudade do governo do meu avô. Tenho condições de resgatar isso, e vou elaborar projetos que vão olhar para o passado e o futuro”, disse Neto.

A experiência na Prefeitura de Campo Grande marca a trajetória. Nos últimos cinco anos e quatro meses teve de enfrentar momentos difíceis, de crise financeira e até mesmo política, por conta do coronavírus.

“Foram anos tormentosos, anos em que superamos as dificuldades por conta de governos passados em que havíamos enfrentado uma recessão brutal, impeachment e a pior pandemia do último século. E mesmo com isso entregamos uma Campo Grande melhor. Então, com esse conjunto de trabalhos prestados, de feitos, eu coloco o meu nome à disposição para todo Mato Grosso do Sul, e para todos os 79 municípios. Eu quero fazer política para transformar, eu acredito que a política perde o sentido se a gente não trabalhar para a transformação da sociedade”, acredita Neto.

Ele diz que no Legislativo poderá rever leis que já existem e melhorar programas desburocratizando diversos setores importantes ao desenvolvimento da região. Para o ex-secretário o grande vilão da tributação é justamente o ICMS, e ele se posiciona a favor de simplificação.

“Hoje esse é um dos principais problemas para o empresariado. Ora, se você tem problemas de multiplicidade de alíquotas, você tem base de cálculo em que o tributo incide sobre ele próprio e gera problema de cascata, você não consegue fazer aproveitamento de crédito. Então, são todos esses temas que tornam impossível a vida do contribuinte em cima do Fisco estadual”, diz Neto.

O Estado: Primeira vez disputando cargo eletivo. Por que da decisão?
Pedrossian Neto: Olha é um sonho de ter uma contribuição na área pública há muito tempo. Sempre me espelhei no meu avô Pedro Pedrossian, e desde muito menino quis seguir os passos dele. Apresento uma candidatura pensada, preparada e madura. Busquei durante esse período trilhar uma certa trajetória que me permitisse colocar meu nome à disposição em um projeto coerente com Mato Grosso do Sul. Saí de Campo Grande com 13 anos e fui morar em São Paulo. Lá eu fiquei até os meus 33 anos, entrei no mercado de trabalho onde antes fiz graduação na PUC de São Paulo, mestrado em Economia Política e fui professor universitário desde os 27 anos. Trabalhei na Federação das Indústrias de SP e tive a oportunidade de trabalhar fora do país apresentando projetos.

Voltei para o meu Estado, e trabalhei um ano como secretário adjunto da [deputada] Tereza Cristina na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado em 2014. E nos últimos cinco anos e quatro meses fui secretário de Finanças, ajudando o Marquinhos [Trad] em um dos momentos mais difíceis, de crise financeira e até mesmo política de Campo Grande. Foram anos tormentosos, anos em que superamos as dificuldades por conta de governos passados em que havíamos enfrentado uma recessão brutal, impeachment e a pior pandemia do último século.

E mesmo com isso entregamos uma Campo Grande melhor. Então, com esse conjunto de trabalhos prestados, de feitos, eu coloco o meu nome à disposição para todo Mato Grosso do Sul, e para todos os 79 municípios. Eu quero fazer política para transformar, eu acredito que a política perde o sentido se a gente não trabalhar para a transformação da sociedade.

Temos de ter uma luta pelo desenvolvimento econômico, pelo desenvolvimento social, e trabalhar com a emancipação da nossa sociedade. Emancipação da pobreza, contra as vulnerabilidades que acometem uma série de segmentos da sociedade e eu quero ser um parlamentar que possa sentir a dor do sul-mato-grossense, que possa captar as aspirações de mudança da nossa sociedade e apontar caminhos. Seja para a retomada do desenvolvimento econômico, seja para um Poder Público que possa olhar sobretudo para aquele que é mais pequenino e aquele que precisa da mão do Estado.

O Estado: Qual o tamanho da influência e de poder do nome que você carrega, já que seu avô é um dos mais conhecidos na política de MS?
Pedrossian Neto: O último governo dele foi em 1994, e eu estava aqui ainda, mas era muito pequeno. Eu sou de 1981 e tinha 13 anos. Então, não vivi esse governo porque não era adulto e estava entrando na adolescência. O que serviu para mim é que esse nome “Pedro Pedrossian” na realidade é um conjunto de ideais com relação a Mato Grosso do Sul. Quando o Estado foi dividido, pensava-se em um Estado modelo e ideal; e hoje eu vejo que isso foi esquecido. Nós precisamos voltar a pensar no desenvolvimento de Mato Grosso do Sul, seja como uma obra da envergadura que o Pedro Pedrossian trouxe, como a construção de três universidades: a atual UFMS, a Universidade Federal de Cuiabá e a UEMS espalhadas em 15 campi.

Veja a dimensão do projeto de alguém que sonhou em um Estado com rodovias, do Apa até o Aporé, alguém que pensou no sistema de abastecimento de água de Campo Grande para os próximos 50 anos. E não são só as obras em si, é o espírito de uma geração apontando o futuro de MS e acho que devemos voltar a sonhar com este Estado. Eu costumo dizer que o “nosso país é o MS” e nós precisamos fazer com que este país se descole dos problemas nacionais.

Se você olhar as estatísticas de crescimento econômico do nosso país nos últimos dez anos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), você vai ver que temos um país que estagnou. E MS precisa se descolar dessa agenda. Precisamos retomar o crescimento econômico, temos de industrializar o Estado, retomar essa agenda de desenvolvimento na agropecuária, no agronegócio. Temos de ter vertentes na agricultura familiar, conseguir gerar emprego e renda, temos de ativar uma ferrovia que funcionou por mais de cem anos e que liga Corumbá até o Atlântico em Santos-SP.

Precisamos voltar a fazer a proteção social em vários segmentos. Cuidar dos idosos, das crianças, cuidar das mulheres vítimas de violência e das crianças vítimas de violência sexual. É um conjunto de coisas que precisamos fazer, e não pensando só nos próximos quatro anos, mas para a próxima geração.

O Estado: Você fala em industrialização. Não fica um tanto complicado falar nesse tema em um Estado movido pelo agronegócio?
Pedrossian Neto: Não há receio nisso. MS pode ter múltiplas vertentes de desenvolvimento e ele tem várias vocações. Por exemplo, temos o agro, e estamos avançando muito com o agro exportador, o agro da grande produção, com avanço da soja e do milho consorciados, avanço da pecuária integrada com a lavoura e a floresta. E isso tudo está crescendo e tem espaço grande. Temos uma agricultura familiar que precisa ser fortalecida. E a industrialização é uma agenda nova no Estado, e que tem muita chance de crescer. Se pegar o exemplo de Três Lagoas com a fábrica de celulose, agora Ribas do Rio Pardo. Temos uma mineração de ferro e estamos transportando por caminhão, e sem ferrovia, arrebentando a BR-262.
Então, o que temos de fazer? Temos de industrializar esse minério de ferro e fabricar, podemos fazer lingotes de ferro e trabalhar agregando valor. A soja podemos exportar a ração animal, e vamos poder fabricar produtos derivados da soja. O milho nós podemos priorizar e fazer o etanol e todos os seus subprodutos, ou fazer a ração para nossos animais daqui e exportar a proteína. Tem toda uma agenda de agregação de valor do agronegócio que vai intensificando a própria cadeia para a industrialização. Outro exemplo é o couro, que no passado não era industrializado. Começamos a salgar o couro, depois o wet-blue, o couro acabado, e depois inúmeras coisas para a indústria automotiva e tudo mais. Tudo isso ocorre fora de MS, e nós temos de industrializar. Essa agenda não concorre com o agro e sim ajuda o agronegócio.

O Estado: Como vai atuar, para que isso tudo aconteça no Estado?
Pedrossian Neto: Independentemente de nomes, temos de ter compromisso com MS. Eu não busco um cargo, eu busco um projeto no qual tenho uma visão do Estado, e uma visão de desenvolvimento à sociedade. Esta é a agenda que eu quero levar para a Assembleia Legislativa, que tem atribuições diferentes das do Executivo.
Compete ao Legislativo fiscalizar o Executivo e fazer a defesa de interesses republicanos da sociedad, e elaborar projetos de leis e marcos jurídicos que permitam as coisas acontecerem. Quando falamos em industrialização, podemos colaborar mexendo e democratizando o incentivo fiscal, que não pode ser só para o grande. Tem de ser para micro, pequeno e médio.

O Estado: Como deverá agir para levar as ideias ao Executivo?
Pedrossian Neto: O que eu não posso fazer como Legislativo é fazer redução de impostos, que vai implicar em renúncia de receitas. Não posso criar leis que obriguem a aumento de despesas, isso não pode. Mas nós podemos melhorar os instrumentos da política fiscal e tributária desde que isso não traga perda de receitas. Por exemplo, se nós pudermos reformar a lei do MS Empreendedor e tornar mais clara sobre a concessão e os benefícios, desburocratizar esses incentivos fiscais e tornar automático, isso implica ao Legislativo e não está vedado. Pelo contrário, é o papel fazer esse tipo de coisa.

Temos uma agenda da reforma tributária, que é uma agenda nacional e vem sendo negligenciada pelas duas casas do Legislativo e pelo Executivo. Não há uma proposta vinda do governo federal. E o grande vilão da tributação é justamente o ICMS, que é o principal tributo que vem atingindo os empresários. Nós podemos fazer essa agenda de simplificação do ICMS.

Ora, se você tem problemas de multiplicidade de alíquotas, você tem base de cálculo em que o tributo incide sobre ele próprio e gera problema de cascata. Então, são todos esses temas que tornam impossível a vida do contribuinte em cima do Fisco estadual. Eu quero ser um deputado estadual que vai encabeçar os temas de reforma tributária para destravar o Estado e gerar desenvolvimento econômico. É possível fazer.

O Estado: Como você vai lidar com o número de votos necessários para formar o cociente eleitoral?
Pedrossian Neto: O cociente eleitoral é entre 55 mil e 60 mil votos. Na realidade, dentro do partido não há expectativas de que uma pessoa vá fazer esse número de votos. Nós temos uma chapa de pessoas que vão somar, e aqueles que estiverem nas melhores posições, que serão os mais votados, irão entrando na fila.

Dentro disso, calcula-se que entre 30 mil votos permitem sonhar com essa cadeira. Mas tudo isso depende da sua votação, da chapa, do desempenho da majoritária, que vai influenciar para o bem ou para o mal.

Faço campanha que vai mostrar a minha biografia, trajetória, serviços prestados, além de discursos, os projetos que vão fazer diferença em MS, e que podem provar a eficiência. Conheço a gestão pública e sei o que pode ser feito.
E quero também fazer um resgate desse eleitor antigo desse “pedrismo” antigo e de quem tem saudade do governo do meu avô. Tenho condições de resgatar isso, e vou elaborar projetos que vão olhar para o passado e o futuro.

O Estado: Como está o andamento da pré-campanha?
Pedrossian Neto: Já estou viajando na pré-campanha e vou passar por mais de 40 cidades. Naturalmente Campo Grande é o início de tudo porque resido aqui, mas vou passar pelo interior porque um deputado tem de ser para os 79 municípios. Quero utilizar esse mandato para que seja um instrumento da Capital e dos outros municípios.

O Estado: Sobre a questão presidencial, o Lula se aproxima do Gilberto Kassab. O senhor apoiaria qual candidato à Presidência?
Pedrossian Neto: Eu não fico com o Lula. O nosso partido vai decidir. Mas no espectro ideológico eu vou mais ao centro e na direita. Tenho valores ligados ao livre mercado, ao desenvolvimento. Acredito que temos de fazer a defesa do desenvolvimento econômico e de um lado a proteção da propriedade privada, e também uma inclusão social por meio do orçamento público. Eu teria dificuldade e não acredito que o PSD ficaria com Lula.

O Estado: A Simone Tebet seria um bom nome?
Pedrossian Neto: Não sei. O nosso país ao meu ver chama-se: Mato Grosso do Sul. E precisamos discutir questões regionais. Estou com Marquinhos Trad, que é a pessoa que me deu oportunidades desde o começo, e acreditou no meu trabalho. Ele confiou a um menino de 35 anos uma secretaria complexa e eu devo esta lealdade a ele

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