Dois membros de acampamento prestaram depoimento, na comissão
O deputado Rodolfo Nogueira (PL) relacionou condição análoga ao trabalho escravo com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), durante audiência pública da CPI do MST, ontem (30). Nogueira conversou com uma convidada, que fez parte de um acampamento e relacionou más condições de vida de pessoas que participam do movimento. Ele destacou que o produtor rural é multado e preso, quando flagrado com trabalhadores nessas condições e que o mesmo não ocorre com participantes do grupo.
O bolsonarista diz que visitou um acampamento e que viu situação de falta de higiene e condições básicas de saneamento. “Fomos em diligências, em áreas de acampamentos. Fui em propriedade que era produtora de milho, soja e mandioca. Vi um abandono, cenário de destruição daquela propriedade. A gente sabe que, dentro dessa visita, fora toda a destruição de patrimônio, vimos duas coisas que me deixaram triste e chocado. Uma foi o barracão da fazenda, que foi transformado em centro de doutrinação ideológica, talvez até expondo crianças. E, de outro lado, situação deplorável de condição humana, que as pessoas ficam sem acesso ao mínimo de higiene e água potável.” Ele afirma que o produtor do agronegócio é multado e preso quando um trabalhador é pego em situação análoga à escravidão, mas que isso não ocorre em acampamentos do MST. “Se um produtor rural é preso pela prática de trabalho escravo, esses líderes de movimento também têm que ser presos.”
Ele perguntou a uma convidada, chamada Neucilene Reis, que inclusive já deu entrevista na revista “Veja” sobre o tempo em que foi acampada e indagou se ela tinha sofrido alguma pressão, retaliação, ou ameaças pelo MST, quando soube que iria depor. Em resposta, ela disse que não. Ele perguntou aindaqual foi o primeiro contato com o MST e Neucilene respondeu que foi convidada por um amigo que faz parte do acampamento 8 de Março há alguns anos. Ela e o marido foram para o acampamento porque queriam um pedaço de chão para plantar.
Rodolfo perguntou se foi feita alguma exigência do MST à família e a convidada disseque somente documentos pessoais para fazer a inscrição. Ele perguntou se tinham que pagar pelo lote ou pelo barraco, e ela afirmou que nenhum valor foi pedido. Sobre a rotina no acampamento, ela afirmou que haviam grupos separados para cuidar de setores como massa, finanças e educação, com vários líderes.
Sobre a estrutura do acampamento, ela disse que era precária, que pegava água de uma chácara, ao lado. E energia elétrica também foi fornecida por essa chácara.
Questionada se sentia estar em um trabalho escravo, ela disse que sim, que trabalhava no mercado e como porteira, no acampamento. “Ficava das 8h às 17h. Ficava por volta de 8 horas trabalhando e não recebíamos nada.”
Além disso, a depoente diz que ela e o marido sentiram-se um alvo. “Sim. Fomos ameaçados. Eles queriam colocar a gente para fora. A gente foi falar com a líder e ela disse que só falaria com a gente no plenário e foi aí que nos tiraram à força, de lá”, afirmou ela que também declarou que sentiu medo de morrer. Neucilene não soube falar sobrenomes de lideranças e citou apenas alguns primeiros nomes, que se lembrou. Ela finalizou revelando também que os acampamentos do MST saíram do local e que ela e demais pessoas ficaram e montaram uma associação chamada de Produtores Rota do Cavalo, que ainda ocupa a área. Após a saída do casal, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-RS) informou que eles respondem a dois processos de agressão no acampamento, que o local continua a ser trancado e que Neucilene passou a ser coordenadora da associação, receber taxas e fixar comércio.
Por Rayani Santa Cruz – Jornal O Estado do MS.
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