‘O tempo vai mostrar que nós estávamos corretos’, diz Braga Netto

braga netto

O ex-ministro da Casa Civil defende que o fortalecimento da direita passa pelas eleições municipais

O general Braga Netto, candidato a vice- -presidente na chapa de Jair Bolsonaro, em 2022, será responsável por organizar o PL em nível nacional. A vinda ao Mato Grosso do Sul está relacionada às candidaturas para as eleições de 2024 em Campo Grande e Dourados, e preparar o terreno para a chegada de Michele e do ex-presidente Bolsonaro ao Estado. “O partido vai fazer pesquisas e, onde nós observarmos que existe outro partido que comunga dos mesmos valores e que está melhor, nós vamos conversar para compor. O importante, para nós, é que os valores da direita, no fim, saiam vencedores”, afirmou, em entrevista ao jornal O Estado.

Na visão de Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil, o fortalecimento da direita no país passa pelas eleições municipais, que ficaram enfraquecidas com a inelegibilidade de Bolsonaro.

“Não existe motivo para aquela inelegibilidade do Bolsonaro. Aquilo foi um caso montado… Eu acho que o Bolsonaro continua politicamente muito forte. Na minha visão, não vão conseguir apagar essa potência que é o Bolsonaro, porque ele criou um sistema de valores. Ele acordou uma direita que antigamente tinha vergonha de se apresentar. Ele fez isso renascer no Brasil”, defendeu. “O tempo vai mostrar que nós estávamos corretos. Nós deixamos o Brasil com o melhor presidente de Banco Central do mundo, o melhor ministro da economia do mundo e tudo é economia”, completou.

Ocupando o cargo de secretário nacional de Relações Institucionais do partido, Braga Netto despistou sobre sucessão de Bolsonaro e descartou a possibilidade de ser o candidato à Presidência da República. “Se eu não estou definindo nem o prefeito e vereador ano que vem, eu não vou arriscar para 2026. Nossas prioridades, hoje, são prefeito e vereador, para formar uma base para que, em 2026, nós tenhamos também deputados, senadores e, logicamente, a própria Presidência da República”, argumentou.

O Estado: O senhor tem percorrido o Brasil. Qual o objetivo dessas visitas e o balanço de como está o PL, nacionalmente?

Braga Netto: O PL, hoje, é o maior partido do Brasil e a nossa intenção de visitar os Estados é exatamente para fortalecer o partido, criando, nos integrantes, naquelas pessoas simpatizantes, um sentimento de pertencimento. É importante, porque as pessoas normalmente se filiavam aos partidos e ficavam: ‘Ah, sou filiado e nada acontece’. Hoje, nós temos ferramentas para fazer com que essa pessoa possa interagir conosco. Então, um dos motivos é esse. O outro é exatamente dentro dessa ideia de fortalecimento, para trazer a mensagem aqui, fortalecer a posição do presidente do PL no Estado, que é, no caso, o deputado federal Marcos Pollon, e o deputado federal, que é o Rodolfo (Nogueira). Mostrar que todos estão unidos.

E quando o partido é forte, todos saem ganhando. Acima do partido ainda estão os valores que defendemos. Então, não necessariamente nós ficamos somente em cima do PL. Nos interessa todos que comungam dos mesmos valores. Aquilo que todo mundo já fala sem parar porque o próprio Bolsonaro repetia: Deus, pátria, família e agora a liberdade.

O Estado: Dentro dessa prioridade, pode-se afirmar que o partido deve lançar candidatos na Capital e também nos principais colégios eleitorais de MS?

Braga Netto: A intenção do partido é a seguinte: vamos tentar lançar candidatos em todas as cidades brasileiras, pois em todo lugar nós queremos ter candidatos. O partido vai fazer pesquisas e onde nós observarmos que existe outro partido que comunga dos mesmos valores e que está melhor, nós vamos conversar para compor. Tanto o presidente Valdemar (da Costa Neto) como o presidente Bolsonaro já falaram: vamos fazer uma pesquisa, se o outro candidato estiver melhor e tiver condições, pudermos compor, nós vamos compor. O importante, para nós, é que os valores da direita, no fim, saiam vencedores.

O Estado: O senhor mantém reuniões com Tereza Cristina sobre a situação política de MS. Ela será ouvida, nas tomadas de decisões?

Braga Netto: Antes de vir para cá, eu visitei Tereza Cristina. Ela foi ministra junto comigo, fez um trabalho excepcional no Ministério da Agricultura. Eu faço assim, normalmente eu vou uma vez por semana ao Congresso e visito os parlamentares. Quando eu vou viajar para algum Estado, eu converso com eles. Eu não visito, às vezes, a liderança do partido aliado, mas eu visito sempre o governador ou vice, independente do partido. Quanto à questão dos municípios, procuro conhecer as lideranças das Câmara dos Vereadores, das Assembleias Legislativas e representantes do PL Mulher.

A mulher, para nós, é muito importante, porque ela trabalha pelas causas. Então, é interessante conversarmos… nós temos que trabalhar o nome da dona Michelle (Bolsonaro), por ela ter feito um trabalho excepcional. Eu venho, normalmente, sempre numa segunda-feira porque os parlamentares, tanto estaduais como federais, estão no local. Eu já estive em Santa Catarina, em Minas, São Paulo, Rio de Janeiro, e neles todos, praticamente, eu falei com a maioria dos deputados estaduais e dos deputados federais, além de vários vereadores, também.

O Estado: O senhor tem acompanhado a política local? Teremos candidaturas em Campo Grande e Dourados.

Braga Netto: O PL já decidiu que ele só vai definir as candidaturas, particularmente nessas duas grandes cidades, Campo Grande e Dourados, em janeiro ou fevereiro. Ainda está cedo para falarmos em candidatura. Só em 2024 que vamos definir quem vamos apoiar ou colocar como candidato.

O Estado: No começo do ano, o senhor acredita que já estará definido…

Braga Netto: Estamos acompanhando. Eu converso, estamos acompanhando a política local, sim. Eu falo com a Tereza, com o deputado Pollon, tenho me mantido informado. Eu morei aqui, em MS. Converso com os conhecidos que eu ainda tenho, em Campo Grande, a gente vai se informando, mas ainda não vamos definir, por enquanto.

O Estado: O partido pretende cumprir todas as cotas?

Braga Netto: O PL Mulher, com a presidente em nível nacional, a dona Michelle, tem presidentes estaduais em todos os Estados e ela está visitando todos eles. Não pretendemos cumprir a cota. Nós queremos que a mulher, realmente, se puder, ultrapasse a cota, que ela participe da política, porque a mulher se move por causas. Então, nos interessa a mulher, não é só botá-la para cumprir a cota. Nós temos uma ferramenta que vai nos fornecer a pessoa que estiver montando a chapa em determinado município, quais as mulheres que estão filiadas ao PL naquele município, se elas têm interesse de participar da política. Aí, caberá ao dirigente local trazer e conversar com elas.

O Estado: Na última vez que o senhor esteve aqui, em Campo Grande, estava em campanha. De lá para cá, muita coisa mudou. Inclusive o andamento de um processo que buscou tirar os seus direitos políticos e tornou o ex-presidente Bolsonaro inelegível até 2030. Como avalia o quadro político hoje?

Braga Netto: Não existe motivo para aquela inelegibilidade do Bolsonaro. Aquilo foi um caso montado… Eu acho que o Bolsonaro continua politicamente muito forte. Na minha visão, não vão conseguir apagar essa potência que é o Bolsonaro, porque ele criou um sistema de valores. Ele acordou uma direita que, antigamente, tinha vergonha de se apresentar. Ele fez isso renascer no Brasil.

O Estado: O que faltou para a vitória, em 2022?

Braga Netto: Foi uma situação que nós não entendemos muito bem, porque houve uma série de cerceamentos que nos prejudicaram. Não vou falar de urna, mas uma série de decisões que tivemos que cumprir. O que está acontecendo é que deixamos superávit fiscal, deixamos uma série de condições. Nós demos independência para os municípios sem fazer peso no governo central. Não prejudicou em nada o nosso orçamento. Eu dou R$ 15 milhões para uma cidade pequena no interior de Mato Grosso aqui, o prefeito não sabe nem como vai gastar. Para o governo, R$ 15 milhões não é nada. Hoje, estamos vendo a situação dos municípios, particularmente no Nordeste, já querendo parar porque não estão recebendo fundo de participação dos municípios. Então, o que eu vejo é isso. O tempo vai mostrar que nós estávamos corretos. Nós deixamos o Brasil com o melhor presidente de Banco Central do mundo, o melhor ministro da economia do mundo e tudo é economia.

O Estado: Há possibilidade de o presidente não concorrer em 2026?

Braga Netto: Se eu não estou definindo nem o prefeito e vereador ano que vem, eu não vou arriscar para 2026. Nossas prioridades, hoje, são prefeito e vereador, para formar uma base, para que em 2026 nós tenhamos, também, deputados, senadores e, logicamente, a própria Presidência da República.

Por Laureano Secundo e Bruno Arce.

Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *