“Não ouvimos nenhum barulho”, diz vizinho de professor encontrado morto

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

A morte de Roberto Figueiredo, de 68 anos, registrada na madrugada desta sexta-feira (13), despertou comoção em todo o Estado, especialmente entre aqueles que conviveram e reconhecem a importância de sua contribuição à educação, à cultura e à preservação do patrimônio histórico de Mato Grosso do Sul.

Delegado Guilherme Sarian – Foto: Nilson Figueiredo

Na manhã desta sexta-feira, Guilherme Sarian, delegado da Defurv (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Furtos e Roubos de Veículos) disse em entrevista coletiva, que a polícia está no início das investigações e que, no momento, não há informações concretas sobre possíveis suspeitos e motivação do crime.

O delegado disse ainda que imagens de câmeras de segurança da região estão sendo coletadas para ajudar na identificação do(s) autor(es) do crime, que está sendo investigado como latrocínio (roubo seguido de morte), pois, o veículo da vítima e objetos pessoais como documentos, celular e TV, foram levados.

A informação de que o veículo da vítima teria sido visto na região da avenida Gury Marques, por enquanto, não foi confirmada. “Iniciamos as investigações e ainda não sabemos a motivação do crime. Sabemos apenas que a vítima foi encontrada morta a facadas, em casa. Agora vamos trabalhar para apurar os fatos”, disse Sarian.

Um vizinho de Roberto que prefere não se identificar, disse que não ouviu nenhum barulho, nem movimentação estranha na casa do ex-superintentente de Cultura de Campo Grande, Roberto Figueiredo, encontrado morto na manhã desta sexta-feira (em) no bairro Altos do São Francisco, em Campo Grande. O gerente administrativo, de 30 anos, conta que por volta das 4h40, ele já estava acordado quando ouviu uma mulher gritando, pedindo ajuda.

“Quando saí de casa, ela já tava no portão, sendo amparada por alguns vizinhos, tentando entender o que aconteceu. A irmã dele disse que entrou no imóvel porque tinha o controle do portão e a chave da casa. Ela veio até aqui porque eles tinham uma viagem marcada para hoje, às 6h, e como ele não olhava o WhatsApp desde ontem de noite, ela veio ver se estava tudo bem.”

Foto: Nilson Figueiredo

O vizinho disse ainda que a última vez que notou movimentação na casa de Roberto, foi na noite de quarta-feira (11), quando viu um homem, aparentemente fazendo manutenção no telhado o no ar-condicionado, por volta das 21h. O que chamou a atenção, mas não a ponto de gerar preocupação, foi o horário em que o reparo estava sendo feito, mesmo assim ele chegou a pensar que que era o próprio dono da casa fazendo algum reparo.

O homem relatou ainda que Roberto parecia ser uma pessoa bem tranquila, não tinha costume de realizar festas em sua residência, por exemplo, e que desde que mora no bairro, se lembra de apenas uma ocasião onde o a vítima promoveu uma festa, mas bem tranquila, com poucas pessoas, há aproximadamente 15 dias.

Notas de pesar

A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul divulgou uma nota de pesar nas redes sociais, destacando o impacto do professor em várias áreas. Confira a nota na íntegra!

 

“É com imenso pesar que comunicamos o falecimento do professor Roberto Figueiredo, um nome de destaque na educação, cultura e preservação do patrimônio histórico de Mato Grosso do Sul.

Graduado em História, Roberto foi docente dedicado da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) desde 1982 e do Colégio Salesiano Dom Bosco de Campo Grande. Na UCDB, além de exercer seu papel como educador, coordenava a Área de Cultura e Arte da Pró-Reitoria de Pastoral e Assuntos Comunitários e dirigia com maestria o grupo teatral Senta que o Leão é Manso, marcando profundamente o cenário artístico local. Entre seus feitos notáveis, dirigiu a adaptação de Marcelo Picolli para o clássico de William Shakespeare, Sonhos de Uma Noite de Verão, reafirmando sua paixão pelo teatro e seu compromisso com a arte.

Roberto também foi membro atuante do Conselho de Patrimônio do Município e, como gerente de Patrimônio Histórico da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), foi responsável por importantes processos de preservação de diversos patrimônios históricos, deixando um legado de respeito às memórias culturais do estado.

Sua dedicação à educação, às artes e à valorização do patrimônio histórico inspirou gerações e será lembrada com profunda gratidão por todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e aprender com ele.

Neste momento o Governo de Mato Grosso do Sul, a Setesc e a Fundação de Cultura se solidarizam com os familiares, amigos e alunos do professor Roberto, que deixa saudades e uma trajetória exemplar a ser celebrada.”

A UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), onde Roberto Figueiredo era professor, também emitiu nota lamentando sua morte.

“A UCDB lamenta profundamente o falecimento do professor Roberto Figueiredo. Mais que um docente, Beto, foi e sempre será um verdadeiro ícone da Cultura e Arte da UCDB e do mundo.
Foram 39 anos de UCDB dedicados à docência, defesa e construção da cultura e arte em nosso campus e muito além daqui. Sob sua coordenação, milhares de acadêmicos se formaram no teatro, com o grupo Senta que o Leão é Manso, na dança, com o Ararazul, e na música, com os grupos de Corda, Aves Pantaneiras e Coral UCDB.

Roberto Figueiredo era um dos representantes docentes do Conselho Universitário (Consu) da UCDB. Em sua trajetória, foi presidente da Fundação de Cultura da Capital e ocupou a superintendência de Cultura em Campo Grande.

A UCDB se solidariza à mãe e aos irmãos, aos milhares de acadêmicos que foram seus alunos, aos colegas colaboradores docentes e administrativos e reforça que o legado deixado pelo nosso Beto será sempre lembrado.”

A Secturcg (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), onde Roberto Figueiredo foi superintendente, também prestou homenagem.

“A nossa homenagem de hoje é para o grande prof. Beto Figueiredo.

Roberto era docente da Universidade Católica Dom Bosco, membro do Conselho de Patrimônio do Município, foi diretor presidente da Fundac e Superintendente de Cultura da SECTUR. Sua vida profissional foi de intensa dedicação à cultura a frente de diversos projetos, como o grupo teatral Senta que o Leão é Manso, que apresentou nos dias 29 e 30 de novembro a peça “Ato de Sobrevivência” na Casa de Cultura.

Seu legado para a cultura campo-grandense ficará eternamente registrada.
Nosso muito Obrigado, Beto!”

 

 

Com informações da repórter Inez Nazira

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