Metade dos vereadores mudam de partido na Câmara da Capital

Na Câmara Municipal de Campo Grande vereadores passam a avaliar a importância e oportunidade de mudarem de partido em busca de uma legenda mais confortável em que possam disputar a reeleição ou seguirem adiante com seus projetos políticos. Um rápido levantamento constata que a metade deles podem chegar, no ano que vem, num partido diferente do que estão atualmente. A “dança das cadeiras” já começou, com o vereador Odilon Junior (PDT) anunciando que está a caminho de outro partido e renunciando a liderança da bancada que ocupava desde a eleição passada, e deve ganhar intensidade em março do ano que vem, quando se abre a “janela partidária” prazo em que os vereadores podem mudar de legenda sem risco de perder o mandato.

Nem todos, no entanto, estão dispostos a esperar por esse prazo, e tentam antecipar a decisão acreditando na máxima segundo a qual “quem chega primeiro bebe água limpa”. É o caso do vereador Eduardo Cury que pretende trocar o Solidariedade pelo DEM e quer fazê-lo o quanto antes, pois sabe que outros colegas também estão de olho na legenda. Tenta junto ao SD a garantia de que o partido não pedirá o seu mandato, caso antecipe a desfiliação.

Enquanto a resposta não vem, o vereador William Maksoud é outro que está pensando em trocar o seu PMN pelo DEM. “É uma legenda atrativa, mas temos que ter tranquilidade para decidir”, afirma ele, admitindo a troca de legenda. É também o caso dos vereadores do PTB, Junior Longo e Otávio Trad. Como o partido mudou de comando estadual, com a saída do senador Nelsinho Trad, que foi para o PSD, Longo passou a avaliar o convite que recebeu de setores do PSL, sem pressa para decidir, e Otavio pode seguir Nelsinho na direção do PSD.

A exemplo de Cury e Odilon Junior, o vereador André Salineiro também admite estar deixando o partido pelo qual se elegeu. Troca a plumagem de tucano e avalia mais de uma alternativa, entre elas o PSL onde estaria à vontade com seus colegas eleitores ligados à Segurança Pública. Vinicius Siqueira, único verador do Democratas, vê seu partido ser incluído no mapa de viagem de muitos colegas e, apesar do convite para ficar, está com um pé fora do DEM e outro no PSL, ainda que tenha que avaliar o risco de um eventual congestionamento nessa legenda, que o levaria a fazer outra opção, pois o DEM também pode ficar congestionado.

Há ainda outras mudanças em curso. A troca de comando estadual no PSB, por exemplo, faz com que o vereador Carlão se inclua entre os que podem mudar de legenda, com o PSD no radar. As crises internas no Partido Progressista, estimulam os vereados Cazuza (de olho no Solidariedade a partir da saída de Cury), Dharleng Campos e Valdir Gomes (convidado a ingressar no PSD do prefeito Marquinhos) a admitirem um outro caminho na eleição de 2020.

Num movimento típico da “dança das cadeiras”, o vereador Doutor Loestes, por exemplo, estaria estudando deixar o MDB enfraquecido, rumando para o PSL embalado pela “onda Bolsonaro”. Sua vaga, caso se abra, seria imediatamente pelo vereador Veterinário Francisco que não está exatamente à vontade no PSB de agora. Acrescenta-se na lista de possíveis mudanças o nome do vereador Fritz, que volta e meia cria áreas de atrito com o prefeito, mesmo estando filiado ao PSD.

Engenharia eleitoral

Todo esse conjunto de possíveis mudanças alcança a metade dos vereadores da Câmara. Nem todas devem se confirmar e outras podem acontecer a qualquer momento, pois o critério é sempre o da “engenharia eleitoral”, ou seja, a escolha da melhor legenda para a reeleição. Com o fim das coligações, a partir de agora é cada um por si em termos partidários. Por isso mesmo todos os vereadores têm que avaliar que posição ocupam em seus partidos e, a partir dessa conclusão, tomar a decisão de permanecer onde está ou buscar outro caminho.

Um partido muito fraco pode ser fatal, se não conseguir reunir candidatos que somados alcancem número suficiente para garantir ao menos uma vaga. Partido congestionado de vereadores e candidatos fortes, igualmente pode tornar a vida do candidato mais dificil, pois, obrigatoriamente teria que superar muitos bons adversários para ficar no topo da lista.

Por essa lógica, o mais confortável é buscar a reeleição em legendas de porte médio. Mesmo assim, a partir do fim da coligação, o que vai valer mais que tudo será sempre o desempenho individual do candidato. Fica menor o espaço para espertezas como reunir uma legião de micro-partidos para garantir a eleição de um vereador, muito menos votado que os suplentes de partidos maiores. (Guilherme Filho)

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