No “Roda Viva”, ministro disse: “Curitiba tem o germe do facismo”
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, em participação no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, criticou a atuação do ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro (União-PR), atual senador, e do ex-coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol (Podemos-PR), eleito deputado federal, por suas atuações, na operação. Para o decano, houve manipulação e atentado à democracia, durante a condução de ambos.
Gilmar Mendes foi questionado sobre o inquérito das fake news e os desdobramentos como, por exemplo, os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele apontou uma campanha difamatória contra o Judiciário. “Acho que vamos caminhar para o desfecho desse inquérito. Mas, veja, tivemos o 8 de janeiro – que não estava no nosso radar. E, de novo, precisamos de uma medida. Uma coisa não podemos esquecer, quando nasceu o inquérito das fake news. Uma das usinas de fake news, especialmente contra o Supremo Tribunal Federal, era o próprio Ministério Público”, disse o magistrado.
“Eu até disse que o Brasil, em algum momento, teve a democracia ameaçada e não era exatamente pelo Executivo. Depois, teve esse fenômeno do Executivo, por essa participação, mas por Curitiba. Se nós olharmos a manipulação que se fazia pela Polícia Federal, Receita Federal, investigações subliminares e coisas do tipo, isso era uma prática consolidada de [Sergio] Moro e Deltan Dallagnol e que ameaçava, claramente, a democracia”, declarou o ministro.
Dallagnol e Moro renunciaram definitivamente aos seus cargos no serviço público, para apostar em uma carreira política. O primeiro, ex-coordenador e porta-voz da Lava Jato, se afastou da operação após denúncias de excessos e da divulgação de mensagens suas com o ex-juiz. Sergio Moro, que agora é senador, largou a magistratura para se tornar ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Moro também está envolvido em outra polêmica relacionada ao ministro Gilmar Mendes. No fim do mês passado, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, apresentou ao STF um parecer apontando que o senador teria cometido o crime de calúnia contra o decano da Suprema Corte, ao sugerir que o magistrado pratica corrupção passiva. Na representação, o órgão também sugeriu que o parlamentar seja condenado e perca o mandato, caso a pena aplicada seja superior a quatro anos de prisão.
Sobre essa situação, Gilmar Medes comentou ontem (9), na “CNN”, que cabe a Moro dar explicações sobre venda de sentenças judiciais. Na entrevista, o magistrado comentou o vídeo que viralizou nas redes sociais, em que Moro aparece falando sobre “comprar um habeas corpus de Gilmar Mendes”.
“É uma solução muito fácil porque Tacla Duran diz, pelo menos, é o que está aí, em todas as entrevistas, que teria sido feito um depósito de US$ 5 milhões para o escritório da mulher do Moro. Basta abrir a conta e esclarecer essa dúvida. Portanto, quem tem que fazer explicações sobre venda de decisões é Moro.”
O ministro do STF disse ainda que não conversou com o senador depois do ocorrido. “Na verdade, nessa idade em que estou, com a experiência que eu acumulei, até os inimigos eu tenho que escolher. Eu tenho que escolher as brigas. Encaminhei o assunto ao Ministério Público, que houve por bem fazer uma queixa, uma denúncia contra ele.”
Retratação
O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), se retratou por associar Curitiba ao “germe do fascismo”. “Jamais quis ofender o povo curitibano. Não foi Curitiba o gérmen do fascismo”, escreveu o ministro nas redes sociais. Ele ainda explicou que se referia à “chamada ‘República de Curitiba”, composta pela operação Lava Jato e “os juízes responsáveis por ela, na capital paranaense”. Gilmar não chegou a pedir desculpas, mas afirmou que utilizou uma figura de linguagem que “merece explicação”.
Por Alberto Gonçalves – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.
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